Leven Siano é o mais votado em eleição do Vasco; pleito está suspenso na Justiça

Teve de tudo na primeira eleição direta da história do Vasco. Suspensão do pleito por decisão judicial no início da noite de sábado, retomada à revelia da Justiça 50 minutos depois da interrupção, apagar das luzes nas instalações do clube, agressões entre membros de chapas concorrentes e tiros e correria nos arredores de São Januário. Foi só o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, acatar pedido de tutela provisória feito por Faués Cherene Jassus, o Mussa, presidente da Assembleia Geral do clube, que os episódios dos mais variados começaram a surgir em um ambiente conturbado que está longe de ser novidade quando o assunto é política na Colina. Uma realidade em nada distante do caos vivido em eleições passadas.

Entre discussões de candidatos, ata de encerramento da eleição realizada à luz de velas e descumprimento à decisão judicial que suspendeu o pleito, a mesa diretora do clube deu continuidade à votação e, mesmo com a eleição suspensa, abriu as urnas (que chegaram a ser lacradas) e fez a contagem das cédulas a partir das 2h deste domingo para, posteriormente, ficar a cargo de um novo parecer da Justiça. O motivo alegado foi que o clube não conseguiu em tempo hábil uma empresa de segurança para ficar em posse das urnas. Antes das 5h, o resultado foi divulgado. Leven Siano, da chapa “Somamos” foi o primeiro colocado, com 1.155 votos contra 921 de Jorge Salgado, da “Mais Vasco”. Logo atrás aparece Julio Brant (Sempre Vasco), com 862. O atual presidente Alexandre Campello (No Rumo Certo) teve apenas 336 votos. Sergio Frias (Aqui é Vasco), com 153, foi o último. Ainda tiveram 16 nulos e 4 brancos. Dos 3.447 votos depositados nas urnas, 316 foram de sócios anistiados, que depositaram as cédulas em urna separada, e 113 depois da retomada do pleito. Pela decisão do presidente do STJ, o pleito não poderia ser realizado neste sábado (7) , o que torna a contagem de votos sem qualquer efeito legal no clube. Pelo menos, não por enquanto.

Brant, Campello e Salgado não estiveram presentes na apuração tampouco os fiscais de suas chapas participaram da mesa no momento da contagem das cédulas. O trio já esperava que o resultado não seria diferente.

Ao final da contagem e a proclamação dos números da votação por parte da mesa diretora, Leven Siano não conteve a alegria. Conhecido por suas promessas de transformar o Vasco em uma potência mundial, elevando a folha salarial do futebol para R$ 23,5milhões mensais a partir de abril de 2021 (atualmente, gira em torno de R$4 milhões, e o clube enfrenta problemas corriqueiros com atraso de salários), assim como a contratação do ex-craque holandês Clarence Seedorf para ser o diretor de futebol do clube, ele fez uma série de agradecimentos em um discurso confiante de que será o novo presidente do Vasco, seja nesta ou em uma outra eventual eleição.

“Quero agradecer a cada vascaíno que trabalhou incessantes 21 horas durante esta eleição em prol do amor pelo Vasco da Gama e ao expressivo número de sócios que fez uma grande festa democrática neste sábado. Foram 3.447 sócios do clube que vieram às urnas em uma mobilização rápida de uma decisão judicial de um dia para o outro que colocou todas as chapas em uma condição de buscar os seus eleitores na mesma situação. Certamente ainda teríamos muito mais votos (na chapa “Somamos”). Fiscais de outras chapas não quiseram participar da apuração porque já sabiam que iriam perder. A regra foi igual para todos. Sou um estreante na política do Vasco e isso foi uma vitória extraordinária diante de outros personagens que estão na política do clube há muitos anos, caso seja confirmada judicialmente essa vitória”, destacou Leven, que fez duas críticas aos seus concorrentes:

“Campelo teve uma votação pífia, de cerca de apenas 10% do colégio eleitoral. Por diversas vezes vimos o presidente Alexandre Campello persuadindo sua base dizendo que tinha uma quantidade de votos muito maior do que as urnas mostraram. Muitos fizeram chacota com o meu nome. Outro é o Julio Brant, que já se torna histórico por insistir, tentar e perder: o senhor Julio Brant. Isso mostra a insatisfação do quadro de sócios com esses nomes.

“Ainda não posso me considerar de direito o presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama porque ainda temos um imbróglio judicial a resolver, porém não me diminui o fato de ainda não ser (o presidente). Mas seja na Justiça ou aonde for, se eu ainda tiver ânimo e empenho, e forças para uma outra eventual eleição, nós venceremos novamente porque essa é a vontade da maioria dos vascaínos”, finalizou Leven, puxando como coro o tradicional grito de “Casaca”, seguido do hino do clube.

O novo presidente, seja ele quem for, será empossado em janeiro de 2021 para o triênio 2021/2023.