Betinho Marques

O maior mandante do mundo empatou, ai credo!

No primeiro clássico mineiro na história da Libertadores da América, Atlético e América fizeram um jogo com uma proposta muito bem definida pelas duas equipes e empataram em 1 a 1. Dono da posse de bola em mais 90% dos seus jogos, o Galo, mais uma vez, manteve o controle do jogo com absurdos 81% contra 19% do Coelho. Com uma proposta de não marcar alto, Vagner Mancini fez o que muitos farão em 2022, montou um “ferrolho”, mas no seu próprio campo.

Durante a maior parte do jogo, 21 atletas com exceção de Everson estavam em uma metade da cancha. Em vez de marcar no início da construção ofensiva atleticana, na saída com Everson e Allan, dando o campo, Mancini permitiu que o Atlético trocasse passes entre os defensores e avançasse até a metade do espaço de jogo, mas travou linhas de passes criativos, com muita gente, alta densidade, fechando as opções e os espaços perto do seu gol. Zaracho, Nacho, Hulk e Vargas não conseguiram brilhar, já que, o time americano tinha marcações pesadas nas “peças” criativas do Galo. Era nítida a proposta, ficaria melhor se achasse uma falha, a bola do contragolpe, apenas uma, achou com Felipe Azevedo, um golaço.

Isso ocorre porque quando o Atlético sai em construção a partir de Everson – que é o que o Galo ama fazer – por uma marcação alta dos adversários, vencida essa dificuldade, as associações fazem, muitas vezes, Hulk e cia chegarem de forma letal ao gol adversário. Ontem, isso não aconteceu e, muitas vezes, a dificuldade se repetirá. Ademais, os obstáculos para o Galo só estão começando e aumentarão. O time de Tony Mohamed é um dos mais qualificados da América do Sul, logo, será um dos mais estudados para ser neutralizado. O Galo é excepcional, mas não é imbatível.

O retrato do exposto está no scout da peleja. Claro, sempre bom dizer que os números são relativos e precisam de nossa análise, são ferramentas complementares. Mas é inegável que numa análise crítica, menos passional e assistindo ao jogo que ponderemos que:

• O Atlético trocou absurdos 697 passes contra 172 do América;
• Teve 17 escanteios mal executados contra 1 do Alviverde;
• Finalizou 28 vezes contra quatro do Coelho;
• Cruzou 50 bolas na área, usando sem sucesso esse artifício.

Talvez, a maior crítica às opções de Mohamed ontem possa estar em abdicar do toque de bola muito cedo no segundo tempo, mesmo na evidente dificuldade de achar o passe da “quebra de linhas” para cruzar bolas na área. O Atlético é o time que mais toca bola no Brasil, poderia ter optado por alçar bolas na área mais perto do fim do jogo. Mas o mais relevante é entender que há dias de acertos maiores e brilhos mais “ensolarados”. Dizer que o Turco não apresenta tática é uma possível não observância da realidade, até porque, ninguém pode trocar tantos passes, ter tanto aproveitamento de média de gols feitos, baixa quantidade de gols sofridos, finalizar tanto e não ter sua identidade no trabalho.

Vale lembrar que Cuca e Hulk, em 24 de abril do ano passado, há quase um ano, tiveram um embate rapidamente resolvido após uma partida do Campeonato Mineiro na qual o atacante queria tempo de jogo e pedia isso ao seu comandante. Era início de trabalho, como agora, mas no caso de Tony já há duas taças na mochila. Não foi uma noite de brilho, não foi também o pior dos cenários. Num passe espetacular, Mariano achou lindamente uma “fumaça” passar e, Ademir manteve o maior mandante do mundo, invicto, mais uma vez desde 30 de maio de 2021 – 35 jogos, 31 vitórias e 4 empates no Mineirão, 319 dias de invencibilidade –  fechando o placar em 1×1. O Atlético divide no momento a liderança do Grupo D com o Independente Del Valle com quatro pontos.

Jogo do Galo é celebração da participação popular. Há dias mais ensolarados que outros, mas não é um espetáculo do Cirque du Soleil, é a comunhão de um povo em procissão, no “bão” e no não tão “bão”, Tião!

Há adversários no trem, sô!

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10.

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Leo Pereira

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