Que o Fluminense é um celeiro de grandes goleiros, isso todo mundo sabe. E Paulo Victor tem um lugar de muito destaque nesse rol. Tricampeão carioca (1983/1984/1985), campeão Brasileiro (1984) e convocado para a Copa do Mundo de 1986, no México. Hoje trabalhando com a base do Uberlândia (MG), o ídolo tricolor, em entrevista exclusiva ao Jogada10, vibra com a chegada do goleiro Fábio e prevê um começo de temporada maravilhoso para a torcida que nunca o esqueceu. “O Fluminense precisa ganhar um título expressivo ainda na gestão do Mário Bittencourt e acredito. Estou gostando muito das contratações”, revela.
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JOGADA10 – A chegada do goleiro Fábio, mesmo com o Marcos Felipe crescendo ao fim da última temporada, você vê como importante para o clube?
PAULO VICTOR: “Gostei muito da contratação do Fábio. É um goleiro experiente, que já disputou muitas competições importantes, como a Libertadores, e vai levar uma experiência maior para o Marcos Felipe. Ele vai brigar para ser titular. O Fábio tem muita bagagem. É um jogador de 41 anos que ainda está jogando em alto nível e vai agregar. Inclusive, conhece alguns jogadores que estão no clube, como o Fred, com quem jogou no Cruzeiro. O Fluminense acertou nessa aquisição. O clube precisava de uma contratação de impacto. Lamento a situação como ele saiu do Cruzeiro, de onde é ídolo, mas no Brasil realmente ninguém respeita os ídolos. Fábio ficou 17 anos na Toca e poderia muito bem acertar um último contrato para completar seus mil jogos pelo clube, mas o Fluminense fez bem em buscá-lo. Ele ainda tem condições de jogar por mais tempo e voltar ao Rio de Janeiro, de onde saiu do Vasco para o Cruzeiro, foi uma boa pedida. Porque vai aumentar sua motivação. E um goleiro precisa estar motivado para continuar brilhando na posição.
JOGADA10 – Com a vinda dele, o Marcos Felipe perde a condição de titular?
PAULO VICTOR: “Não acredito que o Fábio chegue como titular. Ele vai brigar pela camisa 1. E isso é uma sombra fortíssima que o Marcos Felipe passa a ter agora. O Marcos vinha em ascensão, mas ainda pairam certas nuvens sobre ele. Por exemplo, a questão dos pênaltis. Dizem, ‘Ah, o Marcos Felipe não pega pênaltis e o Fábio pega’. A meu ver, isso não credencia ninguém a ser titular de um clube. Pegar pênalti ou não é uma questão muito de sorte, porque pênalti bem batido não tem defesa, todo mundo sabe disso. Pegar ou não é consequência, não obrigação.”
“O Marcos Felipe vem numa crescente, salvou o Fluminense em alguns jogos na reta final do ano passado, por isso aposto que ao menos comece o ano como titular.”
JOGADA10 – Acredita no sucesso do time nesse início de temporada, quando o clube vai brigar por uma vaga na fase de grupos da Libertadores e disputar o título estadual?
PAULO VICTOR: Acredito. Sinto que o Fluminense vai mesclar muito os jogadores mais veteranos com os mais jovens. O time precisa dessa experiência para jogar a Libertadores. Na pré-Libertadores serão quatro jogos até entrar na fase de grupos. Acredito muito no tricolor e nas contratações que vem fazendo. O Fluminense precisa ganhar alguma coisa. Já tem tempo que não ganha um título expressivo e precisa obtê-lo ainda na gestão do Mário Bittencourt.
JOGADA1o – O time não fica muito envelhecido jogando com seis titulares acima dos 30 anos?
PAULO VICTOR: “Sinceramente, não creio que todos serão titulares. Temos garotos muito bons, como o Luiz Henrique, que está em ascensão, e o Martinelli. Vejo esses jovens talentos ajudando os outros a renderem ainda mais. E os veteranos vão trazer cancha para eles, proporcionando que mostrem seu valor ao longo da Libertadores.”
JOGADA10 – Fred e Germán Cano, como você vê os dois travando um duelo pela posição?
PAULO VICTOR: “É um duelo sadio. O Fred terminou o ano como titular e é um dos maiores ídolos da história do clube. O Cano vem de um momento muito bom no Vasco. Apesar do seu ex-clube não ter subido, chega com moral de artilheiro, goleador. No primeiro jogo-treino já fez gol. O Fred fez um e ele, dois. Então, vejo que o Fluminense só tem a ganhar com essa dupla.”
JOGADA10 – Felipe Melo é um bom nome?
PAULO VICTOR: “Muito bom. Sempre o defendi no Fluminense. É um líder dentro de campo. Tem muita raça, muita força, briga pelo clube que defende, chama a atenção dos companheiros e não deixa a arbitragem montar em cima. Enfim, ele sempre foi assim, inclusive no Palmeiras, e não será diferente no Flu. Para mim, foi uma grande contratação.”
JOGADA10 – E quanto aos outros jogadores que chegaram?
PAULO VICTOR – “O Nathan, particularmente, eu acho uma incógnita. Afinal, era reserva no Atlético Mineiro. Se fosse imprescindível, talvez o Galo não o liberasse de forma tão fácil. O mesmo acontece com o William Bigode, que não era titular no Palmeiras. Certamente também não seria liberado, caso estivesse nos planos, porque o clube vai disputar Mundial, outra Libertadores e várias competições de peso. Quanto ao Pineida, serei sincero, não conheço, nunca vi jogar. O David Duarte, sim. Pode vir a ser um bom nome e o clube precisa de um zagueiro que se imponha. Espero que ele não jogue na mesma posição do Nino: um tem que atuar pelo lado direito e o outro, pelo esquerdo. Esse é um problema que o Abel vai ter que resolver, mas temos ainda o Luccas Claro o David Braz. Enfim, a briga vai ser boa. Já o Cristiano, que veio do Sheriff, da Moldávia, não conheço, mas sei que foi uma espécie de garçom na Champions League, servindo companheiros com várias assistências para gols. E isso o credencia.
JOGADA10 – O que você tem feito hoje?
PAULO VICTOR – Voltei aos campos, que era um sonho antigo. Sou diretor-geral da base do Uberlândia. Já estou montando tudo aqui e nosso objetivo é disputar com força os campeonatos, tanto aqui em Minas Gerais, como conseguir uma vaga para a Copinha do ano que vem.
JOGADA10 – E quanto a seu livro, que está sendo escrito pelo Ricardo Nogueira. Já tem previsão de lançamento?
PAULO VICTOR – A minha biografia, se Deus quiser, sai do forno ainda em 2022. Faltam apenas poucos detalhes a serem apurados, como minha passagem pelo Vitória, no Espírito Santo. Daqui a pouco a torcida tricolor vai ser chamada para fazermos juntos uma grande festa nas Laranjeiras.
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