O que preocupa é mais do que um jogador

A tônica das atuações do Vasco nos últimos dois jogos (contra Botafogo, pela Taça Rio, e Operário, na estreia da Série B), foi uma equipe totalmente desorganizada no meio-campo. Espaçada, com os volantes Galarza e Andrey tendo atuações muito abaixo do que vinham apresentando e, com o setor engessado, as laterais e as pontas também não jogaram. E muitos da torcida resolveram atrelar isso à falta de Marquinhos Gabriel – lesionado e desfalcando o time mais uma vez -, um erro muito claro de avaliação.

Não é que Marquinhos Gabriel não faça falta. Ele é só uma peça dentro de um esquema que vinha dando certo. Quando falo “só uma peça”, não é menosprezando o atleta. Mas estamos em 2021. Se o jogador não for do nível de Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar e outros craques de prateleiras superiores, não existe mais a possibilidade de um só componente ser tão decisivo para as ações do time. Nem o próprio argentino, 6 vezes melhor do mundo, consegue salvar o Barcelona de constantes vexames.

O Vasco não depende do Marquinhos Gabriel. A maior cobrança em cima de Marcelo Cabo tem que ser em cima da pouca versatilidade dentro das ausências. Quando se usa Gabriel Pec ou Morato como meias, se perde um bom ponta para ter um meia, no máximo, mediano. E olhe lá. Uma questão anula a outra. Se não há meias e Sarrafiore estava apenas fazendo sua estreia, o comandante tem que dar o jeito dele para testar variações táticas. O time estava jogando quase que no 4-2-4. Dificilmente daria certo, ainda mais contra equipes organizadas como a do Operário. Série B não é Campeonato Carioca.

Eu gosto de Marcelo Cabo. Entendo que é um treinador jovem que mescla o estilo antigo de ser enérgico com o entendimento técnico do que pede o futebol atual. Isso é claro quando ele para para falar com seus atletas. Mas precisa mostrar um leque maior de ideias antes que uma passagem futuramente próspera acabe se perdendo por erros bobos. O Vasco não depende do Marquinhos Gabriel. O Vasco é uma equipe de futebol com vários setores e componentes. E nenhum, além de Vanderlei, vem funcionando bem. É o começo, mas a paciência da torcida do Vasco – corretamente – é bem curta por todo um contexto que o clube vive há anos. Que Marcelo Cabo entenda isso.