Roberto Assaf

O Dinizismo ainda não emplacou na Seleção

Após a pancadaria, pela qual ninguém se responsabilizará, e que o tempo fará esquecer, a Argentina entrou em campo com nove dos 11 jogadores que iniciaram a decisão da Copa do Mundo de 2022. Nicolas Tagliafico e Angel di Maria no banco. Giovani Lo Celso e Marcos Acuña como titulares. A propósito, essa pode ser uma das razões da vitória dos hermanos – 1 a 0 – pois eles estão juntos, com os mesmos técnico e futebol que jogam faz um ano e meio. E praticam há mais de 100 anos. Já o Brasil, que não consegue definir a política que vai adotar para a Seleção. Troca daqui e dali e não consegue formar algo razoável. O dinizismo não vai emplacar com treinos de mês em mês. Aliás, vale lembrar que os canarinhos também não perceberam – seria uma vantagem – que Lionel Messi não estava em noite brilhante.

Brasil e Argentina fizeram um primeiro tempo concentrado no meio do campo. Afinal, os times tocavam excessivamente a bola, com dificuldades para superar a marcação imposta por ambos. Tanto que praticamente não surgiram oportunidades para abrir o placar. A única situação de verdade ocorreu aos 44 minutos, protagonizado por atletas de uma rivalidade secular: Gabriel Martinelli, do Arsenal, bateu no canto esquerdo, e Cristian Romero, do Tottenham, evitou o gol. Houve ainda paralisações freqüentes, por conta de faltas consecutivas, principalmente da equipe de Diniz, que recebeu três cartões amarelos. Na realidade, o Brasil sentia a necessidade de vencer, por jogar em casa e pelos últimos resultados. Já  os visitantes tentavam cadenciar o ritmo. Afinal,  o empate lhes seria confortável.

Brasil perde a terceira seguida sob o comando de Diniz. Desta vez em casa, no Maracanã, para a Venezuela. Foto: Staff Images / CBF

Dinizismo em baixa na Seleção

Não é exagero afirmar que o Brasil voltou do intervalo disposto a pressionar, e a Argentina estrategicamente recuada, para acertar contra-ataques, quem sabe pensando também em suportar o placar, até cansar o adversário, para aproveitar um momento de desatenção. Pois não é que isso aconteceu? Aos 18 minutos, Giovani Lo Celso – que, machucado, não foi ao Qatar – cobrou o escanteio e Nicolas Otamendi – o veterano do Manchester City, ora no Benfica – chegou de fininho para alcançar o segundo andar e marcar, de cabeça, o gol do triunfo.

Na sequência, muitas substituições, nas duas equipes, o que ampliou a intensidade do desespero do Brasil, pois o que interesava, ali, era prioritariamente evitar a derrota, não importando como conseguir a façanha. Joélinton mal entrou e caiu na pilha: foi expulso. Restando pouco tempo, ainda havia a possibilidade real de levar outro gol, e o time terminou como começou, correndo muito, tentando construir algo, sem saber como fazê-lo. O Brasil jamais havia perdido em casa ao longo das Eliminatórias, ou seja, desde 1954. Por incrível que pareça, mais tempo de vida que esse que vos escreve. Mas tudo tem a sua primeira vez.

O Brasil não ficará fora da Copa. Em seis vagas e meia, aproveitará pela menos uma delas. Se não conseguir, vamos considerá-lo morto e enterrá-lo com dignidade.

Carlos Alberto

Repórter, setorista da Seleção Brasileira, colunista e editor do Jornal dos Sports entre 1998 e 2000. Editor, colunista e editor executivo do LANCE! de 2000 a 2020, Editor-chefe do Jogada 10 desde 2020. É formado pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha-RJ) e participou de coberturas de 6 Copas do Mundo (4 como enviado, 1 como chefe de reportagem 1 como editor-chefe), 2 Copas Américas, 1 Eurocopa, 2 Mundias de Clubes, 1 Olimpíada e 6 Champions League.

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