O Botafogo da derrota por 4 a 3 para o Palmeiras, no Nilton Santos, é a síntese da campanha do time no Campeonato Brasileiro. Assim, a primeira etapa da partida pode ser comparada à espetacular trajetória no primeiro turno. A equipe foi arrasadora, venceu por 3 a 0, impondo-se em campo com total autoridade e deixando na torcida a certeza da conquista do título.
Lembrou, então, aquele Botafogo dirigido pelo técnico Luís Castro e que viu o interino Cláudio Caçapa manter a sequência de vitórias após a decisão do português de seguir para o futebol saudita. O Alvinegro foi dominante em todos os setores, fez três gols, perdeu outros e impôs a Abel Ferreira uma das mais duras derrotas neste longo período em que está no clube paulista. O Nilton Santos vivia noite de êxtase.
Mas o Botafogo se perdeu
Veio o segundo tempo e aí apareceu também o Botafogo do segundo turno. Um time inseguro, que não sabe se joga ou se especula com a vantagem, herança deixada pela péssima passagem de Bruno Lage, treinador que sempre analisava os jogos pela tacanha ótica do pontinho, do empate como ótimo resultado. E assim o time foi se perdendo e perdendo o jogo.
O gol do talentosíssimo Endrick logo no início do segundo tempo foi a senha para agravar esse comportamento. Apesar dos 3 a 1 no placar, os jogadores alvinegros sentiram demais. O interino Lúcio Flávio não entendeu as mudanças do adversário, que cresceu e sufocou. A expulsão de Adryelson e o pênalti perdido por Tiquinho devastaram de vez o Botafogo. Ali, os péssimos segundos tempo e turno do time se consolidavam, mesmo com a torcida se desdobrando em alma e coração.
Punhalada
A virada veio no último lance, como uma punhalada que une dor e medo de deixar escapar um título ganho até pouco menos de uma hora antes. Se o Botafogo terá condições de se manter na liderança até o fim, é muito difícil dizer. A pressão de 28 anos sem conquista expressiva é colossal, a inexperiência de Lúcio Flávio como treinador salta aos olhos e o multicampeão Palmeiras de Abel Ferreira é o pior adversário para se ter nos calcanhares. Ainda mais motivado por uma vitória histórica. Ah, o Botafogo do segundo tempo e do segundo turno…
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