Em meio à luta para que São Januário seja liberado para receber público, o Vasco ganhou mais um reforço de peso para a campanha. Trata-se da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que se manifestou em prol do retorno dos torcedores cruz-maltinos ao estádio. Além disso, a ministra também afirmou que irá enviar um ofício à Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro destacando a preocupação com a decisão da Justiça de manter a interditação da Colina Histórica.

Anielle, aliás, é irmã da ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. Ela discorda do argumento apresentado pelo relatório do juiz Marcelo Rubioli, que citou a violência no entorno de São Januário e na comunidade da Barreira do Vasco. Por isso, o estádio está interditado para a torcida desde 22 de junho, quando houve tumulto após revés para o Goiás, pelo Brasileirão, nas arquibancadas e do lado de fora.

São Januário está interditado para o público desde o dia 22 de junho – Foto: Divulgação / Vasco

Confira a série de postagens da Ministra Anielle Franco

“Sou flamenguista – essa foto é de quando fui atleta pelo Vasco – mas preciso falar de algo que vai além do esporte: a interdição do Estádio de São Januário e o que isso escancara. O Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, é um patrimônio que vai além do Clube de Regatas Vasco da Gama e de seus torcedores, e sua interdição tem prejudicado sobretudo a geração de renda dos trabalhadores da região, que são majoritariamente pessoas negras e pobres. Após conflito entre torcidas, a justiça do RJ, a pedido do Ministério Público do Estado, interditou o Estádio de São Januário.

Na decisão, apontou-se que a proximidade com a favela da Barreira do Vasco é um dos motivos para que não se tenha condições de segurança no estádio. Os órgãos de justiça não devem perpetuar em suas decisões ações e atos discriminatórios, fomentar a criminalização e racismo vai contra a nossa constituição e o dever do Estado brasileiro. Nós do Ministério da @igualracial_gov encaminharemos um ofício ao PGJ do @MP_RJ externando nossa preocupação com a estigmatização que esta decisão criou.

Fui atleta do Vasco e tenho um carinho pelo time. Tenho respeito pela história de um clube de origem popular e negra. Sou favelada e tenho o compromisso de trabalhar contra a criminalização das nossas favelas e do nosso povo. Esta decisão afeta a geração de renda e impacta toda a cidade. A Barreira é parte fundamental da alma do clube, é também dali as pessoas que trabalham em dias de jogos. O sustento de mais de 20 mil pessoas que moram na favela depende dos jogos do Vasco no estádio. O Observatório do Trabalho Carioca da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda, constatou a queda 60% na receita do comércio da Barreira.

O racismo ocorre dentro e fora do campo, nossa equipe pretende fazer uma escuta com os trabalhadores da região para pensarmos junto com órgãos do estado e do município medidas de mitigação deste impacto. Toda solidariedade ao Clube de Regatas Vasco da Gama, sua torcida e todos os moradores de favelas e periferias afetados por esta ação. Fui capitã do time e tenho um carinho pelo time. Avancemos no combate ao racismo e todo e qualquer tipo de discriminação e criminalização”

Com a interdição, o Vasco já não poderá jogar o clássico contra o Fluminense, no dia 16, às 16h (de Brasília), em seu estádio. Com isso, o duelo entre os rivais será disputado no Nilton Santos, alugado pelo Botafogo. Dessa forma, o jogo contra o Coritiba, dia 19, virou o alvo da diretoria para retomar sua casa.

Artistas e personalidades vascaínos se manifestam

O Vasco produziu um vídeo com artistas e ex-jogadores que torcem pelo clube ou vestiram a camisa cruz-maltina em suas carreiras. Eles repetem “discriminação não” e também pedem a liberação de São Januário. Aparecem, entre outros, os atores Bruno Mazzeo, Eri Johnson, Antonio Pitanga, Camila Morgados e os ex-jogadores Bebeto e Sorato, que inclusive foram campeões do Campeonato Brasileiro em 1989.

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