Após diversas denúncias de manipulação que contemplavam as divisões inferiores do Brasileirão, o problema parece ter chegado de vez à Série A. O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou o que considera uma suspeita de fraude em pelo menos oito jogos do Campeonato Brasileiro do ano passado. Os promotores também analisam jogos de Campeonatos Estaduais já de 2023.

De acordo com a revista ‘Veja’, a denúncia dá conta de uma quadrilha que tenta manipular resultados através de sites de apostas esportivas. O MP investiga Bruno Lopez, o BL, que seria o chefe da quadrilha, além de outras 16 pessoas. Dos oito jogos sob suspeita, seis deles teriam, de fato, contado com movimentações fraudulentas.

Eduardo Bauermann, do Santos, teria recebido R$ 50 mil em manipulação no Brasileirão – Ivan Storti/Santos FC

O Juventude (três vezes) e o Santos (duas) teriam jogadores envolvidos nos jogos sob suspeita de manipulação, no último Brasileirão. As fraudes consistiriam em pagamentos de até R$ 200 mil a jogadores para que cometessem pênaltis ou recebessem cartões amarelos ou vermelhos durante os jogos. Ainda de acordo com o MP, nem todos os jogadores aceitaram as propostas.

Eduardo Bauermann, do Santos, teria aceitado R$ 50 mil

O relatório do MP cita Palmeiras x Juventude, Juventude x Fortaleza, Goiás x Juventude, Ceará x Cuiabá, Sport x Operário, Bragantino x América, Santos x Avaí, Botafogo x Santos e Palmeiras x Cuiabá, em 2022, como os jogos com movimentações fraudulentas no último Brasileirão. Já neste ano, estão sub suspeita Bragantino x Portuguesa e Guarani x Portuguesa, pelo Paulistão, além de Esportivo x Novo Hamburgo e Caxias x São Luiz, pelo Gauchão.

Ainda de acordo com o Ministério Público, um dos jogadores a ter aceitado a proposta da quadrilha foi o zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos. Ele teria concordado em fazer um pênalti no jogo contra o Avaí em troca de pelo menos R$ 50 mil. Embora não tenha cometido a penalidade, ele foi expulso no jogo seguinte, diante do Botafogo, para o qual também teria aceitado uma quantia, não revelada.

Outros jogadores que também estariam de acordo com o esquema são Juninho e Paulo Miranda, do Juventude, Igor Aquino, do Cuiabá, Kevin Lomónaco, do Bragantino, Victor Ramos, da Portuguesa, Fernando Neto, do Operário, Nikolas, do Novo Hamburgo, e Jarro, do São Luiz. Todos receberiam quantias entre R$ 20 mil e R$ 100 mil para serem expulsos ou cometerem penalidades máximas nas partidas designadas.

O MP pediu, além da punição aos supostos envolvidos, o ressarcimento de R$ 2 milhões, contando com todos os acusados, aos cofres públicos.

Zagueiro foi cobrado por apostador

Após não cometer o pênalti no jogo contra o Avaí, Eduardo Bauermann recebeu cobranças de um dos apostadores supostamente envolvidos no esquema. A transcrição de um áudio, divulgada primeiramente pelo portal ‘ge’, mostra que o acusado se irritou porque o jogador santista não cumpriu com o que seria combinado. Ele teria sugerido ser expulso no jogo seguinte, contra o Botafogo, o que aconteceu de fato, mas somente após o jogo.

“Olha a p. da m. que você fez. Mano, por que você não fez a p. que eu te falei? Por que não tomou essa p. no primeiro tempo? Você me f. de novo, mano. Mais (sic) dessa vez você vai resolver. Mano, você vai me pagar, tudo. Eu te pedi, eu confiei em você, mano. E você me desonrou. Não tô acreditando nisso. Não deu certo porque você não escuta os outros. Era uma p. de uma curuvelada (sic), um tapa na cara do jogador. Só isso, você não fez mano, porque você não quis”, disse o apostador.

Por sua vez, Bauermann tentou contemporizar e prometeu devolver o dinheiro pago antecipadamente ao jogador. O Santos, clube do zagueiro, afirmou que não irá comentar o caso até conversar internamente com Eduardo.

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