Oito décadas de Pelé, e outro dia vi um pedaço de um documentário sobre Maradona. No filme, aparece o trecho de uma entrevista feita com o Rei do Futebol no qual ele fala que Maradona é ótimo, mas ainda não tinha o psicológico preparado. Interessante como um treinador dele dizia que Diego era muito gente boa, mas Maradona, nem tanto, pois era um personagem, uma máscara que o craque precisava usar para lidar com a imprensa. A bela película, do mesmo diretor de Senna e Amy, vale a pena: é um drama real. Das farras em Barcelona até a idolatria gigantesca no Napoli. E, nossa, ver as imagens de Maradona sempre cercado por tantas pessoas chega a assustar. A fama tem um preço alto.

A cidade mais pobre da Itália recebia não um simples jogador, mas um sonho, uma esperança de autoestima.

Aliás, veja o trailer, e siga lendo:

Afinal, Maradona é um ser humano e nunca escondeu (ou nunca conseguiu) suas falhas. A infância pobre e o peso do estrelato. A maldita queda para as drogas. Atualmente, há uma série documental original da Netflix, Maradona no México. Ele ficou uma gestação, ou seja, nove meses, no clube Dorados de Sinaloa. Conseguiu chegar em duas finais. Porém, a saber, a cidade é famosa pelo forte cartel de drogas… “É como mandar um diabético para uma loja de doces”, diz um comentarista. O problema de Maradona com a cocaína era mais do que conhecido.

Tudo Dorados

O presidente do clube Dorados foi bem inteligente em sua jogada de marketing. Dorados foi pauta em jornais do mundo todo. Maradona aparenta uma vontade de revolucionar o futebol mexicano e, para os fãs do esporte, a série ainda traz a busca pela transformação de um time perdedor de uma cidade violenta em algo mais. Será a sina de Maradona? Lembrou do Napoli?

A produção acaba por falar também do poder destrutivo das drogas. Quando lhe perguntam o que faria diferente em sua vida, Maradona fala:

“Que jogador eu teria sido sem as drogas?”. É até difícil imaginar. Se com todos seus problemas, o baixinho já foi tão grande, será que poderia ter sido melhor do que o Rei Pelé se o inferno das drogas não tivessem lhe alcançado?

Em Sinaloa, ele chegou como ídolo – e piada. Era visto simplesmente como jogada midiática, mas mostrou bom serviço e surpreendeu. O time saiu do último lugar e foi subindo.

Sim, Maradona é parte emblemática da história do futebol, desde as alegrias até as tristezas. O astro continua chamando atenção por onde passa e assim sempre será enquanto vivo estiver. É um exemplo do melhor e do pior do mundo glamouroso do esporte. Por onde passa a mão do diabo, e a mão de Deus.

Para fechar, uma das narrações mais emocionadas e emocionantes de uma das maiores jogadas da história do futebol, o barrilete cósmico que leva o locutor as lágrimas e encanta a todos:

 

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