Roberto Assaf

O título mundial

O papo é sempre o mesmo. Quando a decisão da competição está próxima, e sábado haverá outra, vozes anunciam, do alto da ignorância coletiva, que “o europeu não liga para o Mundial”. Mas é fato que o último campeão fora do Velho Continente foi o Corinthians, em 2012, ou seja, lá se vão quase dez anos.

Na realidade, a prática faz parte do comportamento comum ao ser humano: se você não participa de algo que é espetacular, a tendência é não dar-lhe importância. Também chamam isso de inveja. Logo, o “não liga” foi criado basicamente por clubes que jamais estiveram na festa, ou pior, que perderam a partida final. E endossado por gente da imprensa que conhece pouco ou torce – sim, jornalista também torce, e muito – pelos ausentes ou derrotados.

Seria cansativo narrar o longo caminho do Mundial, antes e depois da intromissão da Fifa. Para resumir, basta afirmar que os europeus só deixaram de dar valor à competição do fim da década de 1960 a meados da seguinte, pois argentinos e uruguaios decidiram conquistá-la na marra, sim, a qualquer custo. A propósito, se você não sabe, os próprios clubes brasileiros abriram mão de participar da tão amada Libertadores em 1969 e 1970 por motivos semelhantes.

Diga, pois, a um torcedor do Santos, que o bi de 1962-1963, conquistado em cima de esquadrões de Benfica e de Milan, não vale nada. Mais grave: afirme que o Santos de Pelé, o maior time de futebol de todos os tempos, não foi campeão mundial.

Pois é. Faz pelo menos 40 anos, como ocorreu no começo da disputa, que o torneio é organizado, e rende, não só um título de prestígio, que estará registrado em todas as flâmulas trocadas antes dos jogos, e nos currículos, mas um prêmio em dinheiro que justifica qualquer esforço. Não fosse assim, e os europeus não teriam vencido todas as últimas oito decisões, desde 2012.

Numa ocasião, ouvi algo de um jornalista holandês que jamais esqueci: “os brasileiros nunca reconhecem o valor do adversário que os eliminou em Copa do Mundo, pois foi sempre o Brasil que cometeu erros terríveis, ou pior, foi roubado”.

Pois é. O que há de pior no futebol é não aceitar a vitória do próximo. O Palmeiras está brigando pelo título mundial pela segunda vez consecutiva porque há algum tempo faz um investimento extraordinário, montou um grande elenco, contratou um técnico competitivo, formou uma ótima equipe, e ganhou o bi da Libertadores porque foi superior aos adversários.

E tem possibilidade real de ser, enfim, campeão mundial, porque também soube perceber os erros do torneio de 2020. A sua vitória agora seria verdadeira, e não porque o adversário “não liga para o Mundial”. Se perder, é porque enfrentou o campeão da Europa, o continente que fez, como dito, os últimos oito campeões.

Sendo assim, resta aos que estão de fora da festa, duas opções. Não acompanhá-la, por desinteresse, ou torcer contra, o que faz parte do futebol. Mas alegar desculpas ridículas, como o “não liga”, para tirar o mérito da conquista, caso ocorra, não faria sentido.

Aliás, há ainda uma terceira via, que é o termo da moda: seguir o exemplo do Palmeiras e tentar uma vaga no Mundial de Clubes de 2022. Pois quem “não liga”, de fato, é o clube que não faz esforço, ou não tem competência para chegar à competição.

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10

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Flávio Almeida

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