Milhões de torcedores do Vasco costumam elegê-lo o maior jogador da história do clube e isto já seria o suficiente para afirmar que Roberto Dinamite foi um dos grandes do futebol brasileiro de todos os tempos. O atacante será agora lembrado e festejado como tal. Impressos e eletrônicos distintos, daqui e do exterior, terão a oportunidade de contar a sua longa e vitoriosa trajetória. E desfilar os seus números.

É complicado explicar aos jovens a emoção de Vasco x Flamengo, no velho Maracanã com 150 mil pessoas, com ele, de um lado, e Zico, do outro. Essa possibilidade já era improvável, pelas idades de ambos. Agora, sequer em um momento festivo e de homenagens, se tornou definitivamente impossível.

Reprodução capa do site do Vasco neste 8/1/2023. A imagem, com a icônica foto de um jogo na Ilha,  já diz tudo!

É fundamental, portanto, ressaltar algumas das muitas injustiças que sofreu ao longo da carreira, como craque e dirigente. Vamos aos principais, em ordem cronológica. Tantas as situações nas quais foi vítima da sempre exacerbada paixão do torcedor e da insuportável intolerância da política eternamente presente nos clubes.

Vítima na Seleção e no Barcelona

Roberto Dinamite foi talvez o principal atleta do Brasil na Copa de 1978, na Argentina, pelos gols decisivos que marcou, e só não foi campeão mundial por situações que ocorreram fora do campo, questão para longa discussão, que não será comentada por ora.

Roberto foi um dos destaques do Brasil na Copa de 1978. Foi o artilheiro Canarinho na campanha do 3º lugar Arquivo/Vasco

No Barcelona, Roberto Dinamite viveu momentos difíceis. Afinal, o homem que recomendou a sua contratação, Joaquín Rifé, acabou sendo substituído por Helenio Herrera. Este odiava brasileiros, detalhe praticamente desconhecido de uma maioria esmagadora, sobre o qual podemos escrever em outra ocasião. Daí o seu rápido retorno ao Brasil.

Uma ironia do destino fez Roberto não vingar no Barcelona – Arquivo

Roberto Dinamite foi vítima de Telê Santana, tão endeusado, inclusive pelos que não conhecem com maior intimidade a história. Foi relegado à lamentável reserva de Serginho. É provável – jamais saberemos – que a sua presença na Seleção tivesse impedido a tragédia de 5 de julho de 1982, no Sarriá.

Roberto Dinamite foi vítima no próprio Vasco

Sim. Ainda como craque, no começo dos anos 1990, ao perder, sem razão aparente, espaço no clube, buscando sequência na Portuguesa de Desportos e no Campo Grande. Resultado da ignorância de cartolas e de meia dúzia de pascácios (embora o craque tenha retornado à origem em tempo de ser novamente campeão em 1992).

Roberto Dinamite foi vítima de interesses distintos dentro do seu próprio clube. Quando eleito presidente, notadamente pelos que preferiam a continuidade de Eurico Miranda, o personagem que representou deus e principalmente o diabo. Afinal, foi um período de muitas glórias e algumas decepções na fantástica história do Vasco.

Roberto Dinamite, outrora um menino humilde da base de São Januário, ganhou vida própria e a sua trajetória hoje pode confundida com a do seu clube, que é muito mais importante, em um contexto geral, do que imaginam muitos de seus torcedores, que têm dificuldade para contá-la, por não conhecê-la com exatidão.

E aqui, um relato pessoal, simples e objetivo: todas as ocasiões em que este que vos escreve solicitou a atenção do ídolo, este não mediu esforços para atendê-lo, com destaque para uma entrevista que concedeu no diário Lance!, ao vivo, na década passada, quando fez questão de comparecer, dispensando o auxílio de transporte, para ir ou voltar, dedicando todo o tempo necessário para o diálogo, sem estabelecer exigências ou criar dificuldades.

Um gigante da Colina

Roberto Dinamite foi grande. Um daqueles que marcaram muitos gols no seu clube e você jamais ousou questioná-lo. Muito pelo contrário. Dava gosto vê-lo jogar. Talvez muitos vascaínos não saibam exatamente o que Roberto Dinamite representa. Pois procurem sabê-lo. Nunca é tarde para conhecer a história.

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