O Botafogo tem salvação? Jornalistas alvinegros debatem o cenário do clube

Na penúltima colocação do Campeonato Brasileiro, a cinco pontos do primeiro time fora da zona de rebaixamento, o Botafogo enfrenta novamente uma situação delicada para manter-se na elite do futebol do país. Para piorar, o clube vem trocando de treinadores em uma velocidade preocupante. Em pouco mais de 30 dias, três nomes passaram por General Severiano, sendo que, um deles (Ramón Díaz), com uma cirurgia prevista, sequer estreou. A mais nova aposta (Eduardo Barroca) testou positivo para a Covid-19, e o primeiro da sequência (Bruno Lazaroni) não teve um mês para mostrar serviço.

Contudo, os problemas não se restringem ao campo. O Botafogo acumula R$ 1 bilhão em dívidas e não consegue fazer com que o projeto de virar um clube-empresa saia do papel. A tentativa para deixar o Glorioso mais viável economicamente não passa de uma bravata. Presidente recém-eleito, Durcesio Mello terá muito trabalho para não deixar o Alvinegro entrar em um caminho sem volta.

O Jogada10 ouviu a opinião de jornalistas/influenciadores da Mídia Independente do Botafogo sobre a situação do clube. Confira!

Fabiano Bandeira, canal “Muito Botafogo”

“Não acredito mais no modelo atual, falido e amador”

Não acredito mais no modelo atual, arcaico, falido e amador. Tinha esperança na S/A. O futebol precisa de uma gestão e o clube, com os esportes olímpicos, outra. O Botafogo necessita de um aporte financeiro importante, algo distante do atual cenário. Durcesio fala em profissionalismo, CEO, cargos remunerados, mas repito: o clube precisa angariar recursos para sair de sua asfixia financeira e se livrar de penhoras e salários atrasados recorrentes. A solução não é simples, e o debate é amplo. O Botafogo, se cair, pode enfrentar os mesmos problemas do Cruzeiro. Vamos ver o lado bom? É uma marca forte, com mais de quatro milhões de apaixonados espalhados pelo Brasil e em alguns lugares do mundo. Pode ter um CT em breve… Em campo, o problema é a postura apática do time, uma equipe morosa e com medo de atacar o adversário. A chegada de Barroca pode trazer um ânimo diferente. A nova diretoria passou a frequentar mais o Nilton Santos, em contraposição a Nelson Mufarrej, mandatário marcado pela omissão. Claro que esperávamos mais de Marcelo Benevenuto e Victor Luís, que vêm falhando muito. Honda precisa ser mais protagonista. Temos problemas nas pontas, que não escapam de outros times. É um torneio nivelado por baixo. Se organizar minimamente e colocar mais disposição, há salvação.

Carlos Eduardo Sangenetto, editor do site “FogãoNET”

“Confrontos diretos e técnico que conhece bem o clube”

Não há muito o que fazer. Sem o público nos estádios, não dá nem para torcida do Botafogo tentar empurrar o time nas arquibancadas do Estádio Nilton Santos. Mas acho que, mesmo assim, todos os alvinegros devem acreditar na salvação até quando for possível. Afinal, nada pior do que o sentimento de abandono, seja dos torcedores como dos dirigentes. Acho que, dentro de campo, os botafoguenses podem apostar suas fichas em um técnico que, apesar de não ter conseguido bons resultados recentemente na carreira, conhece muito o clube e os jogadores. E vale acreditar também nos confrontos diretos que ainda vão acontecer neste returno do Brasileirão-2020, contra Coritiba (F), Vasco (F), Sport (C), Atlético-GO (C) e Athletico-PR (C), por exemplo. Há muito campeonato pela frente, decretar qualquer coisa no momento é precoce. Sobre a imagem do Botafogo fora das quatro linhas, dá para sentir alguns bons fluidos, como os recentes acertos com patrocinadores (dinheiro novo) e o discurso da introdução do modelo profissional no departamento de futebol a partir de janeiro, quando o Durcesio Mello, presidente eleito, assume o clube.

Daniel Braune, canal “BrauneFogo”

“Não há tempo para uma reviravolta administrativa”

Como jornalista e um mero comunicador, me faço essa pergunta todos os dias. Não dá para saber se o Botafogo tem salvação. O clube não tem mais tempo para uma reviravolta administrativa, mesmo que boas ideias fossem apresentadas, o que não ocorreu durante o último pleito eleitoral. Sempre mais do mesmo. Você tem uma S/A que não saiu por falta de um aporte financeiro. Não estamos em 2005-2010, e não há tempo administrativo para virar o jogo, como aconteceu com Grêmio, Palmeiras e Flamengo. O Botafogo, sozinho, não consegue se levantar. Sem aporte financeiro, as boas ideias não vingam. Investidor, projeto, mecenas… Essa é a situação.

Pedro Dep, canal “Setor Visitante”

“O exemplo de 1999 mostra que nada está perdido”

Apesar de tudo o que já aconteceu, tem salvação, sim. E eu posso dar um exemplo de um ano em que o rebaixamento do Botafogo era considerado favas contadas. Lembro sempre do Campeonato Brasileiro de 1999. O time precisava de nove vitórias em dez partidas. Antônio Clemente (técnico nas rodadas finais) chegou e conseguimos. Mesmo se o Botafogo perder os próximos três jogos, complicadíssimos, as possibilidades ainda são reais. Precisaríamos de oito triunfos em 15 jogos. Tem muito campeonato pela frente. Não é o momento de jogar a toalha. Ainda temos 16 batalhas.