Vinte e nove de novembro. Desde 2012 é um dia especial na minha vida: dia do nascimento da minha primogênita Olívia. Mas, em 2016, essa data foi ressignificada quando o avião da Chapecoense caiu em Medellín durante viagem para o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana. Famílias perderam pais, filhos, maridos… a cidade de Chapecó perdeu um time, o mundo perdeu vidas por ganância e irresponsabilidade… e eu perdi amigos, colegas de trabalho, mas no meio de tudo isso ganhei uma nova chance.

Divulgação – Jefferson Rodrigues

 

 

Três dias antes da viagem, fui consultado pela chefia do programa em que trabalhava para viajar e fazer a cobertura da final. Iríamos no avião da Chape que viajava em busca de um inédito título internacional para o clube, e para o estado de Santa Catarina. Qualquer jornalista gostaria de estar nessa cobertura, afinal era uma história daquelas de David virando Golias.

Comigo não foi diferente. Imediatamente aceitei participar da cobertura e perguntei quando viajaríamos e quando voltaríamos. Foi aí que veio a decisão mais importante da minha vida. A viagem seria no dia 28 de novembro e a volta no dia 4 de dezembro, pois depois do jogo iríamos para Chapecó onde gravaríamos a repercussão e a volta da Chape para casa. O impasse estava criado: a cobertura da final ou o aniversário e a festa de quatro anos de Olívia?

Não dava para ter os dois. Viajar significaria não estar presente no dia do aniversário dela, e mais do que isso, seria não chegar a tempo para sua festa. Um preço muito alto para mim. Ao longo dos primeiros quatro anos de vida de Olívia perdi muitos momentos por causa de viagem de trabalho, mas havia me prometido que não perderia aniversários e festas.

Começamos a procurar voos que me fariam voltar a tempo da festa. Sugeri até viajar de carro de Chapecó até um outro aeroporto próximo que tivesse voo… Florianópolis, Londrina…. Não tinha. Não era para ser. E não foi. Decidi pelo aniversário de Olívia lamentando perder uma cobertura espetacular de uma história que todos gostariam de contar.

Na madrugada do dia 29 de novembro de 2016 não dormi direito. Estava viajando, em Belo Horizonte para gravar uma entrevista com Robinho sobre o Real Madrid. No quarto do hotel, vi meu celular vibrar e acender por volta das 4h da manhã. Mensagem nova.

– Cara, o avião da Chape tá desaparecido!

Uma verdadeira bomba caiu naquele instante em meu colo. Não consegui conter minhas lágrimas. Não conseguia mais pensar em nada além dos amigos que partiam e da minha “sorte”. Sim, sorte entre aspas, pois o sofrimento de quem fica e a “culpa” que sente, por alguém ter ido em seu lugar no voo, te atormentam por muito tempo. Até o dia em que você percebe que não poderia fazer nada para mudar o destino.

Nesse dia, resolvi transformar o que vivi entre os dias 25 e 29 de novembro de 2016 em livro. “Um voo para a vida” é uma história de escolhas, perdas, sofrimento e, acima de tudo, renascimento  (veja abaixo como comprar). Muita coisa já aconteceu depois daquele dia… mas duas delas vão me marcar e seguir comigo em todos os 29 de novembros da minha vida: a saudade dos meus amigos Guilherme Van der Laars, Djalma Araújo, Paulo Julio Clement, Ari Junior… e a certeza de que estarei presente em todas as festas de Olívia para agradecê-la pelo presente que ela me deu há quatro anos: continuar vivo.

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