A Seleção Brasileira sub-20 começa neste domingo (21) a sua caminhada em busca da sexta taça da Copa do Mundo da categoria. Às 18h (de Brasília), a Canarinho enfrenta a Itália, em Mendoza, na Argentina. Para tratar deste time do Brasil, o Jogada10 conversou com o técnico Ney Franco, campeão do Mundial Sub-20 em 2011, com uma equipe formada por Philippe Coutinho, Casemiro, Danilo, Oscar e outros grandes jogadores.

Ney Franco com a taça de campeão da Copa do Mundo Sub-20 – Divulgação / FIFA

Para Ney Franco, a Seleção Brasileira sub-20 inicia a sua campanha na Copa do Mundo como uma das candidatas ao título. Mas, além de destacar o elenco brasileiro, o treinador chamou a atenção para o seu colega de trabalho, Ramon Menezes. Ney Franco destaca as qualidades do técnico da Canarinho, e o intitula como um dos grandes treinadores do futebol brasileiro no futuro.

“Ramon está capacitado para o atual cargo. Primeiramente, tem todas as experiências no futebol. Foi um jogador formado na base do Cruzeiro, com passagem na Seleção Brasileira, principalmente na base, e essa experiência conta muito. Posteriormente jogou em grandes clubes, inclusive com convocações para a Seleção principal. Depois, após parar de jogar, se preparou. Tive a oportunidade de conversar com o Ramon sobre futebol. É um profissional bem antenado. Já teve experiência também como treinador profissional”, disse Ney Franco, em exclusividade ao J10.

Ramon Menezes durante treino da Seleção sub-20 – Rafael Ribeiro / CBF

“Assim, vejo que ele está no cargo no momento certo e preparado para isso. Teve essa experiência como treinador da Seleção principal. Isso amadurece ainda mais.  Aliás, Ramon tem um potencial enorme para ser um dos grandes treinadores do futebol brasileiro” completou Ney Franco sobre Ramon Menezes.

Destaques da Seleção sub-20

Um celeiro de grandes nomes da história do futebol, o Brasil é conhecido por formar grandes craques. Mas, até se consolidarem no profissional, eles passam pelo futebol de base. Assim, Ney Franco chamou atenção para nomes do elenco sub-20 do Brasil que impressionam e têm tudo para fazer bonito na Argentina.

“Vejo essa Seleção com um time muito talentoso. Aliás, tem um jogador da Seleção que me chama muita atenção que é o Andrey, titular do Vasco e que o Chelsea o comprou. Um volante moderno, com capacidade de chegar ao ataque para fazer gols. E finaliza muito bem, inclusive em bolas paradas “, disse Ney Franco sobre Andrey, capitão do Brasil sub-20.

Andrey está na mira do Palmeiras
Andrey Santos comorando gol do Brasil sub-20 – Divulgação/CONMEBOL

“Me chamou muita atenção também o goleiro Mycael, do Athletico. Tem boa envergadura e fica bem posicionado dentro do gol. No geral, é uma Seleção muito talentosa. Que os jogadores possam vingar, assim como foi a nossa Seleção em 2011”, detalhou o treinador sobre o goleiro do Athletico.

Jogadores lesionados

Aliás, além de citar os nomes que chamam a atenção entre os jogadores que representarão o Brasil na Copa do Mundo-20, Ney Franco também destacou outros atletas que não disputarão o Mundial, seja por lesão ou pela não liberação dos clubes. Dessa forma, entre eles, Pedrinho (Corinthians), Alexsander (Fluminense) e Vitor Roque (Athletico).

“Dentro desse talento, temos jogadores que já estão confirmados que não estão na competição, como o Pedrinho, do Corinthians, lesionado. Além dele, o Alexsander, do Fluminense, que se lesionou, também é um jogador que joga em uma equipe muito forte. Foi muito legal ver que o Diniz conseguiu encaixá-lo ao lado do Marcelo. Mas, pena que teve essa lesão. É um jogador com um potencial enorme”, afirmou.

“Vitor Roque é outro jogador que teve uma boa formação, joga no Athletico e disputa Libertadores, Brasileirão. Fez um grande Sul-Americano. Afinal, até por ser o atacante, é um jogador com potencial enorme para vestir a camisa da Seleção Brasileira principal. Aliás, com certeza será um dos jogadores que vestirá a camisa de gigantes do futebol europeu”, elogiou Ney Franco.

Vitor Roque é um dos grandes nomes do futuro do futebol brasileiro – José Tramontin/athletico.com.br

Não liberação dos clubes

Na véspera da convocação de Ramon Menezes, torcedores ficaram na expectativa pela lista final, já que o treinador tem que lidar com um dilema na Seleção sub-20: a não liberação dos clubes. Como a Copa do Mundo Sub-20 não está inserida em data-Fifa, os clubes não têm a obrigação de liberar seus atletas. Assim, o treinador não pode convocar, por exemplo, nomes importantes dessa geração, como Endrick, do Palmeiras, e o próprio Vitor Roque, do Athletico.

“Vimos no futebol brasileiro, nos últimos anos, clubes utilizando jogadores de 18 e 19 anos em suas equipes principais. Acredito que tem atletas que podem ser ponto de desequilíbrio em competições como Brasileiro e Libertadores”.

“A gente sabe que quando a Seleção Sub-20 vai disputar competições os jogadores ficam muito tempo fora de seus clubes. Esses atletas com grande talento desde os 15, 16 anos, em alguns momentos, ficam mais tempo em treinamentos ou em competições internacionais do que no próprio clube. Acho que temos que entender o posicionamento dos clubes. A CBF tem que dar essa condição de negociar isso com os clubes. Mas, logicamente, que uma competição internacional, como o Mundial, amadurece muito o jogador. Essa oportunidade de enfrentar, principalmente, as escolas europeias, vestindo a camisa da Seleção, dá uma experiência a mais”, opinou Ney Franco.

Palmeira não liberou Endrick para a Copa do Mundo Sub-20 – Cesar Greco/Palmeiras

“Mas isso é muito complexo, já que estamos falando de um Pedrinho, por exemplo, que faz falta no Corinthians. O próprio Andrey, hoje, no Vasco. Então, a gente entende que tem que ter uma relação de CBF com os clubes. Mas, o entendimento também de achar um equilíbrio, já que o Brasil sempre tem bons jogadores. Se conseguir levá-los para as competições, será o favorito”, completou.

Veja outras respostas do técnico Ney Franco

Lembranças do título da Copa do Mundo Sub-20 em 2011

“Primeiramente, foi a formação do elenco. Antes do Mundial nós tivermos a oportunidade de reunir o grupo em dezembro (2010) e janeiro (2011) na Granja Comary. Tivermos a disputa do Sul-Americano Sub-20, antes da Copa do Mundo, onde nos sagramos campeões. Aliás, ali deu uma estrutura, uma autoconfiança para que a gente pudesse preparar a equipe e criar-se um ambiente favorável para preparar o time para um Mundial, na Colômbia.

Ney Franco ao lado dos jogadores da Seleção Sub-20 de 2011 – VANDERLEI ALMEIDA/AFP via Getty Images

“Entre o Sul-Americano e o Mundial, perdemos dois jogadores para a Seleção principal, o Lucas Moura e o Neymar. Posteriormente, tivemos a competência de trazer dois atletas, o Philippe Coutinho e o Dudu. Acho que essa também é uma lembrança. Primeiro a montagem do elenco para o treinamento e a passagem pelo Sul-Americano. Depois a competição em si. Um torneio muito difícil, com uma qualidade técnica muito alta, com as equipes contando com jogadores muito técnicos.”

“Lembro que enfrentamos o México, em um jogo muito difícil, assim como foi com a Espanha, equipe muito forte, com uma grande posse de bola. A gente conseguiu superar as dificuldades nesses jogos, tanto na qualidade técnica, como na parte física. Estávamos muito bem taticamente também. Uma equipe que sabia jogar em três sistemas: 4-2-3-1, 4-3-3 e 3-5-3, o último com o Casemiro fazendo o terceiro zagueiro. Assim, as lembranças são de um trabalho muito bem realizado, em um ambiente muito bom.”

O título da Copa do Mundo Sub-20 é um dos maiores de sua carreira?

“Eu coloco como um dos principais títulos da minha carreira. Tem títulos de Sul-Americana pelo São Paulo, Copa do Brasil pelo Flamengo, Campeonato Brasileiro da Série B pelo Corinthians, campeonatos regionais também. Mas, sem dúvida, ter esse título Mundial no currículo, com essa geração ótima, é um grande título que tenho.”

Título sul-americano é positivo?

“Este título te dá uma bagagem e uma autoconfiança. Você passa por uma experiência com os seus atletas, de jogo, de dia-a-dia, se torna uma experiência positiva, vitoriosa. Com isso, o grupo ganha, não só nos aspectos técnicos e táticos, ganha no aspecto emocional também. Além disso, passa uma mensagem aos adversários: você está enfrentando o atual campeão sul-americano. Isso tem um reflexo enorme dentro de campo se for explorado emocionalmente, sem deixar que isso vire uma equipe que sinta o lado de você assumir ser o candidatíssimo a ser campeão. Tem que saber jogar com isso também. Aceitar que o Brasil é sempre favorito nas competições. Mas, ao mesmo tempo, achar o equilíbrio sabendo que o Brasil vai encontrar seleções com características diferentes.”

Aliás, vale destacar que, assim como em 2011, a Seleção Brasileira sub-20 chega para disputar o Mundial na Argentina como a atual campeã do Sul-Americano da categoria.

Qual o nome ideal para assumir a Seleção principal?

“O grande nome para treinar a Seleção Brasileira, pelo trabalho que vem fazendo, é o de Fernando Diniz. O nome ideal pelo momento que ele vive e amostras de capacidade em formar equipe. Aliás, é um treinador que se pegasse a Seleção Brasileira a gente veria uma equipe em condições de ganhar títulos e jogando bonito.”

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