A conquista inédita da Copinha em 2022 torna ainda mais notória a profunda transformação ocorrida na base do Palmeiras nos últimos anos. Em campo, uma série de títulos expressivos, como o pentacampeonato paulista sub-20 (2017 a 2021), o Brasileiro de 2018 e a Copa do Brasil de 2019 da mesma categoria. O sub-17 também fez bonito ao faturar o Paulista (2018), a Copa do Brasil (2017 e 2019) e o Mundial (2018 e 2019).

Crias da Academia faturaram a 52ª edição da Copa São Paulo – Divulgação / Palmeiras

Gerente de futebol do Verdão, Cícero Souza falou ao Jogada10 sobre a estrutura de sucesso na base alviverde e os frutos colhidos no profissional. Segundo ele, a metodologia aplicada tem potencial para formar grandes jogadores e, consequentemente, novas conquistas.

“Temos uma divisão de base de alto nível e integrada ao profissional, com jovens inseridos em uma mentalidade atualizada, de futebol total, prontos a servirem quando requisitados, inclusive em mais de uma posição. Essa padronização de conceitos faz a diferença. Em 2020, por exemplo, percebemos que havia ali na base uma safra de meninos consolidados para manter alto o nível no time principal. Com o devido planejamento fizemos uma gestão objetiva que nos forneceu elementos essenciais para trabalharmos a performance deles no profissional. E esse trabalho sistemático continua sendo bem feito de lá pra cá”, explicou.

Mudança de rota funcionou

De clube historicamente comprador nos tempos de Mustafá Contursi, o Palmeiras despertou o entendimento de valorização da base a partir da gestão Paulo Nobre, eleito presidente em janeiro de 2013 e reeleito em 2015. Com a chegada de investimentos, coube a João Paulo Sampaio assumir o projeto – até hoje ele é o coordenador do CFA (Centro de Formação de Atletas) – e revolucionar a filosofia de trabalho alviverde.

Mas foi no mandato de Mauricio Galiotte, eleito pela primeira vez em 2016 e reeleito em novembro de 2018, que o Verdão definitivamente se tornou uma fábrica de formação, alcançando o status de excelência no desenvolvimento das categorias de acesso. Graças a uma gestão marcada por frear contratações em demasia para o time principal e apostar, em nome do equilíbrio, na abertura de espaço para os jovens.

Na final disputada no Allianz Parque, palmeirenses não tomaram conhecimento do Santos – Marco Galvão / Copinha

Foram traçadas metas como o aumento de atletas nas seleções de base e na equipe profissional do Palmeiras – ambas atingidas com sucesso. Mas foi necessário um alto investimento. De acordo com números do clube, com Galiotte na presidência, foram injetados aproximadamente R$ 90 milhões entre 2017 e 2019. Se somarmos os R$ 32,722,00, segundo balanço financeiro de 2020 – o mais recente divulgado -, o Palmeiras investiu mais de R$ 120 milhões em suas categorias de formação nos últimos quatro anos.

Colocar dinheiro na base ao mesmo tempo em que o elenco profissional contava apenas com jogadores contratados foi um contraponto corrigido pelo antecessor de Leila Pereira. Com a casa em ordem, meninos talentosos foram revelados – a exemplo de Gabriel Jesus – e lançados cuidadosamente no time profissional, atestando o sucesso das novas medidas. Foi assim na final da Libertadores de 2020, quando três atletas formados no clube entraram em campo.

A eficiência técnica e tática do Palmeiras nas competições é fruto de um projeto que respeita etapas. Atualmente, o clube conta com estrutura de primeiro mundo na Academia de Futebol 2, localizada no Centro de Treinamento da rodovia Ayrton Senna. Patrick de Paula, Gabriel Menino, Danilo e Verón são exemplos de jovens descobertos, lapidados, bem sucedidos na base e que vingaram no profissional.

Deram lugar a novas promessas, como a joia Endrick, de apenas 15 anos e já cobiçado por clubes europeus, mas também a Giovane e outros. Sob o comando de Paulo Victor Gomes, técnico campeão da Copinha e assistente de André Jardine na campanha da medalha de ouro olímpica, em Tóquio, a geração que nasceu dentro do Palmeiras é a resposta para quem ainda defende que pratas da casa são custo, e não investimento. No ano passado, o Palmeiras utilizou 26 jogadores formados na base.

Siga o Jogada10 nas redes sociais: TwitterInstagram e Facebook.

 

Comentários