“Os campeonatos de futebol têm que ser paralisados completamente, pois não há condição sanitária alguma no Brasil para mantê-los neste momento”. O alerta contundente é de um dos maiores médicos e cientistas do país, o professor Miguel Nicolelis, 60 anos, considerado um dos 20 maiores cientistas em sua área, a neurociência, pela revista ‘Scientific American’. Já a revista ‘Época’ o colocou como um dos 100 brasileiros mais influentes.
Palmeirense roxo, o professor disse, ao Jogada10, que “os jogadores devem receber ajuda financeira para ficar em casa e só retornar quando as autoridades de saúde confirmarem que as taxas de transmissão do vírus caíram a níveis seguros”.
O professor Miguel Nicolelis,
Preocupação com aglomeração no entorno dos estádios
“A maior preocupação é com relação às aglomerações para assistir aos jogos no entorno dos estádios, nos bares e nas casas dos torcedores”, explicou ele, no intervalo de uma conferência.
Primeiro cientista a receber no mesmo ano dois prêmios de institutos nacionais de saúde dos EUA e primeiro brasileiro a ter um artigo publicado na capa da revista “Science”, Nicolelis critica o protocolo adotado pelos clubes. Para ele, “é insuficiente para conter a transmissão porque até 30% dos testes realizados podem dar falso negativo”.
“E sem o rastreamento dos jogadores, o vírus pode se espalhar para fora do ambiente esportivo. Desta forma, com base em todas orientações da ciência para conter a pandemia, sou absolutamente contrário à realização das práticas esportivas e dos subterfúgios que os clubes têm usado para driblar as medidas de contenção”.
O professor lembra que “o futebol tem uma função social a zelar e, certamente, não é mantendo uma falsa sensação de normalidade que ele vai ajudar o país a sair do abismo em que se encontra”.
Líder de uma equipe de neurocientistas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, Nicolelis desenvolve pesquisas de próteses neurais para a reabilitação de pacientes que sofrem de paralisia corporal.
A pandemia
O Brasil já registrou 303 mil mortes pela Covid-19 e 12,3 milhões de casos. Só nas últimas 24 horas foram 2.777 óbitos e mais cem mil contaminados. Há filas para internação em todo o país.
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