Garrincha, o gênio das pernas tortas, completaria 88 anos nesta quinta-feira, 28 de outubro. Maior craque da história do Botafogo e um dos maiores nomes do futebol mundial de todos os tempos, o camisa 7 sempre foi conhecido por sua facilidade de enganar os adversários com suas jogadas desconcertantes.

Mesmo não estando mais entre nós desde 1983, Garrincha ainda é capaz de “driblar”. Por muito tempo, acreditou-se que ele havia nascido no dia 28 de outubro, atestado até mesmo por seu biógrafo, o jornalista Ruy Castro, no livro “Estrela Solitária”.  Mas a história reserva uma surpresa.

Garrincha em ação com a camisa da Seleção Brasileira – Reprodução

A família do craque, assim como o Botafogo, crava: ele nasceu no dia 18. E quem garante é Alexsandra Mario, uma das netas do eterno camisa 7. Ela falou com exclusividade ao Jogada10.

“Sinceramente, não entendo isso. Vários sites colocam que ele nasceu no dia 28 de outubro. Não sei de onde surgiu isso. Não sei dizer, mas posso te garantir que já olhei a certidão de nascimento dele e está lá: dia 18 de outubro”, afirma Alexsandra, de 49 anos e que ainda vive em Magé (RJ), onde seu avô nasceu e cresceu.

Alexsandra é filha de Edenir, que nasceu do relacionamento de Garrincha com a Dona Nair, primeira mulher do craque, que teve 15 filhos. Curiosamente, nenhum deles (assim como nenhum dos netos) seguiu seus passos e virou jogador de futebol. Alexsandra não tem fotos com o avô.

Alexsandra é uma das netas de Garrincha- Arquivo Pessoal

Jogada10: Quando o Garrincha morreu você tinha 11 anos. Quais as lembranças você tem dele?

Alexsandra: A ultima lembrança que tenho dele foi quando ele veio aqui em Pau Grande (distrito de Magé. Na época, ele morava em Bangu), uns dois meses antes de morrer (20/1/83). Veio votar.  A lembrança mais forte que tenho é essa. Ele estava bem cabisbaixo. Era muita gente querendo abraçar, pedindo autografo. E ele sempre muito atencioso. Eu tinha 11 anos, sabia que ele estava triste, mas não sabia o porquê. Acho que era por causa da doença, problemas de saúde (NR: Garrincha morreu por complicações do alcoolismo).

Jogada10: O que falam e falavam dele para você?

Alexsandra: As filhas dele falavam que ele era muito brincalhão, atencioso e amável. Ninguém sabia que ele pagava as contas no mercadinho para os amigos, quando ele chegava dos jogos. Ele ia lá ver quem estava devendo e pagava, sem avisar, o que pegava todos de surpresa. A humildade dele era tudo

Jogada10: Como você ficou sabendo da notícia da morte dele? Como foi a reação?

Alexsandra: Na época, eu tinha 11 anos e estava numa colônia de férias aqui perto de casa. Uma coleguinha me contou, antes da minha mãe. Eu levei um baque, comecei a chorar e fui para casa. Chegando lá, a casa estava lotada de gente, incluindo repórteres.

Jogada10: O Garrincha é um dos maiores jogadores de todos os tempos. Você acha que ele tem o devido reconhecimento nacional e internacional?

Alexsandra: Lógico que não! Nunca teve. Infelizmente, no Brasil, você só tem reconhecimento se tiver dinheiro. Com ele, aconteceu a mesma coisa. Ele não foi reconhecido como o melhor mesmo sendo o melhor. Foi ignorado só pelo simples fato de ser uma pessoa simples. Queria estar feliz. Só isso.

Jogada10: Você acha que o fato dele ter problemas com álcool pesam para isso?

Alexsandra: Acredito que não. Maradona era drogado e foi reconhecido. O meu avô não teve reconhecimento porque não cresceu na vida. Ele era enganado, massacrado, jogava com dores, tomava injeção no joelho… Vivemos em um país onde você só é reconhecido por aquilo que tem no bolso. Meu avô era muito simples e gostava de estar com pessoas, simples e humildes.

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