Mais uma vez, faltou gol, mas sobrou público

Ninguém deseja jogar a Série B. Torcedor de clube gigante quer distância disso. Mas é fato que o campeonato da segunda divisão cresceu de tamanho e importância. Na tarde deste domingo (3), por exemplo, as opções estavam no Maracanã, e na Fonte Nova, com estádios lotados e times em busca de pontos que vão ajudá-los a subir.

O curioso é que a B ganhou destaque exatamente pelo fato de abrigar os grandes, que por razões distintas, notadamente péssimas administrações, acabaram por lá. Esse é o óbvio.

Logo, vale dizer que tal situação mostra que o futebol é inesgotável, pois a paixão pelos clubes, nos tempos atuais, é muito maior do que aquela se via em décadas passadas. Procurem saber e perceberão que o movimento em boa parte dos jogos nos anos 1990 era ridículo, inclusive entre os gigantes.

Havia, e isso não faz tanto tempo, a teoria de que a TV ao vivo matava a presença de torcedor em estádio. No entanto, não seria absurdo afirmar que as muitas transmissões é que foram as responsáveis por açambarcar novos públicos, como o feminino, o idoso, que não pode ou tem preguiça de sair de casa, e até de quem não ligava muita para a coisa, mas percebeu a importância, no sentido geral, de vestir uma camisa.

Os clubes representam segmentos e histórias diferentes, de bairros, de cidades, de estados, de comunidades nacionais e estrangeiras, e até, acredite, de interesses políticos e religiosos, e a vitória do time, ou do clube que atrai o torcedor, pode significar um triunfo momentâneo da própria vida.

Na realidade, ninguém comemora ou sofre mais ou menos, na A, B, C ou D. O futebol, que sempre foi motivo para alegrias e frustrações, é hoje bandeira para quase tudo que a sociedade deseja ver representada, e a presença do público, cada qual com a sua, digamos, ideologia, tem sido fundamental. Em todas as divisões.

Pena que as duas partidas, no Maracanã e na Fonte Nova, tenham terminado em 0 a 0. A ausência do gol, no futebol, é sempre trágica. Mas a falta do público, da sua energia, da sua notoriedade, cada qual com a sua visão, símbolo, grupo ou partido, essa sim, é grave. E isso está, por ora, bem distante. A propósito, viram a multidão no Couto Pereira? Rodada que vem tem mais.

*Este texto não reflete, necessariamente a opinião do Jogada10

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