O Mundo Galo

O SGQ (Sistema de Gestão da Qualidade) das empresas sempre sofre auditorias para medir a coerência e aperfeiçoamento dos processos empresariais. Para uma mudança drástica de paradigma, mais que vencer no futebol, é vital dar sequência às promessas feitas.

Muito além de um treinador que respeite a ideia de plano tático e organizacional, há que se ter também lastro, conexões e ideais bem definidos em toda a instituição. Esse será o ideal do Atlético, ou seja, provar que o discurso é prático, concreto e que faz parte do “Mundo Galo” de pensar.

Certamente, falhas no processo ocorrerão, mas o futuro do Atlético passa totalmente pelo quinquênio iniciado em 2021. Para a pujança do clube, um estádio surge como sinal de novos tempos, mas ele é apenas parte do todo.

Reforma do CT, Supermercado e venda do restante do Diamond

Para 2022, o Atlético ampliará a expansão da sua marca e vai reforçar seu time. De olho no mercado, o time terá proporcionalidade com o projeto de inauguração da Arena MRV. Portanto, não será algo surreal ver o Galo surpreender na aquisição de atletas de padrão altíssimo. Dizer isso é tão óbvio quanto as previsões do horóscopo para o seu signo.

O que não é comum para o brasileiro são os projetos coerentes e funcionais. O Atlético, buscando findar suas dívidas terá um ano de lutas “parlamentares”. Através de auditorias e estudos, o seu grupo gestor batalhará para vender os 49,9% restantes do shopping Diamond Mall. A necessidade é de usar o valor auferido para liquidar o passivo oneroso, principalmente, oriundo de juros estratosféricos.

Desta forma, a dívida de R$ 1,2 bilhão entraria em equilíbrio de fluxo de caixa, já que, o passivo circulante (referente aos juros bancários) que estaria na casa de R$ 500 milhões, seria em negociação, através da liquidez da “grana na mão”, liquidado. No entanto, a ação precisaria ser imediata. O percentual restante da dívida atleticana seria com seus apoiadores e o Profut. Os primeiros já disseram que serão os últimos da “fila” de recebimento e não haveria juros atrelados aos suportes, já as dívidas tributárias estão em dia, ou seja, estão equalizadas.

Antes, porém, para vender o restante do Diamond, será necessário explicar, dialogar e convencer 2/3 dos conselheiros a votarem em favor da venda do patrimônio.

Prós – pagar dívidas, tornar saudável o fluxo de caixa e usar a gestão vencedora de 2021 como argumento favorável da disponibilidade do ativo

Contras – A ideia de perder um patrimônio em área nobre de BH e a incerteza de que algo poderia se repetir no futuro se algo não for bem “amarrado no estatuto”.

Durante o ano, ainda o clube deverá iniciar a reforma do CT do Galo. Na verdade, um “retrofit” que visa a valorizar o espaço de cerca de 130 mil metros quadrados e que atrairá parceiros e patrocinadores com a ideia de venda dos naming rights (direitos de uso do nome do espaço). Contudo, de forma a manter o equilíbrio das contas, o presidente Sérgio Coelho prefere viabilizar a obra com os recursos provenientes da construção de um supermercado, que seria arrendado nos limites (área externa) da Vila Olímpica.

Enfim, mais que um técnico que continua uma ideia de jogo, mais que uma identidade de fazer dinheiro associada a tudo que estiver perto do distintivo e muito além de boas atitudes soltas e desgovernadas, o Atlético de 2022 terá um ano de provar que o processo de gestão é coerente, coeso e perene. Obviamente, ter padronização não tira a criatividade pessoal e jamais anulará o fator mais humano que existe: o erro. Porém, organizar linhas de pensamento em um “tabuleiro” sintoniza o objetivo claro de um clube vencedor que é: disputar no topo sempre.

Vencer é difícil, mas quem faz o “Para Casa” certo estará no bolo do sucesso. A mudança se provará com longevidade e inúmeras “auditorias de coerência”. Os processos de gestão já conhecem que no humano ato haverá sempre o erro, mas identifica também quem está perto do sucesso ou fica apenas acreditando no horóscopo.

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10.

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