Roberto Assaf

Fluminense confirma maior qualidade e ganha, enfim, a Libertadores

Afirmar, antes da partida, que o Fluminense era escancaradamente favorito, parecia sobretudo perigoso, pois é sempre difícil derrotar argentinos, notadamente quando carregam longa tradição de vitórias e títulos. Mas qualquer criança que já conhece um mínimo de futebol sabe que o Tricolor continua superior sob o aspecto técnico. Logo, e apesar do histórico eterno do Boca Juniors, que nunca permite descartá-lo, o Tricolor, que não fica distante disso, teve paciência e fibra para superá-lo, com um gol – 2 a 1 – do predestinado John Kennedy, quem sabe no momento mais sofrido do time carioca na partida. Vale assim, como é fato no futebol, que o melhor – quase – sempre ganha.

Após meia hora, tempo suficiente para analisar a proposta de cada equipe, ficou evidente que não havia nada de imprevisível, ou seja, ambas repetiram as suas estratégias habituais, embora o Fluminense, dada a marcação pesada do Boca Juniors, não conseguia executar a troca de passes capaz de envolver a retaguarda adversária com rapidez, o que mantinha o jogo efetivamente cadenciado, pois o time argentino, cauteloso como sempre em duelos decisivos na Libertadores, pouco arriscava, optando por contra-ataques que julgasse fatais.

Fluminense conquista, enfim, a sonhada Libertadores – Foto: Silvio Ávila/AFP via Getty Images

Cano abre o placar para o Fluminense

Aos 36 minutos, no entanto, o Boca Juniors cochilou, permitindo a penetração de Keno, que rolou para German Cano. O artilheiro deu dois passos para trás, o que o deixou livre para finalizar sem chance para Sérgio Romero: 1 a 0. Como é de sua característica, o visitante não modificou o estilo, limitando-se apenas a forçar um pouquinho mais o jogo ofensivo, para resolver, no intervalo, o que fazer na etapa derradeira, pois é fato que terminou o primeiro tempo em desvantagem. A propósito, os atletas do Boca Juniors, até ali, estiveram excessivamente comportados, evitando provocações gratuitas, receando, quem sabe, os muitos olhos do VAR.

Boca empata no segundo tempo

As equipes retornaram sem substituições. Nenhuma surpresa em relação ao Fluminense, que teve a posse da bola e fez pelo menos um gol. Quanto ao time argentino, o que se viu foi o esforço que passou a fazer para permanecer no campo do adversário, para impedir a construção de jogo do Tricolor, tijolo por tijolo num desenho lógico, e pressioná-lo, apesar das limitações, e chegar ao empate.

Na realidade, porém, o Boca Juniors não conseguia mostrar nada de excepcional, e a equipe da casa, aos poucos, voltou a ter a bola. E não seria absurdo dizer que o visitante não enxergava opções para mudança. Próximo de meia hora, Jorge Almirón resolveu mexer, mesmo que isso significasse algo de novo. E desistiu naquele momento. Pois a desgraça – para qualquer adversário deles – é que os argentinos não desistem nunca, mesmo que não estejam jogando nada. Aos 27 minutos, Luis Advincula, que é lateral-direito, bateu de longe com a esquerda, e marcou, como agora, pela quarta vez na Libertadores: 1 a 1.

Os treinadores, então, providenciaram substituições em massa, o que tornou o duelo, tais as circunstâncias, completamente imprevisível. Aos 94, Diogo Barbosa – Marcelo saiu – entrou livre e bateu sem graça para fora. E veio a prorrogação. O Boca Juniors, que faz tudo calculado, com impressionante frieza, passou a segurar a bola, enquanto o Fluminense procurava a objetividade que chegou a exibir em determinadas ocasiões, eventualmente apressado, como se tivesse a obrigação de vencer.

Fluminense, enfim, campeão

E aos 10 minutos, em novo cochilo, contrariando pela segunda vez o conceito citado, John Kennedy apanhou passe de Keno para mandar a pancada, de primeira, para enfiar 2 a 1. Correu para os braços do povo e foi expulso. Como Frank Fabra, que agrediu Nino, logo depois. No tempo final da prorrogação, o time argentino, sem alternativa, fez mais mudanças e partiu para cima do Fluminense, que apesar da pressão absurda, e evidente, segurou o resultado, e saiu da vida comum para entrar na história.

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Carlos Alberto

Repórter, setorista da Seleção Brasileira, colunista e editor do Jornal dos Sports entre 1998 e 2000. Editor, colunista e editor executivo do LANCE! de 2000 a 2020, Editor-chefe do Jogada 10 desde 2020. É formado pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha-RJ) e participou de coberturas de 6 Copas do Mundo (4 como enviado, 1 como chefe de reportagem 1 como editor-chefe), 2 Copas Américas, 1 Eurocopa, 2 Mundias de Clubes, 1 Olimpíada e 6 Champions League.

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