Um dos destaques do Vasco nos empates contra Palmeiras (1 a 1) e Bahia (0 a 0), o goleiro Fernando Miguel é um dos pilares do técnico Vanderlei Luxemburgo, ao lado do zagueiro Leandro Castan e do atacante Germán Cano. A permissão para que a liderança seja dividida com jogadores de confiança é uma das mudanças em termos de ambiente propostas pelo “Pofexô” em contraposição ao estilo mais centralizador do seu antecessor, o português Ricardo Sá Pinto.

Jogadores do Vasco prestam atenção nas orientações passadas por Vanderlei Luxemburgo durante treino no CT do Almirante – Rafael Ribeiro / Vasco

Castan e Miguel já haviam sido comandados por Luxa em sua primeira passagem pelo clube, em 2019, e gozam de prestígio com o grupo. Quando o zagueiro não é o capitão, a braçadeira acaba destinada ao goleiro, que já a utilizou algumas vezes. Contra o Palmeiras, Cano usou a tarja, já que Castan, poupado, ficou no banco de reservas. Com o xerife suspenso, após expulsão contra o Bahia, tudo indica que Miguel será a voz de comando no próximo compromisso do Cruz-Maltino: o clássico contra o Flamengo, no Maracanã, às 21h, pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro.

“A relação com o Vanderlei já é construída desde a temporada passada. Quando chegou o momento era mais ou menos parecido com esse, porém, ele chegou mais no início do Brasileiro. E teve mais tempo para colocar em prática tudo aquilo que imaginava e que precisava para fortalecer as lideranças que necessitavam ser fortalecidas. Este é um momento que essa parceria, que traz essa identificação e onde ele já conhece o grupo lá de trás, precisa ser mais prática e certeira. São poucos jogos que temos, e ele chegou em um momento muito delicado. Trouxe bastante segurança, confiança, validou a liderança”, disse Fernando Miguel, antes de completar:

“Claro que não é só minha e do Castan (a liderança). Há muitos jogadores que podem compartilhar e dividir com os mais jovens as responsabilidades. Ele (Vanderlei) faz um trabalho de valorização de todos, dá liberdade e responsabilidade para tomar decisões, mas ao mesmo tempo cobrando responsabilidade com todo o processo que envolve esse momento da temporada. É um momento em que não podemos vacilar. Esse conhecimento que ele tem sobre a gente é fundamental neste momento”.

No período em que Sá Pinto dirigiu o time, contudo, o regime era mais centralizado nas instruções do português e de sua comissão técnica, que abriam menos espaço para os atletas tidos como referências para o elenco. Com o retorno de Luxemburgo em janeiro deste ano, a experiência de Cano foi agregada a de Castan e Miguel, assim como o lateral Pikachu, que recuperou a confiança e passou a ser mais aproveitado.

É consenso no Vasco que, apesar do discurso de cobrança e das frases de efeito de Luxa, o ambiente passou a ser mais leve. Tanto que ele promoveu, na semana passada, um churrasco com samba no hotel em Atibaia (SP), onde a delegação ficou concentrada antes de enfrentar o Bahia em São Januário. Apesar de sofrer algumas críticas, o experiente treinador, ciente de suas responsabilidades, deixou claro que não abre mão de momentos de descontração para integrar o grupo, medida considerada fundamental para manter o clube na Primeira Divisão.

Contra o Bahia, um dos concorrentes diretos, os três pontos não vieram. Com isso, o Vasco se vê obrigado a pontuar diante do arquirrival, que ocupa a vice-liderança da competição. Um cenário parecido com aquele diante do Atlético-MG, em que os cruz-maltinos venceram um dos candidatos ao título depois de uma péssima atuação contra o Red Bull Bragantino. Alguém duvida que o Vasco volte a dar uma de Robin Hood e tire mais uma vez alguns pontos dos “ricos”? O problema é que dificilmente isso bastará se não fizer a sua parte e pontuar diante dos “pobres”.

 

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