A Fifa vai ser indenizada em 201 milhões de dólares (aproximadamente R$ 1,1 bilhão) depois de o Departamento de Justiça dos EUA entender que ela foi gravemente lesada com o esquema de corrupção que envolvia dezenas de dirigentes ligados à entidade e federações nacionais, que ficou conhecido como Fifagate, que estourou em 2015. O anúncio foi feito no início da noite desta terça-feira (24).

A autoridades americanas reconheceram que a Conmebol e a Concacaf também foram vítimas. O dinheiro não será devolvido de uma única vez, mas a primeira quantia a ser devolvida será de 32,2 milhões de dólares (R$ 173 milhões), que serão depositados diretamente no fundo Remissão do Futebol Mundial, supervisionado pela Fundação Fifa e que serve de apoio para financiar o esporte em países mais pobres, além de desenvolver o futebol feminino e as categorias de base.

Presidente da Fifa, Gianni Infantino comemorou a devolução do dinheiro – Imago Images

“Fico feliz por saber que dinheiro que foi ilegalmente desviado do futebol está a ser devolvido para ser utilizado com o devido propósito. Felizmente, já ultrapassamos esse infeliz período e é ótimo ver um significativo financiamento ser colocado à disposição da Fundação Fifa, que pode ter um impacto positivo em muitas pessoas do mundo do futebol, particularmente através de programas comunitários e para jovens”, disse Gianni Infantino, presidente da Fifa.

O dinheiro devolvido à Fifa, na verdade, jamais pertenceu à entidade. O montante foi confiscado em contas bancárias de dirigentes ligados diretamente ao esquema de suborno, que captava verbas de patrocinadores e direitos de transmissão de competições.

Marin foi solto em 2020; Teixeira e Del Nero jamais foram presos

Em maio de 2015, autoridades americanas deflagraram a operação Fifagate em Zurique, na Suíça, onde dezenas de dirigentes estavam presentes para uma reunião na sede da Fifa. Dentre os presos estava José Maria Marin, então presidente da CBF. Ele foi transferido para os EUA em dezembro do mesmo ano e ficou em prisão domiciliar até dezembro de 2017, quando recebeu a pena de três anos e cinco meses de prisão pelos crimes de organização criminosa, fraude bancária e lavagem de dinheiro. As investigações apontaram que ele recebeu 6,5 milhões de dólares de propina por fechar contratos de transmissão.

Em abril de 2020, então com 87 anos, Marin foi solto por ordem da Justiça dos EUA em meio ao início da pandemia do novo coronavírus e retornou ao Brasil.  Além de Marin, a Justiça americana condenou os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero pelos mesmos crimes, mas eles não foram presos já que o Brasil não extradita seus cidadãos.

Outro brasileiro envolvido no esquema era o empresário brasileiro Jose Hawilla, falecido em 2018. Ele teve 150 milhões de dólares confiscados (aproximadamente R$ 806 milhões) de suas contas, já que sua empresa de marketing esportivo tinha trânsito livre com a Conmebol e a Concacaf.

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