A Gaviões da Fiel, escola de samba ligada à principal torcida organizada do Corinthians e que é tetracampeã do carnaval de São Paulo (1995, 1999, 2002 e 2003), aposta na diversidade religiosa para voltar a vencer o Grupo Especial em 2023. A agremiação será a última a desfilar na madrugada de sexta-feira (17) para o sábado (18). A saber, o desfile está previsto para ter início às 5h45 (de Brasília).

Neste ano, a Gaviões da Fiel entrará no sambódrom levando o enredo ‘Em nome do pai, dos filhos, dos espíritos e dos santos… Amém’. Em entrevista exclusiva ao Jogada10, Júlio Poloni, um dos carnavalescos da agremiação, afirma que a escola passará pela avenida em busca de transmitir uma mensagem de respeito.

“A ideia do tema surgiu de uma sinergia muito forte que rolou quando eu conheci o André Marins (outro carnavalesco da Gaviões da Fiel). Sempre tive o sonho de fazer um enredo que retratasse diversas religiões, com um propósito e com mensagens em comum. Porém, eu nunca saí do lugar com esse enredo, eu nem tinha ele preparado. No dia que eu conheci o Marins, ele me apresentou esse enredo e falou ‘olha, eu não tenho esse enredo desenvolvido, mas é meu sonho fazer e eu tenho até o título dele: Em nome do pai, dos filhos, dos espíritos e dos santos, amém’. A ideia dele era basicamente a mesma que esse meu sonho, retratar diversas religiões com o mesmo propósito, buscando o bem comum, falando de paz, amor, justiça, que é basicamente o que todas as religiões, no fundo, pregam”, disse Júlio Poloni.

Gaviões da Fiel ficou no oitavo lugar do carnaval de SP em 2022 – Reprodução

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Enredo segue a linha do anterior

A princípio, em 2022, a Gaviões da Fiel entrou no Anhembi com o enredo ‘Basta!’, que abordou minorias e fez pedido por respeito. Agora, em 2023, a escola centraliza o foco apenas nas religiões e, segundo Júlio Poloni, segue com sua tradição de se posicionar fortemente quanto a questões da sociedade.

“Sim. De uma certa forma existe essa ligação, essa lógica sequencial do desfile do ano passado para o desse ano. É como se agora a gente fosse mais fundo, deixasse mais específico. Esse é um dos ‘Bastas’. Estamos falando do ‘basta de intolerância religiosa’ neste ano especificamente. É uma coerência dentro da história da escola. A Gaviões da Fiel é uma escola que sempre se posicionou com inteligência, com poesia, com arte. Esse é o ponto forte da escola e, no momento que a gente vive, é mais do que justo a gente aproveitar esse lugar de fala da escola para passar mensagens que estão precisando ser passadas no nosso momento social, econômico e político. Essa é a ideia”, diz o carnavalesco.

Entre as religiões, o Corinthianismo

Mantendo a sua tradição, a Gaviões da Fiel não deixará de falar do Corinthians. A princípio, em um refrão do samba-enredo, a escola canta “Amém, meu coração corinthiano”. Contudo, as menções ao Timão não param por aí. Segundo o carnavalesco da agremiação, o “Corinthianismo”, espécie de religião criada pelos torcedores da equipe, se encaixa na mensagem transmitida.

“O Corinthianismo está presente no enredo. O nosso enredo passa uma mensagem de Deus para o povo da Terra e quem passa essa mensagem é um personagem chamado Fiel Corinthiano, que são os praticantes da religião que a gente chama de Corinthianismo. São os fiéis corinthianos que estão levando essa mensagem divina para o mundo. O Corinthianismo faz parte do nosso desfile, vai estar presente em alegoria, fantasia e é totalmente inerente ao enredo”, afirmou.

Fantasia que será utilizada por componentes da Gaviões da Fiel – Júlio Poloni/Gaviões da Fiel

Gaviões da Fiel quer ‘atropelar’ os desafios

Em suma, por conta de uma punição imposta pela Liga das Escolas de Samba de São Paulo após uma briga em um camarote em 2022, a Gaviões da Fiel será a última escola a entrar na avenida no primeiro dia dos desfiles do Grupo Especial. Assim, a agremiação terá que desfilar já com a luz do dia, mas o fator não assustou Júlio Poloni e demais componentes. De acordo com o carnavalesco, os desafios serão “atropelados”.

“Os desafios são muitos para desfilar de manhã. A gente vai ter um público, teoricamente mais cansado, desfilantes, teoricamente, mais cansados, mas a Gaviões da Fiel supera e atropela tudo isso. Existem diversos fatores para serem levados em consideração. Então, a gente precisava de um samba que não fosse difícil de cantar, que conseguisse puxar a harmonia da escola, que jogasse para cima. Fizemos, inclusive, alguns ajustes no samba por conta de desfilarmos de manhã”, começou dizendo.

“O visual também tem uma preocupação. A gente precisa trabalhar com cores e materiais que vão se destacar na luz do dia, que é totalmente diferente de um desfile de noite. O fato de desfilarmos por último e de manhã impacta em todo o projeto, mas já estávamos pensando nisso desde o tema, já sabíamos há bastante tempo que iríamos desfilar de manhã, então o próprio tema, o enredo, a sequência e as soluções estéticas foram pensadas em um desfile diurno. Existem desafios, são vários, mas não são obstáculos”, finalizou Júlio Poloni.

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