O ano é tão especial para Tiquinho Soares, do Botafogo, que até mesmo o Sousa, equipe de sua cidade-natal no sertão paraibano, pode ser campeã nacional. Em trajetória avassaladora, o Dino decide a classificação para a Série C neste domingo, às 15h, no Marizão, contra a Ferroviária-SP. No mesmo fim de semana em que o artilheiro do Brasileirão, filho da terra, retorna de lesão para enfrentar o Flamengo em busca de dar mais um passo rumo ao título da Série A.

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Eufórico com a fase de seu ex-clube, Tiquinho frequentemente envia várias mensagens de parabéns para o presidente do Sousa, Aldeone Abrantes. Desta vez, nas próximas férias, está na expectativa de visitar suas origens com os dois canecos, um fato duplamente inédito.

 

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Para alcançar as quartas de final, o clube sertanejo passou por muitas dificuldades. Não somente contra os adversários, mas nos campos e estrutura da última divisão do país. Afinal, a Série D é o palco do futebol raiz. Mas, apesar das críticas, o dirigente defende que a CBF conseguiu tornar a competição viável financeiramente. E celebra o bom momento, que chegou a ter dez partidas invicto.

“Fomos adquirindo a confiança aos poucos, uma casca, depois de perder o título paraibano em casa, mesmo com vitória (Treze foi campeão nos pênaltis) e com a melhor campanha. Na Série D ficamos invictos da reta final em diante. Temos um time atrevido. Então merecemos muito chegar aqui. Olhamos para todos meio a meio hoje. É a nossa cereja do bolo, né? E vamos com tudo”, disse o presidente.

SÉRIE D, O FUTEBOL RAIZ

O Jogada10 assistiu a uma das vitórias do Sousa na primeira fase. De virada, o time derrotou o temido Santa Cruz e empolgou os torcedores para a arrancada na competição. Na época, o estádio recebeu pouco mais de mil torcedores, bem diferente dos cerca de 10 mil nos duelos seguintes de mata-mata. Dessa forma, foi possível notar o comportamento divertido do povo do sertão.

Ao ver uma finalização errada, um torcedor berrou “vai chutar o c.. do burro!”. Após um dos reforços desperdiçar uma bola, outro perguntou: “Veio do Vasco esse aí?”. Havia, inclusive, mais policiais do que jogadores em campo, já prevendo as frequentes confusões da divisão. Porém, um deles confessou à reportagem que pediu para trabalhar só para ver o jogo do Sousa, “senão a patroa não deixava”.

Aos 40 minutos do primeiro tempo, a bola foi isolada para fora do estádio. E não voltou mais. Perto do fim do jogo, um temporal desabou sobre o campo e a arquibancada sem marquise. Mesmo assim, o Marizão mostrou qualidade no gramado e também nos acessos. Bem diferente de outros casos da Série D, no interior do Nordeste e no Norte, onde os atletas saem junto com o torcedor ou não há alambrado.

Estádio Marizão na partida entre Sousa e Santa Cruz, pela Série D – Foto: André Casado

“São detalhes que a CBF ainda precisa ver. Jogamos em um campo em Pacajus (Ceará), que é o pior que já vi na competição. Sem condição nenhuma. Além de ter o problema de muitos árbitros assistentes serem locais, para economizarem com a viagem. Nunca são simpáticos ao Sousa ou qualquer visitante. Tem que investir nisso”, lembrou o presidente do Sousa.

SOUSA: SALÁRIOS EM DIA E PREMIAÇÃO

O sucesso do Sousa, no entanto, não é por acaso. Ao longo dos anos, o clube vem se desenvolvendo significativamente, paga os salários em dia, oferece as premiações aos jogadores (até aqui, foram cerca de R$ 200 mil) e não acumula nenhuma dívida cível ou trabalhista, segundo o presidente. Além de ter resultados à altura de Botafogo-PB, Treze Campinense, tradicionais rivais do Estado com mais receita.

“Esse é um compromisso que nós temos aqui. O trabalho e o comprometimento está pagando. E cada vez mais os jogadores querem vir para o Sousa, porque sabem que vamos cumprir com tudo. Assina CLT, recebe seguro-desemprego… Ainda tem muito clube errado no futebol brasileiro, inclusive na Série A, mas aqui não. Enxergamos esses resultados como um prêmio pelo que temos feito”, frisou Aldeone.

O presidente do Dino já foi treinador da equipe, há mais de 20 anos. Desde então, assumiu a caneta e não saiu mais. O clube, de fato, deu um salto enorme, afinal já foi 400º no ranking da CBF. Hoje, se aproxima de entrar entre no grupo dos 60 melhores, caso derrote a Ferroviária em casa. Querido pela torcida, Aldeone não abre mão de discursos de motivação no vestiário e já causou algumas polêmicas.

 

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“Boto edital, mas os ‘cabras’ não aceitam que tenha outra eleição. É único clube do mundo que o presidente quer descansar e não pode (risos). Não é que o Aldeone não quer sair, é ao contrário. Virou uma lenda isso de quando eu vou parar”, brinca o dirigente.

CARINHO DE TIQUINHO

Torcedor do Flamengo, o dirigente foi um dos críticos públicos mais ferrenhos do ex-técnico rubro-negro Vitor Pereira. Mas, hoje, segundo ele, isso está em segundo plano. Afinal, por causa de Tiquinho, está na torcida para o Botafogo ser campeão brasileiro.

“A vibe é boa demais com Tiquinho lá, e trouxe essa sorte para gente. Ele tem um carinho especial pelo clube, parabeniza sempre. Apesar de só ter jogado um ano só aqui, e foi porque ele pediu para ter um passagem no Sousa (em 2011). É um homem de muita humildade, nunca desprezou as origens. E é dedicado demais. Isso faz uma diferença grande, porque qualidade ele tem. Já tive até problemas com o grupo de amigos flamenguistas, mas estou torcendo muito para o Botafogo. Não quero que o Flamengo passe”, contou.

Mensagem de Tiquinho ao presidente Aldeone Abrantes durante a Série D – Foto: Reprodução

OUTROS CONFRONTOS DECISIVOS DA SÉRIE D

No jogo de ida, a Ferroviária derrotou o Sousa por 1 a 0, em Araraquara. Portanto, a missão do Dino não é fácil. Se vencer por um gol de diferença, às 15h, no Marizão, a disputa da vaga na Série C e nas semifinais da Série D vai para os pênaltis.

Além deste confronto, outras três partidas definem os outros classificados:

Portuguesa-RJ x Caxias-RS – neste sábado, às 15h
Athletic-MG x Bahia de Feira
– neste sábado, às 17h30
Ferroviário-CE x Maranhão
– domingo, às 17h30

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