Em pouco mais de uma semana, o Botafogo mostrou indícios de renascimento. Após o traumático fim de 2023, o clube, enfim, vive um ambiente mais leve, com as três vitórias em sequência. O período de mais prosperidade esportiva coincide com a ascensão de Fábio Matias, auxiliar permanente que assumiu o cargo de Tiago Nunes, treinador recém-demitido que não deixou saudade em General Severiano. Agora, com o retrospecto positivo, já aparecem comparações entre o atual interino e Cláudio Caçapa. O Jogada10, na sequência, enumera semelhanças e diferenças entre os dois personagens na história recente do Alvinegro.

Solução criativa e invencibilidade

Na metade de 2023, a SAF do Botafogo buscou, na França, Caçapa, então auxiliar do Lyon, para colocá-lo à frente da equipe carioca, no lugar de Luís Castro, que acabara de trocar o Mais Tradicional pelos petrodólares do Al-Nassr, da Arábia Saudita. O ex-zagueiro era uma incógnita como treinador naquele momento. No entanto, cumpriu, de forma brilhante, o papel de interino: quatro jogos, quatro triunfos, com 100% de aproveitamento (Vasco, Grêmio, Patronato e Red Bull Bragantino). Entregou, para Bruno Lage, um time disparado na liderança do Brasileirão.

Parte da torcida do Botafogo defendeu a permanência de Cláudio Caçapa – Foto: Vitor Silva/Botafogo

A SAF também enxerga Fábio Matias como um nome importante para a transição entre dois treinadores. Ex-Bragantino, o profissional teve passagens nas categorias de base do Flamengo, Grêmio e Internacional. Nas inferiores, conquistou títulos importantes, como a Copa São Paulo e o Campeonato Brasileiro Sub-20. No Botafogo, emplacou três vitórias (Audax, Aurora e Fluminense). Antes dele, aliás, o Glorioso não vencia um adversário da Série A há cinco meses.

Mesmo adversário e chave de ouro?

O Botafogo enfrenta o Bragantino, na quarta-feira (6), no Estádio Nilton Santos, no jogo de ida da terceira etapa eliminatória da Copa Libertadores. Quem avançar disputará a fase de grupos. Curiosamente, o Massa Bruta foi o último adversário superado por Caçapa. Por capricho do destino, Matias também tem a chance de fechar o seu ciclo no Glorioso com chave de ouro, sobre o mesmo rival. Afinal, a diretoria do clube busca um treinador, mas respalda o seu interino para a série decisiva que se avizinha.

Em pouco tempo, Fabio Matias mudou a cara do Botafogo em 2024 – Foto: Vitor Silva/Botafogo

“Encaro da mesma maneira com a qual encarei no ano passado, quando o Cláudio Caçapa fez um trabalho, e a gente teve bons resultados. Depois, chegou outro treinador e aí mudou um pouco. Estou feliz com o Matias. O grupo tem a confiança dele. São três jogos e três vitórias. Os resultados dizem. Sei que vão trazer alguém que vai fazer um grande trabalho”, sublinhou o lateral-esquerdo Marçal.

Estilos de jogo e cenários distantes

Caçapa bebeu da fonte Luís Castro e manteve o estilo de jogo do antecessor, principalmente atacando com transições letais. Em quatro compromissos, não sofreu gols e edificou seu curto trabalho a partir de uma defesa sólida e instransponível. Já Matias não teve um legado para aproveitar. Pelo contrário. O interino, que substituiu Lucio Flavio como auxiliar permanente, precisou ser mais autoral diante da herança turbulenta de Tiago Nunes. Neste sentido e em um contexto de crise, o desafio foi ainda maior. Além disso, pegou um elenco com mais carências.

Júnior Santos
Botafogo amassou Aurora e Fluminense – Foto: Vitor Silva/Botafogo

O novo Botafogo, todavia, desandou a marcar gols: 12 em três embates, com direito a goleadas sobre o Aurora (6 a 0) e Fluminense (4 a 2). Se, com Tiago Nunes, a fonte secava rápido a ponto de o time recuar e levar gols traumáticos, com Matias, a equipe mostra mais intensidade e apetite para seguir atacando. Desta vez, aliás, foi o Glorioso que marcou nos acréscimos.

Imediatismo x futuro

Em 2023, Caçapa deixou o Botafogo com fervorosos defensores de sua permanência. Matias, por sua vez, é funcionário do clube e estará, portanto, de prontidão quando o time precisar. Vai se cacifando para o futuro e pode, deste modo, ter uma jornada mais longeva nos profissionais. Ambos são sinônimos de liderança e contam com 100% da aprovação do grupo. O primeiro não deixou a peteca cair após a difícil saída de Castro. Já o segundo recuperou o ânimo de alguns jogadores e apaziguou os ânimos com a torcida.

“Temos que estar sempre nos lugares onde as pessoas nos valorizam. As oportunidades, no Brasil, são menores. O futebol é muito dinâmico. Estávamos na segunda equipe do Red Bull, com jogadores de 18 anos atuando num campeonato profissional. Hoje, estamos aqui hoje por uma escolha do (André) Mazzuco, do Alessandro (Brito), do (John) Textor e de pessoas que perceberam que temos coisas boas”, concluiu o atual interino alvinegro.

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