“O jogo ficou franco no segundo tempo, muito aberto, não é aquilo que nós queremos e nem aquilo que nós trabalhamos. Porém, esse foi o desenho da partida”. Essa foi uma das frases do técnico Dorival Júnior em sua coletiva na Fonte Nova ao avaliar Brasil 1×1 Uruguai, nesta terça (19), pelas Eliminatórias.
É verdade que o escrete Canarinho encerrou o jogo com cinco atacantes. Mas isso não solucionou a falta de gols. A simbiose, aliás, passou longe no setor, uma vez que se formou um amontoado de homens no campo ofensivo em um time desorganizado nesse quesito. Luiz Henrique, centralizado, por exemplo, não teve sequer a chance de passar perto do que apresentou na última Data Fifa.
Ora, se a Seleção não se preparou para uma realidade de jogo “mais aberto”, é claro que a comissão técnica tem sua parcela de culpa. Depois, sim, o Uruguai se fechou com sete cadeados. Em meio à má fase generalizada, não há como deixar de olhar para o comando.
Desse modo, confirmei algumas convicções. A iniciar pela realidade de que o trabalho do atual técnico definitivamente não está evoluindo, apesar de seu otimismo. E não é só porque o torcedor brasileiro “é resultadista”, conforme mencionou. Em campo, a competência é questionável e, assim, o quinto lugar ao fim da temporada nas Eliminatórias é um retrato fiel da Seleção no ciclo para 2026.
Entenda o desenho de Dorival
Dorival tem o desenho de equipe que ele pretende. A saber, ele abraça uma ideia de quatro defensores, um deles – geralmente o lateral-esquerdo – com maior poder de apoio. O da direita iniciando mais na linha da retaguarda para executar, eventualmente, uma ultrapassagem nas jogadas de linha de fundo, dois atletas centralizados na tentativa de dosar o ritmo e quatro homens de características ofensivas. Resta, porém, saber como será o encaixe de alguns jogadores que a Seleção tem a acrescentar.
O treinador se inclina por um desenho de jogo, mas para que logre êxito, estou certo de que ele precisará tomar providências quando o Brasil joga sem a bola e quando necessita criar espaços contra equipes na retranca. A escola brasileira, aliás, está desenhada: a imensa capacidade de formar atacantes, sendo a maioria com habilidades de ponta, agudos e em geral verticais, e a batalha árdua para produzir jogadores que saibam ditar ritmo.
No cenário atual, a Seleção evidencia grande dificuldade quando precisa dar uma pausa e controlar o ritmo do jogo, especialmente quando encara um adversário caracteristicamente fechado. Isso acarreta, portanto, em uma dificuldade de solucionar jogadas no terço final do campo.
Entretanto, o que mais causou preocupação – a exemplo do empate fora de casa diante da Venezuela -, é o quanto o setor defensivo sofre com isso. Ou ainda há dúvidas de que o time está desequilibrado defensivamente? Ainda na primeira etapa, quando o Brasil foi altamente dominante, a melhor chance foi do Uruguai.
Notoriamente a Seleção Brasileira não se sente confortável ao dar combate frente à área, por onde, aliás, saiu o gol celeste. Mas também é verdade que a Canarinho encontra enorme dificuldade para efetuar uma transição defensiva satisfatória. Não bastasse, o time ainda passa sufoco para controlar a bola em profundidade por conta de sua linha defensiva.
A explicação pode estar na busca por uma equipe vertical a todo momento, que acelera na direção do gol. O problema é que, quando perde a bola, a Seleção não está madura o suficiente para defender em alto nível.
Ainda assim, sabemos que a classificação para a Copa do Mundo virá. Naturalmente virá. Mas o futuro… ah, esse tal futuro ainda é temeroso. A começar pela guinada da gestão atual da CBF, dividida e em guerra permanente. O extracampo não cansa de se fazer presente nas quatro linhas…
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