O Flamengo estreou na Libertadores nesta terça-feira e conseguiu um resultado que pode ser considerado excepcional: venceu, em Lima, o Sporting Cristal, por 2 a 0. Na teoria, um triunfo fora de casa já coloca o Rubro-Negro muito à frente rumo à classificação para as oitavas de final. Afinal, bastará vencer seus três jogos em casa para chegar aos 12 pontos, o que normalmente garante passaporte para a fase seguinte. Só que o futebol apresentado e, principalmente, as ideias de Paulo Sousa para o time acendem ainda mais o sinal vermelho quanto ao sucesso do Rubro-Negro nas fases decisivas da competição e, também, no Brasileiro.

Everton Ribeiro foi um dos jogadores que deixaram a desejar  – Foto: Marcelo Cortes / Flamengo

Contra o Cristal, Filipe Luís jogou mais como o lateral-esquerdo que ele é de ofício. Paulo Sousa, assim, pareceu ter feito um mea-culpa indicando que pode não trabalhar com um trio de defensores (embora isso seja pouco provável, tendo em vista as contratações de Pablo e Fabrício Bruno, que se juntam a Rodrigo Caio, David Luiz, Gustavo Henrique e Leo Pereira, além do “adaptável” Filipe Luís). Mas o treinador prendeu demais o seu veterano lateral. Alguém viu Filipe Luís seguir até o fundo? Não. Ele mal atravessou o meio de campo, tocando bola para o lado.

Veja aqui as atuações do Flamengo contra o Cristal

Sousa apostou num meio de campo com Arão, Thiago Maia e Andreas. Três volantes. E com um detalhe: deixou no banco o volante mais regular do time, João Gomes (que entraria no segundo tempo). Foi, evidentemente um teste. Mais um de um técnico que não repete o time e faz o torcedor não ter um esboço na ponta da língua. Não deu muito certo. Embora o Cristal tenha, no primeiro tempo, jogado de forma muito recuada, o que fez Andreas se aproximar bastante de Gabigol, faltou objetividade ao trio. Arão teve o mérito de achar Matheuzinho no lance do primeiro gol. Mas ficou nisso. Thiago Maia errou passes fáceis. Andreas é bom de bola, mas não é um protagonista. Não dá para querer que ele faça o papel de Arrascaeta (que desfalcou o time).

Na frente Bruno Henrique viveu de altos e baixos, mas foi eficaz. Já Everton Ribeiro foi um vaga-lume, aparecendo de vez em quando. E depois de um tempo virou “enceradeira”, ciscando, ciscando e não saindo do lugar. Já Gabigol não foi municiado. O 17º maior goleador da história do Flamengo, o maior artilheiro do Rubro-Negro em Libertadores, não deu um chute a gol.

Falando tudo isso, parece que o time – que teve uma semana para treinar (coisa rara) – não entende bem as instruções do seu novo Mister. Ou não quer entender. Venceu o Cristal, mas não convenceu. Tirando metade do primeiro tempo, jogou mal. E volta com três pontos por causa de duas jogadas de Matheuzinho – uma assistência e um gol – e a defesa milagrosa de Hugo quando o jogo estava 1 a 0 (se o time levasse aquele gol de Ávila desmoronaria, diante de um rival fraquíssimo, e poderia até perder o jogo).

O Flamengo-2022 ainda não tem uma cara. Segue dependendo de momentos de individualidade para vencer adversários fracos. Quando pega algum time mais encorpado, decepciona. Nesta terça-feira, venceu o Sporting Cristal fora de casa. Mas que o torcedor não tenha dúvida: se esse time peruano jogasse a Série B do Brasileiro, não subiria. Não tem bola para isso.

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