Torcedor algum, e não importa o clube, sequer a rivalidade, merece Vitor Pereira e Jorge Sampaoli na mesma temporada. Ou em nenhum. Vamos repetir a frase dos tempos do Brasil Colônia. “Não desejo isso ao meu pior inimigo”. Logo, 2023 registrará também a existência de mais duas datas históricas na história do futebol do Flamengo: 11 de abril e 28 de setembro. Dias em que as duas fantasmagóricas criaturas foram demitidas. Será um alívio não vê-las mais assustando adultos e criancinhas à beira do gramado.

A demissão de Pereira, e agora de Sampaoli, dois fenômenos do mundo da bola, lembra a história do amigo que comemorou com um grande churrasco a venda de um Lada – aquele veículo soviético importado por Collor como solução paras carroças fabricadas no Brasil.

Jorge Sampaoli
Sampaoli: escalações diferentes em todos os jogos e muitos fracassos – Foto: Jorge Sampaoli

Dirigemtes têm culpa nas contratações de Sampaoli e Pereira

É fundamental ressaltar, no entanto, culpar apenas a dupla de gênios pelo que houve de pior no Flamengo nas últimas décadas. Os dirigentes que os contrataram também têm grande responsabilidade no processo. Há algo no ar além dos aviões de carreira, dizia há um século o Barão de Itararé, pois fica difícil compreender os motivos que levaram os cartolas a entregaram o cargo a indivíduos sem qualquer importância e carisma no ano em que o clube disputou oito títulos – entre os quais o Mundial.

Não é necessário redigir muitos parágrafos para explicar o fracasso retumbante do Flamengo em 2023. Basta dizer que o clube conseguiu a façanha de perder Taça Guanabara, Estadual, Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Mundial, Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil. Não ganhou – leiam bem – nem a Taça Guanabara.

Vitor Pereira: o pior entre os piores treinadores do Flamengo  – Foto: Fadel Senna/ AFP via Getty Images

 

Repeteco de 2002

Fato próximo também ocorrera em 2002, contando a decisão da extinta Copa Mercosul, interrompida em dezembro de 2001 por problemas políticos na Argentina, e que ocorreu em janeiro do ano seguinte. Naquela ocasião, o Rubro-Negro também jogou pela janela todas as outras sete competições realizadas na temporada: Taça Guanabara, Taça Rio de Janeiro, Estadual, Rio-São Paulo, Copa dos Campeões do Brasil, Brasileiro e Libertadores.

A diferença é que em 2002, há mais de 20 anos, o Flamengo sustentava um orçamento modesto, não era o proprietário de um centro de treinamento capacitado, e o nível do elenco era bem inferior. E não colocava mais de 60 mil pessoas em todos os jogos disputados no Maracanã. Foi naquele ano também que aconteceu o único processo de impeachment da história do clube. Edmundo Santos Silva, julgado por improbidade administrativa, deixou o cargo em 8 de julho.

O que esperar para 2023

Resta torcer para que os cartolas, que em 2023 continuam sendo os mesmos, não contratem mais inventores da roda, notadamente agora que o ano acabou, mas que ainda têm pelo menos dois meses, até o começo de dezembro, para começar uma reformulação capaz de preparar o futebol para 2024.

O que vem, agora, é a pergunta que não quer calar: quem será o próximo? Não dá para comentar o que ainda não aconteceu, ou seja, especulações de cidadãos ávidos por transformar o Flamengo em manchete, o que é, efetivamente, o que alcança o maior interesse de todos, incluindo os torcedores dos outros clubes.

Vitor Pereira e Jorge Sampaoli foram embora. Infelizmente, a passagem da dupla não cairá no esquecimento, pois a herança de fracassos e humilhações ficará registrada para sempre na memória do futebol rubro-negro. Mas vamos reforçar que a biografia dos dirigentes que foram buscá-los também está manchada para a eternidade. E que eles – como dito – prosseguem na atividade.

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