Um grito entalado na garganta por 26 anos finalmente saiu dos tricolores naquele 5 de dezembro, há dez anos. E o temporal que castigou a cidade do Rio durante a comemoração serviu para lavar a alma dos torcedores do Fluminense, que um ano antes, em 2009, sofreram com o risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Era o saboroso tricampeonato brasileiro de 2010, coroando assim o ”Time de Guerreiros”.
Um título histórico e nada fácil. Foram vários problemas ao longo da campanha, desde troca de goleiros, passando por lesões dos titulares, seca de gols dos atacantes e, até mesmo, o risco de perder o técnico para a Seleção Brasileira. Mas tudo foi superado e no fim veio a alegria. E, como não podia deixar de ser, com um pouco de sofrimento. Em um jogo nervoso, o gol do atacante Emerson Sheik aos 16 minutos do segundo tempo, na última rodada, na vitória por 1 a 0 sobre o Guarani, no Nilton Santos, garantiu o grito de “é campeão!”.
Após a histórica fuga do rebaixamento em 2009, boa parte do elenco tricolor foi mantida para 2010. Ainda assim, o primeiro semestre não foi muito bom para o clube e o técnico Cuca acabou demitido. Para o Brasileirão, a aposta foi Muricy Ramalho. Após início irregular, o Fluminense assumiu a liderança pela primeira vez na 10ª rodada, ao vencer o Cruzeiro por 1 a 0, no Maracanã.
Mesmo com um time limitado, o Fluminense era muito competitivo. Levava poucos gols e conseguia vencer seus jogos. Terminou o primeiro turno na liderança, mas a disputa contra Corinthians era muito parelha. A situação piorou com a sequência de lesões de jogadores importantes, no returno: os atacantes Fred e Emerson, o meia Deco e volante Valencia foram alguns dos titulares que viviam no departamento médico.
Consequentemente, o Fluminense perdeu a liderança. Mesmo assim, manteve forte na briga somente na 36ª rodada recuperou, na goleada por 4 a 1 sobre o São Paulo, contando com o tropeço do Corinthians contra o Vitória.
Chegou na última rodada dependendo de si. Uma vitória simples sobre o Guarani garantiria o tricampeonato brasileiro. A pressão era grande e o time sentiu num Nilton Santos lotado. O Tricolor não jogou bem, mas encontrou o gol quando o lateral Carlinhos cruzou, o atacante Washington resvalou e Emerson Sheik chutou para marcar.
Depois de 1970 e 1984, o Fluminense conquistava o tricampeonato brasileiro. E ainda viria mais um, em 2012.
Quando se fala no título do Fluminense em 2010 é impossível não lembrar do meia Darío Conca. Artilheiro da equipe com nove gols, ele ainda conseguiu a proeza de estar em campo nos 38 jogos da campanha. Foi o primeiro jogador de linha com o feito. Não bastasse a presença constante, foi o motor do time, líder em assistências, ao lado do lateral Mariano, e dono da responsabilidade enquanto a maioria dos titulares – e experientes – se machucava. Não à toa, foi premiado também como o Craque do Brasileirão.
Outro personagem marcante na campanha tricolor foi o técnico Muricy Ramalho. Após a demissão de Cuca, ele foi contratado com a missão de dar fim ao jejum de 26 anos. Era o nome certo. Afinal fora tricampeão pelo São Paulo (2006, 2007 e 2008). Mas no meio do caminho a parceria quase acabou. A CBF queria o técnico para a Seleção Brasileira.
Muricy chegou a se reunir com o então presidente da CBF Ricardo Teixeira em um clube de golfe. Reunião flagrada por um canal de televisão e que gerou grande repercussão. Quando o treinador retornou da reunião e chegou nas Laranjeiras, todos achavam que seria uma despedida, mas Muricy avisou que iria ficar e cumprir seu contrato. Uma escolha muito celebrada por tricolores e que no fim teve final feliz.
“Isso ajudou a manter o clima de união no grupo. Os jogadores pensavam ‘Pô, esse cara não aceitou a Seleção para ficar com a gente, então a gente tem que ganhar de qualquer jeito’. E foi o que aconteceu”, recorda Muricy.
Entre muitos destaques da campanha, o atacante Emerson Sheik é um capítulo à parte. Chegou sob forte desconfiança da torcida por sua identificação com o Flamengo. Com o grupo, tinha problemas com Fred. Ainda assim, sempre se entregou, quando não estava fora por problemas de lesão muscular. Dedicado em campo, jogou a partida decisiva com o tornozelo esquerdo muito inchado.
Na verdade, Emerson jogava no sacrifício há algumas rodadas, com até oito injeções de anestésicos no tornozelo. Quis o destino que a bola batesse justamente no local machucado antes de entrar e garantir o título. Depois, em 2011, sairia pela porta de trás. Mas, ainda assim, é inegável que deixou sua marca no clube.
“A previsão para eu voltar a jogar era no dia 19 de janeiro. Não aceitei isso porque queria jogar. Fui tratado em três períodos, de segunda a segunda. Levei oito injeções no tornozelo para disputar os dois últimos jogos. Foi muito difícil para mim quando tive o problema no tornozelo. Apesar de tudo, jamais deixei de acreditar que poderia voltar este ano”, disse Emerson um dia depois da conquista.
Naquele elenco não faltaram jogadores importantes. A dupla de zaga formada por Gum e Leandro Euzébio foi a menos vazada, com apenas 36 gols sofridos em 38 rodadas. E numa equipe cheia de problemas no gol. Foram três goleiros durante a campanha: Fernando Henrique e Rafael, até que Ricardo Berna assumisse na reta final. Mariano e Carlinhos tinham liberdade para atacar e foram responsáveis por muitas assistências, como a do lateral-esquerdo no gol do título
No meio, o Fluminense se reforçou com os experientes Deco e Beletti. Se não jogaram tanto e sofreram com lesões, deram experiência e trouxeram o espírito vencedor. Além deles, os volantes Diguinho, Diogo e Valencia não tinham grande técnica, mas compensavam com muita luta.
No ataque, Fred não foi o cara e desfalcou muito a equipe, só retornando na reta final. Ainda assim, teve sua importância. Seu substituto foi Washington Coração Valente, que no início desandou a fazer gols, mas depois viveu longo jejum, chegando a 15 rodadas sem marcar no Brasileirão de 2010. Mesmo assim, o centroavante participou do gol do tricampeonato brasileiro.
FLUMINENSE 1×0 GUARANI
Local: Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
FLUMINENSE: Ricardo Berna; Mariano, Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos; Valência, Diguinho, Júlio César (Washington) e Conca; Emerson (Rodriguinho) e Fred (Fernando Bob). Técnico: Muricy Ramalho.
GUARANI: Emerson; Aislan, Ailson e Guilherme (Pablo); Apodi, Maycon, Paulinho, Ronaldo, Márcio Careca (Geovani) e Fabiano; Reinaldo (Douglas). Técnico: Vagner Mancini.
Gol: Emerson aos 16’/2T (Fluminense)
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (Fifa-RS)
Público: 35.527 pagantes
Renda: R$ 2.859.450,00
Cartões Amarelos: Emerson, Mariano e Gum (Fluminense); Paulinho, Aílson, Maycon e Fabiano (Guarani)
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