Flamengo surpreende e faz o melhor jogo na era Ceni

Que o técnico Rogério Ceni preparava uma surpresa não se tinha dúvidas. Afinal, o treinador nem divulgou com antecedência a lista do relacionados para o jogo com o Palmeiras. Mas quando a escalação saiu, nesta quinta-feira (21), por volta das 18h, uma hora antes de a partida no Estádio Mané Garrincha começar, nem o melhor vidente poderia prever o volante Willian Arão ao lado do zagueiro Rodrigo Caio. Afinal, o jogador não tem as manhas da posição para enfrentar o jogo de corpo do centroavante palmeirense Luís Adriano, por exemplo.

A reação nas redes sociais foi imediata e deixou apreensivo os torcedores. O primeiro lance de perigo mostrou que este temor fazia sentido, quando numa jogada característica do time do técnico Abel Ferreira, o lateral-esquerdo Viña avançou pelo lado direito do Flamengo e cruzou a bola para Willian Bigode perder gol feito.

Mas o Flamengo se equilibrou na partida, voltando a atuar no 4-2-3-1 já usado na vitória de 3 a 0 sobre o Goiás, em Goiânia, com o experiente Diego Ribas fazendo dupla de volantes com Gerson e o meia Arrascaeta atuando centralizado como gosta. Assim, o uruguaio poderia explorar os espaços entre o meio de campo e a defesa do Palmeiras e ser o jogador criativo que o notabilizou neste Brasileirão.

Flamengo melhorou na recomposição defensiva

Já o Palmeiras, mesmo sem o veloz ponta-esquerda Rony, entrou em campo para jogar nos contra-ataques. Abel Ferreira tinha preparado um plano para aproveitar a tática do perde-pressiona que o adversário costuma fazer e sair da defesa para o ataque com lançamentos em profundidade. E aí, Rogério Ceni surpreendeu novamente. É que, no primeiro tempo, o Flamengo não corria para a frente quando perdia a bola, mas para trás, recompondo sua linha defensiva com rapidez. Isso era um defeito que o time carioca apresentara nas derrotas para o Fluminense por 2 a 1 e Ceará por 2 a 0, para citar somente as duas últimas derrotas rubro-negras.

Assim, o Flamengo dominou o jogo no primeiro tempo. Porém, apresentou o mesmo problema de sempre: os erros nas finalizações e tomada de decisão. O artilheiro Gabigol esteve livre na frente do goleiro Weverton e, em vez de chutar, preferiu cruzar e desperdiçou ótima oportunidade. O jogo terminaria, nos primeiros 45 minutos, no 0 a 0 se, num golpe de sorte rubro-negra, os zagueiros palmeirenses não se confundissem e acabassem jogando a bola contra seu próprio gol.

Palmeiras pode estar sofrendo com maratona de jogos

O segundo tempo foi diferente. O Flamengo, em vantagem, atuou nos contra-ataques e o Palmeiras tentou partir para o ataque em busca do empate. Não teve a força necessária para isso. Talvez por causa da maratona de jogos: a equipe paulista está na final da Libertadores contra o Santos e na decisão da Copa do Brasil com o Grêmio. Mesmo assim, perdeu uma chance inacreditável com o meia Gabriel Menino, livre, na marca do pênalti, chutando para fora. Depois, o jogo ficou truncado e o Rubro-Negro liquidou a partida no finzinho numa ironia futebolística. É que o segundo gol foi marcado pelo jovem meia Pepê. Ele ficara um ano e meio só treinando no Ninho do Urubu, sem chances de entrar no time, e quase fora dispensado pelo clube no ano passado.

No fim, o Flamengo, sim, fez sua melhor partida no comando de Rogério Ceni. Sim, conquistou sua segunda vitória seguida e sem tomar gols. Sim, está mais do que nunca na briga pelo título do Campeonato Brasileiro. No entanto, como alertou seu próprio treinador, os jogadores precisam se empenhar mais para continuar crescendo na competição.