Roberto Assaf

O catadão conseguiu empatar com a Portuguesa

E eis que a Portuguesa, que é pequeno, e nesse caso não há onde buscar desculpas, passou o rodo no Flamengo. Pois o Flamengo, com o lamentável 2 a 2, praticamente atingiu o objetivo: entregar a Taça Guanabara e entrar na fase  decisiva do Estadual fragilizado por resultados medíocres, que deixam evidente a inexistência de reservas que possam substituir os 11 titulares. Tudo por conta da Libertadores, essa obsessão doentia, que alimenta os devaneios dos fanáticos, e faz a imprensa vender audiência e ilusões.

A propósito: a qualidade da base do Flamengo é tão frágil que o clube não ganhou nenhuma competição em 2020. Mais: na tentativa de fabricar um craque, os cartolas foram buscar jogadores no Amazonas e no Paraguai, e quando percebeu que havia a possibilidade de ficar sem Arrascaeta, o técnico Rogério Ceni solicitou a contratação urgente de um craque capaz de substituí-lo. Esse catadão que participa do Estadual provou novamente que é uma manobra inútil para o injustificável descanso das estrelas, que ganham fortunas e ficaram 30 dias de férias, após quase quatro meses de paralisação forçada no futebol, no ano passado.

Vale lembrar que Taça GB e Estadual são títulos que só não valem nada quando o Flamengo ganha, pois para os adversários a comemoração é Copa do Mundo. E, no entanto, por outro lado, o fracasso, em se tratando de Rubro-Negro, é capaz de derrubar treinador e provocar crise, porque, antes de tudo, o Flamengo deve ser sempre clube vencedor. Conquistar a Libertadores é uma eventualidade que ocorreu duas vezes em 60 anos. Para tal, o Flamengo contou com dois times espetaculares, que viviam momentos fantásticos, o que está muito distante da atualidade. É assim: há de ser excepcional em todos os sentidos. Do contrário, viver em torno dessa competição traz com frequência prejuízos e frustrações.

Quanto ao duelo da rodada, dizer que a Portuguesa é genial, olhando apenas para a tabela, é um exercício de falsidade. É necessário vê-la atuando, e quem o fez, sabe que é apenas um time arrumadinho, com jogadores experientes, muita vontade de vencer, e que está em nível superior ao que o clube da Ilha apresentou desde que voltou à elite do Rio, em 2016. Nada além. Mais: a única possibilidade de derrotar o Flamengo é contar com uma zebra, que por um acaso é o símbolo do clube, e que é o grande barato do futebol, uma das razões de sua fabulosa popularidade. Mas a zebra precisa ter todas as letras em maiúsculo, e se possível voz e racionalidade, para fazer brinquedo de um Flamengo de orçamento milionário, que pretende pertencer às potências do planeta.

O Flamengo que apanhou da Portuguesa foi um velho DKW – sem absolutamente nada que possa honrar o lema, que dizia, para quem não sabe, ou não lembra que “a qualidade justifica a fama”.

Nada muito diferente do que ocorreu na derrota de 3 a 1 para o Vasco. O goleiro reserva, que voltou, eventualmente mal colocado e desatento, toma de qualquer distância. O lateral-direito é um jogador comum. O esquerdo é útil, mas tombou diante da mediocridade geral. Os apoiadores precisam de 90 minutos para dar um passe reto. Dessa vez a façanha foi de Gomes. Os atacantes são de uma inoperância explícita. Pedro, que continua na reserva, fez dois gols, na Portuguesa, que não é nada para quem custou uma fábula. O técnico, que salvou a pele ao ganhar o incrível Brasileiro – oito pontos perdidos para times cearenses, cinco para o Atlético Goianiense, quatro para o Bragantino e um rosário de derrotas para o São Paulo – não consegue montar um time convincente. O centroavante marca duas vezes e ele o substitui. A Portuguesa fez dois, deixou de marcar o terceiro por incompetência, quando o placar era de 2 a 0 a seu favor, e deu uma time pequeno, que é, ao permitir o empate.

Quando restavam 15 minutos, o clube de orçamento fabuloso e uma tremenda necessidade de conquistas, fez o seu torcedor tremer diante da entrada de Esquilo, pois a memória de tempos muito ruins, e de adversários de nomes exóticos, que fizeram estragos significativos, não pode ser apagada.

Foi assim. A coisa caminhava para o fim e Gomes ficou cansado. É de se imaginar quando tiver 65 anos de idade. Dormirá antes do Jornal Nacional. Aliás, naquele time que esbarrou na Portuguesa, o simples pôster do Arrascaeta faz falta. Daí o pedido do treinador. Daí o desespero da torcida e das atenções que a sua provável saída desperta. Daí a conclusão do Matheus Lima, que mandou a bola na pista do Galeão. Daí a pobreza que se viu. Na realidade, o que se salvou do troço foi ninguém na transmissão ter citado o nome de Zico em vão.

Flávio Almeida

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Flávio Almeida
Tags: colunas

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