“Respeito é bom e todo mundo gosta”. O ditado popular faz jus ao desempenho dos clubes do Nordeste na atual temporada. Ao emplacarem classificações heroicas diante de alguns favoritos na terceira fase da Copa do Brasil, garantem pela primeira vez na história do torneio seis representantes da região nas oitavas de final: ABC-RN, os arquirrivais Bahia e Vitória e a Juazeirense-BA, o CRB-AL e o Fortaleza-CE – o recorde anterior era de cinco clubes em 1992 e 2009. Não bastasse, o Tricolor cearense ainda desponta como o líder do Brasileirão, com 100% de aproveitamento após duas rodadas. Para Aloísio Chulapa, um autêntico boa-praça e legítimo embaixador do futebol nordestino por onde passa, ainda tem muito mais por vir.

Revelado no CRB, Aloísio Chulapa sagrou-se campeão mundial pelo São Paulo e até hoje é considerado um dos ídolos do Tricolor – Rubens Chiri/SPFC

Em entrevista exclusiva ao Jogada10, o ex-jogador que teve passagem de sucesso sobretudo no São Paulo, onde foi campeão mundial em 2005 e ganhou o apelido de Chulapa, falou sobre a gestão profissional nos clubes nordestinos, revelou o segredo para o sucesso destas equipes dentro de campo e mandou um recado para os gigantes do futebol brasileiro.

“O jogador nordestino é quente e arrochado. Tudo começou com o Peu (NR: um dos mais folclóricos da história do Flamengo e campeão mundial com o clube em 1981). Depois veio a Marta eleita seis vezes a melhor do mundo. Ultimamente tivemos o Roberto Firmino e entre esses todos aí um tal de Aloísio que virou Chulapa porque fazia gols que nem o Serginho Chulapa (risos). Viu que eu só citei alagoanos, né?! E teve muito mais craques pelo nosso Nordeste afora”, destacou Aloísio.

Hoje aos 46 anos, o ex-atacante, nascido na cidade alagoana de Atalaia e revelado no CRB, mantém a simplicidade e o bom humor, segundo ele indispensáveis para se viver feliz. Além de passagens por grandes clubes do Brasil, Aloísio Chulapa atuou na Europa e formou dupla de ataque com ninguém menos do que Ronaldinho Gaúcho no Paris Saint-Germain (FRA), campeão da Copa Intertoto da UEFA, em 2001. Entusiasmado por ver a região em que surgiu para o mundo tão bem representada nesta temporada, ele diz acreditar no sucesso dos clubes nordestinos a curto prazo.

“Esse sucesso não veio agora por acaso. É fruto de uma série de investimentos no Nordeste e de um povo que ama o futebol em todos os estados da região. Isso sem falar da continuidade da Copa do Nordeste no calendário brasileiro, o que fortaleceu os nossos clubes. Juntamente com boas gestões profissionais, eles têm conseguido resultados mais expressivos no cenário nacional. Não há mais espaço para o amadorismo aos que pretendem se destacar. E em muitos pequenos também, não. Basta conferir a quantidade de representantes da região que permanecem de forma consecutiva na Série A do Brasileiro nos últimos anos. A tendência é o Nordeste ficar cada vez mais forte. Quem sabe o título da Copa do Brasil não chega esse ano?”, torce Chulapa.

Apreciador confesso da culinária local, Aloísio garantiu que, apesar dos novos tempos vividos pelo futebol nordestino, uma tradição regional é o segredo para fortalecer os jogadores:

“Quando a gente começa a comer a feijoada da Maria Gorda, a melhor de Alagoas e do Nordeste, assim como a buchada, a gente se transforma. Quando os jogadores saem do restaurante depois da Maria Gorda, ficam mais fortes do que o Batman (risos)”.

Por fim, o ex-jogador mandou o papo em alto e bom tom para aqueles que pensam em desbancar os seis representantes do Nordeste nesta edição da Copa do Brasil.

“Estamos muito felizes. É especial ouvir o nosso Nordeste sendo falado pelo Brasil. E futebol é dentro de campo, não tem mais essa de ficar falando, não. Se chegar em campo e não correr ou comer a grama achando que vai atropelar os times daqui de cima, acontece isso aí que todos estão vendo (eliminações para os nordestinos na Copa do Brasil). É bom ficarem de olhos bem abertos”, encerrou.

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