Carlos Alberto Vieira

Flamengo contra o Racing e o que esperar do time no fim de temporada

Não dá para desconsiderar que o Flamengo era muito favorito no confronto contra o Racing. Embora o time argentino tenha muita camisa e seja um dos cinco gigantes do país, tratava-se de um duelo de uma equipe repleta de grandes jogadores contra um rival que é o lanterna de seu (fraco) grupo na Copa Maradona e que uma vitória no retorno da temporada dos Hermanos. Quer mais? O principal jogador, o atacante Lisandro Lopes, não faz gol há um ano. E o Flamengo perdeu.

Flamengo, muito ataque, pouco chute certo – Alexandre Vidal / Flamengo

Infelizmente foi uma eliminação anunciada. De novembro para cá, o Flamengo fez nove jogos. Tirando o primeiro tempo contra o Coritiba, o Flamengo não conseguiu fazer um bom jogo e ser eficaz ao mesmo tempo (marcando gols) em nenhum outro momento. Ou o time teve boa atuação sem bom resultado; ou teve alguma eficácia com desempenho discutível.

Contra o racing vimos erros gritantes:

1 – Gols perdidos – Chega a ser irritante. Desde aquele primeiro jogo pelo Brasileiro contra o Atlético-MG – em que o time perdeu por 1 a 0 e, quando estava 0 a 0, Bruno Henrique perdeu gol sem goleiro -, a torcida se acostumou a ver o time desperdiçar chances inacreditáveis. Contra o Racing houve duas oportunidades que Vitinho perdeu de forma absurda. Everton Ribeiro, Bruno Henrique e Isla também deixaram de marcar em lances claros. Um estudo mostra que o Flamengo é o segundo time que mais perde chances, em média, no Brasil. O inacreditável é o Coritiba superar o Flamengo nisso. Contra o Racing foram 19 finalizações para um gol.

2 – Substituição 1 – Rogério Ceni disse que vai arriscar algumas vezes em busca da vitória. Mas arriscar não é ousadia extrema. Quando Rodrigo Caio foi expulso, ele apostou numa esquema meio esquisito, só com Gustavo Henrique de zagueiro, com Willian Arão meio defensor meio volante. Na hora veio a sensação: vai dar errado. E no primeiro lance Arão não estava na cola de Sigali. Gustavo Henrique não se posicionou corretamente para rechaçar a bola. Gol.

3 – Substituição 2 – Mais uma para a conta de Ceni. A ousadia extrema virou loucura. Ceni já tinha tirado Arrascaeta e, para colocar o time mais ofensivo, entrou com Pedro. Ótimo. Mas….tirou Everton Ribeiro! Arrascaeta já tinha sido substituído e agora sairia o outro criador. Isso com Bruno Henrique bem apagado no segundo tempo e Vitinho, bem, Vitinho sendo o Vitinho. Qualquer justificativa que Ceni arranjasse na coletiva não colaria, mesmo se o Flamengo conseguisse a virada.

4- Vitinho – O cara é torcedor confesso do Flamengo. Boa praça, um bom reserva para jogar 10 minutos. Mas não para decidir. Desde a época de Botafogo sua pricipal característica era ter chute forte e, de vez em quando, fazer gol de fora da área. Mas já viram a sua média de gols? Rogério Ceni, quando jogava no gol do São Paulo, tinha números superiores de bola na rede. Pois bem, Vitinho virou o cara centralizado para decidir as jogadas.

5 – Gustavo Henrique – A posição do Gustavo Henrique é a mesma de Rodrigo Caio, pela direita. Jogando mais à esquerda cometeu pequenos erros. Mas dava para o gasto. Ao perder Rodrigo Caio expulso, o cara mais questionado da defesa virou o único zagueiro. Pressão demais. Levou um gol no primeiro lance de perigo após a expulsão. Perdeu a confiança, passou a atrasar bolas e a se posicionar mal. Isso com o Racing quase não atacando, apenas se fechando atrás. Sim, Gustavo Henrique deu um passe à Gerson Canhotinha para Isla perder um dos muitos gols. Mas fica a sensação de um lance fortuito.

O Flamengo de 2019 começou bem em 2020. Nos 12 primeiros jogos do time principal, ganhou 11 e empatou um. Ganhou dois canecos (três se quiserem considerar a Taça GB). Mas, com a chegada da pandemia, a coisa mudou. O time fez um fim de Carioca ruim, sendo campeão no sufoco (com gol de Vitinho). Em seguida, perdeu Jesus e passou a viver uma irregularidade incrível (goleia, é goleado), vive às voltas com lesões e exames positivos para a COVID-19 (mas aí vários times sofrem, não pode ser desculpa).

Não dá para cravar se com Jesus o Rubro-Negro seguiria voando. O futebol que já apresentava em junho não indicava isso, mas sim que o Flamengo vinha perdendo eficácia ofensiva. A isso se soma a queda da qualidade defensiva com a saída do excepcional Marí e, depois, Rafinha, um líder de grupo.
Ok. O Flamengo tem o tão falado melhor elenco do Brasil, mas isso é no papel. Em campo é eliminado da Copa do Brasil e da Libertadores jogando mal. O Flamengo do período Domènec e dos primeiros dias de Ceni é ineficaz e inseguro. Vai ter que tentar salvar o segundo semestre no Brasileiro. Começo a duvidar se conseguirá.

Carlos Alberto

Repórter, setorista da Seleção Brasileira, colunista e editor do Jornal dos Sports entre 1998 e 2000. Editor, colunista e editor executivo do LANCE! de 2000 a 2020, Editor-chefe do Jogada 10 desde 2020. É formado pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha-RJ) e participou de coberturas de 6 Copas do Mundo (4 como enviado, 1 como chefe de reportagem 1 como editor-chefe), 2 Copas Américas, 1 Eurocopa, 2 Mundias de Clubes, 1 Olimpíada e 6 Champions League.

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