“Quem te viu, quem te vê”. A frase resume o momento do futebol chinês, opulente em um passado recente e decadente nos últimos anos por conta de dívidas acumuladas e reforçadas por uma pandemia em escala internacional. Como resultado da crise, vários nomes de peso estão deixando o país e buscando outro destino. Entre aqueles que já abandonaram o barco estão Hulk, Pellé, Ighalo, El Shaarawy, Ricardo Goulart, Martins e Rondón, todos conhecidos do público europeu. Entre os treinadores, Rafael Benitez, Marcello Lippi, Luiz Felipe Scolari e Vítor Pereira também já pediram o boné.

Repatriado, Hulk trocou o Shanghai SIPG pelo Galo – Pedro Souza / Atlético-MG

Sem a sustentabilidade de outrora e com a falta dos recursos financeiros capazes de seduzir os astros dos grandes centros, o futebol chinês está, literalmente, desaparecendo, com antigas potências nacionais montando elencos mais modestos ou decretando falência. Desde 2018/19, 16 clubes já fecharam as suas portas. Foi o que aconteceu, também, na última segunda-feira (1), quando o atual campeão, Jiangsu Suning, encerrou as atividades após a dívida chegar à casa dos 75 milhões de euros (R$ 503,7 mi). O déficit explica-se pelo investimento astronômico em jogadores brasileiros: Ramires e Alex Teixeira, juntos, custaram 78 milhões de euros (R$ 524 mi).

Título chinês, conquistado em novembro de 2020, foi o canto do cisne do Jiangsu Suning – AFP

Para frear a crise, o governo chinês limitou os valores das transferências mais caras, decretando que a federação recebesse o mesmo montante de uma transferência internacional. Se uma instituição comprar um jogador por R$ 100 milhões, terá que desembolsar outros R$ 100 milhões para a entidade esportiva, razão pela qual o país investiu apenas 7,5 milhões de euros (R$ 50,3 mi) em contratações para a atual temporada. Além disso, os clubes trabalham com um teto salarial de apenas 3 milhões de euros (R$ 20,1 mi) de salário pagos a cada atleta.

Outra medida encontrada pela China foi cercar e punir rigorosamente os próprios clubes. No mês passado, a federação cassou a licença do Shandong Luneng, time dos ex-palmeirenses Róger Guedes e Moisés, para jogar esta edição da Liga dos Campeões da Ásia. O motivo alegado foi o atraso no pagamento de salários.

Com uma liga quase nada atraente, resta ao último que sair apagar as luzes.

 

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