O Qatar esperou oito anos para o dia mais importante de seu futebol. Neste domingo (20), a seleção do país estreia na Copa do Mundo, que irá sediar mesmo sem nunca tê-la disputado antes. Um momento que só foi possível graças ao grande investimento feito no avanço do esporte do país, o que gerou um êxodo enorme de jogadores de outras partes do mundo.
Essa movimentação influi diretamente no perfil da seleção, que será a maior em número de naturalizados nesta Copa do Mundo. Ao todo, são dez jogadores. Isso representa quase metade dos convocados do Qatar ao Mundial. Até o treinador é estrangeiro: Félix Sánchez, nascido na Espanha. Portanto, uma verdadeira ‘legião estrangeira’, que ajuda a explicar o caminho do país até este Mundial.
O português Ró-Ró é o lateral-direito titular. Ele chegou ao país em 2011, após passar pela base do Benfica e do Estoril. Com cinco anos de Oriente Médio, foi convidado para se naturalizar e defender o Qatar. Desde então, foram 80 jogos, um gol e um título da Copa da Ásia. Caminho parecido, aliás, fez o zagueiro Boudiaf. Nascido na França, ganhou cidadania em 2013, três anos após desembarcar no país para jogar pelo Lehkwiya.
Participação do governo é fundamental
O fato do Qatar ter tantos estrangeiros se explica, na verdade, como parte de uma estratégia chamada “sportswashing”. O termo em inglês indica quando um governo investe no esporte para diminuir o impacto de notícias negativas internacionalmente. No caso do Qatar, as violações de direitos humanos e más condições de vida dos imigrantes pesam contra a imagem do país.
Foi assim que o governo qatari passou a investir pesado no futebol. O sheik Abdullah Al-Thani, membro da família real, comprou o Málaga, da Espanha, em 2010. Posteriormente, Nasser Al-Khelaifi adquiriu o Paris Saint-Germain, da França. A amizade do ex-tenista com o emir Tamim Al-Thani lhe rendeu um lugar privilegiado junto ao governo, que o nomeou presidente do Fundo de Investimentos do Qatar. Assim, o PSG se tornou um super-rico, contratando Messi, Neymar e Mbappé.
A naturalização não é exclusiva do futebol do Qatar, uma vez que os episódios também são comuns no atletismo e no basquete. Mas, nem todas as histórias da seleção são assim. O volante Ahmed Alaaeldin nasceu no Egito, porém foi morar no Qatar ainda criança. É o mesmo caso do atacante Almoez Ali, nascido no Sudão.
Seja como for, a abertura do Qatar para outros povos também passa por influência do governo na expansão e ao tentar limpar a imagem externa do país. É essa imagem multicultural e agregadora que o país pretende mostrar ao mundo a partir deste domingo. E o sucesso da seleção seria fundamental para tentar consolidar essa imagem no exterior.
Veja os países onde nasceram os ‘estrangeiros’ do Qatar:
Argélia: Boualem Khoukhi
Bahrein: Ali Assadalla
Egito: Ahmed Alaaeldin
França: Karim Boudiaf
Gana: Mohammed Muntari
Iraque: Bassam Al-Rawi e Mohammed Waad
Portugal: Ró-Ró
Sudão: Almoez Ali e Musab Kheder
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