Jogadores e comissão técnica do Vasco foram surpreendidos por uma invasão de integrantes de uma torcida organizada ao CT do clube durante o treino na quinta-feira (10). E o que chamou mais a atenção foi a facilidade pela qual o grupo entrou no local de trabalho do time profissional. Os vídeos vazados mostram homens uniformizados caminhando e entrando pelo acesso da frente sem que houvesse qualquer tipo de impedimento. Não houve necessidade de pular os muros tampouco de arrombamento do portão. Eles interromperam o treinamento para fazer cobranças ao técnico português Ricardo Sá Pinto, ao capitão Leandro Castán e ao atacante Talles Magno, os principais alvos. O elenco, visivelmente incomodado, se manteve ao lado do trio do início ao fim da manifestação.

O técnico Sá Pinto conversa com membros de uma organizada do Vasco (Divulgação/IJV)

Após o ocorrido, a diretoria vascaína registrou Boletim de Ocorrência na 41ª Delegacia de Polícia Civil. Ao analisar o episódio, identificou que houve falhas de segurança e afastou três funcionários que estavam em expediente: um dos responsáveis pela portaria e dois seguranças. Ainda de acordo com o clube, eles não foram demitidos e passarão a trabalhar em outro local.

No dia a dia dos treinos, além do encarregado de cuidar da portaria, dois seguranças têm a tarefa de acompanhar cada sessão de treino do time profissional. Ou seja, eles dão expediente na parte interna do CT. Em sua avaliação, o clube concluiu que um dos invasores chegou a pular o muro e abriu o portão para acesso dos demais manifestantes, que chegaram ao local em três veículos.

Localizado em Jacarepaguá, o CT do Almirante é amparado por muros, e seu portão principal fica na Avenida Arroio Fundo. Na parte interna, uma guarita de segurança passava, até então, a sensação de que o local estava protegido.

Discurso de cobrança e… defesa do resultado de pleito do dia 7!

Invasões como a de quinta-feira ocorrem com frequência no Brasil. Os casos são inúmeros. Muitas vezes, inclusive, apoiados por diretores e dirigentes, que chegam a facilitar esse tipo de manifestação por considerarem que alguns grupos, acomodados, precisam ser cobrados com mais veemência para que possam responder em campo. O Vasco vem de quatro partidas sem vitórias pelo Brasileiro (dois empates e duas derrotas) e buscará sua reabilitação no clássico contra o Fluminense, domingo, em São Januário.

Em um dos vídeos vazados, quando os integrantes da organizada estavam frente a frente com o elenco e exigiam mudança de postura dos jogadores, um deles afirma que “a política do Vasco já aconteceu e que a eleição (para presidência do Vasco) foi no dia 7 (de novembro) e em 2021 vai ter novo presidente”.

No pleito ocorrido no dia 7, de maneira presencial, em São Januário, o advogado Luiz Roberto Leven Siano foi o mais votado. Vale lembrar que, mesmo sob liminar do Supremo Tribunal de Justiça, que suspendia a eleição, integrantes da mesa diretora decidiram continuar no clube até às 22h, horário previsto para o fim da votação. A decisão partiu quando Alcides Martins, que presidiu a Assembleia Geral após Faues Mussa deixar São Januário, ouviu outros integrantes da mesa: Roberto Monteiro (Deliberativo), Silvio Godoi (Benemérito) e Sérgio Romay (vice do Deliberativo). Monteiro, que preside o Conselho Deliberativo do clube, é um dos principais opositores da atual gestão de Alexandre Campello.

Protestos não costumam surtir efeito

Entre pichações, faixas e invasão, já foram sete protestos em menos de um mês. Antes do episódio de quinta-feira (10), considerado o mais tenso de todos, uma organizada marcou presença no centro de treinamento na segunda-feira (7) e estendeu uma faixa no muro do local com a frase: “Situação e oposição, enquanto vocês brigam, o Vasco sofre”.

E as manifestações não costumam surtir efeito no Vasco. Desde o início dos protestos, o time disputou cinco jogos e ainda não venceu. Foram dois empates e três derrotas, duas delas por goleada, a última para o Grêmio (4 a 0). A outra foi para o Ceará (4 a 1), em pleno São Januário. Neste intervalo ainda ocorreu a queda para o Defensa y Justicia (ARG), pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana.

Comentários