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O Flamengo venceu o Goiás por 2 a 0. Não fez mais do que a obrigação. O mesmo ritual dos jogos anteriores. Troca de passes em excesso e pouquíssima objetividade. A diferença para jogos anteriores: o Maracanã, um adversário fraquíssimo, e um pênalti logo aos sete minutos – Edu em Ayrton Lucas – que Pedro converteu. Assim, facilitou o trabalho. Fosse o visitante um tiquinho de nada melhor e não teria perdido. Éverton Ribeiro fez 2 a 0 na etapa derradeira, insuficiente para diminuir a irritação. Vitória e futebol previsíveis. Para entusiasmar, a boa atuação de Bruno Henrique, mesmo fora de posição.

Flamengo vence o Goiás, mas irrita pela falta de objetividade – Buda Mendes/Getty Images

Pois vamos ao que interessa: mandar um breve aviso aos dirigentes rubro-negros. Afinal, o Rubro-Negro poderá viver situação inusitada: iniciar o mês de junho sem chance de disputar qualquer título. Com a terra arrasada pela catastrófica passagem de Vitor Pereira, e a sequência do estrago provocado pelo gênio lusitano, agora a cargo do folclórico Jorge Sampaoli, existe hoje a previsão de o clube da Gávea ser apenas mero participante do Brasileiro. O que, na prática, restará do pacote de glórias que 2023 prometeu. Detalhe: ainda serão necessários 45 pontos para escapar do rebaixamento.

Flamengo: oito competições em 2023. E não ganhará nada

Serão sete meses de prejuízos em todas as esferas. Notadamente, e eis o que há de maior importância para os cartolas, uma ameaça à continuidade de tais cidadãos, no poder. Ou seja, o Fla corre o risco de fechar 2023 sem conquistar nenhum dos oito títulos que disputou no ano. Oito: Taça Guanabara, Estadual, Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial.

Simples: o Rubro-Negro fará três jogos no Brasileiro até o fim de maio, contra Bahia, Corinthians e Cruzeiro. Entretanto, caso o Palmeiras – provável vencedor do campeonato – construa em breve uma diferença de 12 pontos, não será mais alcançado.
Na Copa do Brasil, o adversário é o Fluminense.  Se o Tricolor não chega, por enquanto, a ser essa maravilha da qual se fala, vive atualmente situação efetivamente superior aos times armados pelos tais técnicos intelectuais, com mestrado em filosofia, que os dirigentes rubro-negros contratam. Em um único jogo, com esses professores no comando, é até possível o Mengo ganhar. Mas, em dois, será impraticável. Na Libertadores se apresenta o cenário mais favorável – pelo menos por ora. Mas uma derrota para o modesto Ñublense, em Concepción, tornará a classificação para a próxima etapa dramática. Afinal, o time dependerá de resultados de outros times do grupo, cujos resultados são absolutamente irregulares.

Torcida passiva

O que mais impressiona, no momento, é a passividade da torcida, de forma geral, diante do comportamento dos dirigentes. Parece que como o clube ainda vive sob um período recente de vitórias, cujos protagonistas são basicamente os mesmos, resiste a idéia de que ocorrerá uma reviravolta esfuziante, como aconteceu no segundo período do ano passado.

O problema é que os equívocos têm sido muito freqüentes, na mesma proporção das decepções. E elas prosseguirão caso o conceito dos cartolas, que não se preocupam em esclarecê-lo ou justificá-lo, não sofram mudanças. Não, jamais houve, no passado, no presente – e no futuro também não surgirá – nada igual a Vitor Pereira, um fenômeno trágico que só o futebol permite. Mas a continuidade de cartolas que não admitem largar o osso, e seus treinadores – quem sabe convenientes – carregarão o próprio clube para situações que provocarão problemas desnecessários que levarão – embora por enquanto ainda pareça difícil – a arrancá-los do poder, do qual se julgam proprietários.

Será insuportável aturar sete meses de mera participação. Pior ainda: um autêntico rombo no orçamento de 2024, convivendo com a lembrança do Mundial desperdiçado diante de um clube da Arábia Saudita. E mais: a ausência na Libertadores, a impossibilidade de renegociar contratos com TV e patrocinadores, a queda na quantidade de sócios torcedores, a perda de status e prestígio internacional, e a ira geral interna, de gente graúda, que forçará a saída de todos que alimentam o desejo de continuar em seus cargos.

Enfim…

Ainda há tempo, pouco é claro: 15 dias para a vassourada geral. Assim, existe a esperança de algo provável – o pedido de demissão do professor doutor Sampa, caso o cínico tenha um mínino de vergonha na cara – e também dos que o contrataram. E a chegada de um pessoal que possa perceber a urgência de virar a chave.

Oremos, pois, cada qual para o seu santo preferido. Mas vamos lembrar, para encerrar, que sete meses de tédio poderão abrir espaço para os que sonham em ver a decadência completa de um dos três grandes esquadrões da história do Flamengo.

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