A reforma no Pacaembu ganhou mais um capítulo de polêmicas. Isso porque as obras causam conflito na relação entre o Museu do Futebol, que fica dentro do estádio, e a Allegra, concessionária responsável pela gestão do palco. O atrito entre as partes ocorreu após a divulgação de um relatório da reestruturação no local, que indicou danos e prejuízos ao museu. Assim, há uma briga de narrativa entre os dois lados.

O conflito precisou da intervenção da Prefeitura de São Paulo, que enviou uma notificação à Allegra para que a empresa faça esclarecimentos sobre o parecer. Vale ressaltar que a IDBRasil Cultural, Educação e Esporte, organização que administra o Museu do Futebol, foi a autora do pedido. A propósito, o relatório conta com a assinatura de um escritório de arquitetura. Assim, técnicos apontam e enumeram possíveis estragos no espaço por conta da reforma de modernização que iniciaram em junho do ano passado.

Pacaembu é ponto central de desavenças entre concessionária e Museu do Futebol – Foto: Mike Peel /commons wikimedia

Neste intervalo, o museu também entrou em obras e tem operação parcial. A reabertura e funcionamento completo tinham previsão para maio de 2024. Contudo, a gestão afirmou que será necessário aumentar o prazo.

Documento aponta problemas com obras no Pacaembu

O parecer indica que a reforma de responsabilidade da Allegra causou prováveis danos no elevador e na pintura. Além de infiltração em todos os setores da arquibancada, que ficam sobre o museu. Bem como goteiras e vazamentos no Centro de Referência do Futebol, principalmente na biblioteca e mediateca.

O relatório com participação dos técnicos relata que especificamente na biblioteca, a água estragou livros e também atingiu caixas de tomadas elétricas. As obras também promoveram o rompimento de cabos e linha de internet. Além de linha telefônica, segundo o documento.

A IDBrasil, através de seus advogados, produziu uma notificação extrajudicial para registrar que nas obras com gestão da Allegra houve queda de objeto na marquise. Situação que causou risco a segurança de funcionários e visitantes do museu.

Vale ressaltar que houve exposição do atrito com texto que teve autoria do arquiteto Nabil Bonduki.

“É impressionante a falta de profissionalismo que se vê na obra realizada pela Allegra Pacaembu. O canteiro, irregularmente instalado na praça Charles Miller, é uma bagunça. O amadorismo fica evidente na obra da arquibancada norte, que gerou os vazamentos no museu, que são inadmissíveis”, relatou o profissional.

A IDBrasil avalia um prejuízo de aproximadamente R$ 78,5 mil. Inclusive, leva em consideração o vazamento de água, que ocorreu em janeiro de 2024. Situação que na teoria provocou o alagamento do setor administrativo e do espaço expositivo.

Pronunciamento da Allegra envolvendo o Pacaembu

A concessionária que administra o Pacaembu defendeu-se através de comunicado. Em nota, garantiu que a diretoria da empresa e as equipes técnicas buscam ter contato frequente com os responsáveis pelo museu. Especialmente para realizar específicos reparos e alinhar os cronogramas das reformas.

Para rebater a notificação da IDBrasil, a Allegra declara que a gestora do museu também promove obras em parte do Pacaembu onde “podem ter ocorrido supostos danos”. Dessa forma, busca “eximir-se de responsabilidades”.

A concessionária que administra o Pacaembu também denunciou que permitiu o acesso às áreas do estádio sob seu controle ao escritório, aos arquitetos e engenheiros, que produziram o laudo. Por último, ainda ressaltou que a IDBrasil não está contribuindo com o pagamento de parte da conta de água que é de sua responsabilidade.

Posteriormente, a administradora do Museu do Futebol não respondeu sobre a reclamação sobre a conta de água. Apenas ressaltou que é “de total interesse do Museu que o Estádio do Pacaembu seja plenamente restaurado e rapidamente reintegrado à vida esportiva e cultural da cidade”.

Desgaste entre Allegra e Prefeitura

A relação entre a Allegra e a Prefeitura de São Paulo conta com diversos problemas desde setembro de 2022. Inicialmente, o prefeito Ricardo Nunes afirmou que não cederia o controle da praça Charles Miller, monumento que fica em frente ao estádio, para a gestora do Pacaembu.

Na última semana, o político vetou a realização do show de Roberto Carlos, que marcaria a reabertura do espaço de eventos do estádio, no dia 19 de abril. O cancelamento da apresentação, aliás, ocorreu após comprovação da falta de segurança. Isso após averiguação do Corpo de Bombeiros e do Contru, órgão municipal, que verifica a segurança dos edifícios na cidade.

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