Felipe David Rocha

Libertadores e Brasileirão? Os paulistas dão a bola, mano!

Pela primeira vez os quatro grandes clubes de São Paulo participaram juntos de uma edição de Libertadores. Não refiro-me ao ano de 2020, e sim 2019, que tinha tudo para reverenciar o quarteto paulista. No fim, a frustração por uma temporada repleta de fracassos. Basta perguntar se Palmeiras, São Paulo, Corinthians ou Santos levantaram algum troféu (sem contar o Estadual, é claro!). Libertadores e Brasileiro foram para o Flamengo, Copa do Brasil para o Athletico-PR e Sul-Americana para o Independiente del Valle, do Equador. Mas em 2020 tudo mudou. Da água para o vinho.

 

Palmeiras

Chega à semifinal da Libertadores com a segunda melhor campanha na história. Invicto na competição, o time soma oito vitórias e dois empates (86,7% de aproveitamento), igualando o desempenho do Santos de 2007 e do River Plate de 1998. Com 29 gols em dez jogos, o Verdão tem o melhor ataque de uma equipe que passou das quartas de final desde a temporada de 1998, batendo o recorde de 25 gols de Atlético-MG (2013), Santos (2003) e Corinthians (2000).

E com apenas quatro gols sofridos, o Palmeiras tem ainda a quarta melhor defesa desde 1988 de um clube que chegou à semifinal. Perde apenas para Corinthians (2012) e São Paulo (2010), que levaram dois gols, e Grêmio (2009), com três. Em 2018 o Alviverde também chegou à semifinal com apenas quatro bolas na sua rede.

Como mandante, os números são avassaladores. Atuando no Allianz Parque, o Palmeiras tem 100% de aproveitamento, com cinco vitórias, 21 gols marcados (média de 4,2 por jogo) e apenas um gol sofrido.

Fora isso, o time está na semifinal da Copa do Brasil – contra o América-MG, nos dias 23 e 30 de dezembro – e realiza uma bela campanha no Brasileirão, aparecendo na quarta posição, com 41 pontos e 11 vitórias em 24 jogos (56,9% de aproveitamento).

Palmeiras passou pelo Libertad nas quartas da Libertadores (Cesar Greco/Palmeiras)

São Paulo

Depois de passar por maus bocados com eliminações precoces e vexatórias no Paulista, Libertadores e Sul-Americana, o Tricolor finalmente se encontrou na temporada. Depois de vencer seus jogos adiados e amassar o Atlético-MG no Morumbi, a equipe de Fernando Diniz foi para 53 pontos no Brasileirão ao final da 26ª rodada e, com 68% de aproveitamento, abriu sete de vantagem sobre o vice-líder Atlético-MG. Ainda aumentou para quase 80% sua chance de título, se aproximando do heptacampeonato e de encerrar um jejum de 12 anos sem o título nacional.

Nem mesmo a quebra da invencibilidade de 17 partidas na derrota para o rival Corinthians abalou o grupo e Diniz, que precisou se reinventar para permanecer no cargo. O São Paulo é o time com mais vitórias (15), o melhor mandante (81%), o segundo melhor visitante (59%), o melhor ataque (45) e a segunda melhor defesa (21), atrás apenas do Grêmio, com 20.

São Paulo amassou o Atlético-MG, pelo Brasileirão (Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Santos

Começo de ano ruim sob o comando do português Jesualdo Ferreira e eliminação nas quartas de final do Paulistão para a Ponte Preta em plena Vila Belmiro. Mas aí Alexi Stival, o Cuca, chegou e tudo mudou. Há quem não goste, mas o trabalho dele à frente do Peixe é exemplar. Tudo bem que o time caiu para o Ceará nas oitavas da Copa do Brasil em novembro, mas a maneira com a qual Cuca conduziu a preparação da equipe foi fundamental para o time dobrar o Grêmio por 4 a 1, na Vila Belmiro, e se classificar para a semifinal da Libertadores após oito anos.

E o primeiro passo foi dado no último fim de semana. O técnico conhecia o desgaste físico de seus principais jogadores e do risco que o duelo com o Flamengo, no Maracanã, teria, então optou por poupar quase todos os titulares no Brasileiro. Foi sábio e criterioso para lidar com o risco calculado, já que sua equipe podia ser goleada – como, de fato, foi. Mas tinha em mente que o prejuízo seria maior caso algum titular se machucasse no Rio. Após a derrota para o Fla, assumiu a responsabilidade pelo resultado e deixou claro que sua preocupação era com a melhor condição possível de seus jogadores na quarta.  Sua estratégia deu certo. Em campo, o Santos usou uma marcação encaixada que anulou qualquer tipo de criação do Grêmio e apostou na roubada de bola e seu contra-ataque mortal para nocautear o adversário.

Outro mérito de Cuca é na relação com os jogadores. Sabe como poucos fazer a ponte entre diretoria e atletas. Foi brilhante na forma de conduzir o caso Lucas Veríssimo, que queria ser negociado, mas ficou e teve grandes atuações nos confrontos com o Grêmio. Como podemos ver, um trabalho magnífico de Cuca na relação com o grupo e na blindagem dos jogadores.

No Brasileiro o time soma dez vitórias em 25 jogos e um honroso oitavo lugar em meio a um time cada vez mais experimentado por jovens. Dá gosto ver a garotada em campo ao lado dos mais experientes, como Marinho e Soteldo. A Vila Belmiro é um celeiro infindável de garotos de qualidade com a bola nos pés. Como ninguém esconde que a prioridade do Santos é a Libertadores, ainda mais agora em uma semifinal, é certo que os prodígios seguirão tendo mais oportunidades no torneio nacional.

Santos não tomou conhecimento do Grêmio na Libertadores (Ivan Storti/Santos FC)

Corinthians

Dos grandes o único que não se encontrou na temporada. Sequer avançou para a fase de grupos da Libertadores ao ser eliminado para o Guaraní (PAR). Apesar de ser finalista do Paulistão e ter levado para os pênaltis a decisão com o Palmeiras, que tinha elenco superior, não conseguiu levantar a taça diante do rival. No comando técnico saiu Tiago Nunes, entrou Coelho e, depois, Vagner Mancini. Na Copa do Brasil, queda para o América-MG, que surpreendentemente chegou à semifinal, mesmo estando na Segunda Divisão.

Otero deu a vitória ao Timão no Majestoso, mas a equipe ainda deixa muito a desejar (Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

A campanha corintiana no Brasileirão reflete a realidade do clube. Falta de dinheiro para grandes contratações, porém vários nomes experientes em campo, mas longe de dar a liga que os torcedores esperavam. Cássio, Fagner, Gil e Luan não vivem seus melhores momentos. Ramiro e Cazares não brilham, e cabe a Otero o protagonismo em um time sem graça. Mesmo assim, o Timão aparece em décimo lugar, o que garante vaga na Copa Sul-Americana do ano que vem. E o principal:  sem dar sinais de que correrá riscos de rebaixamento.

Felipe David

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