Luís Castro, sobre críticas: ‘Me sinto menos parte do que será o Botafogo’

O técnico Luís Castro concedeu uma entrevista à imprensa portuguesa em tom de desânimo com sua participação no projeto a longo prazo do Botafogo. Segundo ele, a cultura de resultados imediatos do futebol brasileiro o deixa cada vez mais preocupado apenas com o trabalho no dia a dia. Afinal, as intensas críticas ao desempenho da equipe neste começo de 2023 levaram o treinador a estar ameaçado no cargo.

Castro, inclusive, parou para ouvir a cobrança de torcedores na saída do aeroporto, na semana passada. Três dias depois, o comandante disse que ainda estava tentando entender o motivo dos protestos, já que o Botafogo não perde há um mês.

“As coisas se misturam muito. Neste momento, olho para mim como cada vez mais um treinador dependente dos resultados, fruto da cultura do Brasil. E menos parte integrante do que será o Botafogo no seu futuro a médio e longo prazo. Claramente essa cultura de resultados está instalada, e nós treinadores temos que aceitar, porque é o contexto e nós temos que nos adaptar. Como tal, minha cabeça começa a estar muito, muito, muito virada para aquilo que é a equipe de futebol, e somente ela”, disse Castro, ao Canal 11.

Pressionado, o português tem nova chance de mostrar a evolução do Botafogo nesta quarta-feira, contra o Ypiranga-RS, fora de casa, pela terceira fase da Copa do Brasil. Até então, o Glorioso foi eliminado precocemente do Campeonato Carioca e, recentemente, fez uma partida ruim no empate com o Magallanes, no Chile, na estreia da Copa Sul-Americana.

Em contrapartida, superou Portuguesa e Audax para levar a Taça Rio (disputada entre o quinto e oitavo colocados do Estadual), como um prêmio de consolação, além de garantir vaga na Copa do Brasil de 2024. No último domingo, a vitória foi por 5 a 2 trouxe otimismo.

Castro pede compreensão com transição

Luís Castro pediu compreensão com a transição que o clube atravessa, após se tornar SAF e aumentar os investimentos. No entanto, ressaltou que não gosta do assunto porque “vão falar que está dando desculpas”.

“O Botafogo quer muito ganhar, as pessoas estão ávidas por ganhar, eu também, qualquer pessoa está. O clube quer muito esse mais, mais e mais. Só que é impossível passar de um ponto para o outro sem fazer a transição, tem que fazer a ponte para chegar ao outro lado. Para o clube se situar onde quero que esteja, nos primeiros lugares da tabela, disputando finais. E andar perto de ganhar títulos, ganhá-los de vez em quando, porque não há clube que ganhe sempre. Pra isso acontecer, tem que haver um conjunto de coisas, que já falei, infraestrutura, elenco. Se eu agora falar isso, vão dizer que estou a dar desculpas. Não quero falar nada disso, só da equipe e mais nada”, disse, resignado.

O dono da SAF alvinegra, John Textor, estará no Rio de Janeiro a partir desta sexta e terá reuniões com o treinador e com a diretoria para avaliar o trabalho de uma maneira geral. O empresário norte-americano, inclusive, assistirá a partida contra o São Paulo no Nilton Santos. Será a estreia de ambos os times no Campeonato Brasileiro.

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