O papo é sempre o mesmo. Quando a decisão da competição está próxima, e neste sábado(11/2) haverá outra, vozes anunciam, do alto da ignorância coletiva. “o europeu não liga para o Mundial”. Mas é fato que o último campeão fora do velho continente foi o Corinthians, em 2012, ou seja, faz 11 anos.
Na realidade, a prática faz parte do comportamento comum ao ser humano: se você não participa de algo que é espetacular, a tendência é não dar-lhe importância. Mas também chama isso de inveja. Logo, o “não liga”, vamos chamá-lo de conceito, foi criado basicamente por clubes que jamais estiveram na festa. Ou pior, que perderam a partida final. E endossado por gente da imprensa que conhece pouco ou torce – sim, jornalista também torce, e muito – pelos ausentes ou os que perderam.
Seria cansativo narrar o longo caminho do Mundial, antes e depois da intromissão da Fifa. Para resumir, basta afirmar que os europeus só deixaram de dar valor à competição no pequeno espaço entre o fim da década de 1960 a meados da seguinte. Pois argentinos e uruguaios decidiram conquistá-la na marra, sim, a qualquer custo. A propósito, se você não sabe, os próprios clubes brasileiros abriram mão de participar da tão amada Libertadores em 1969 e 1970 por motivos semelhantes.
Tome papo de perdedor
Diga, pois, a um torcedor do Santos, que o bi de 1962-1963, conquistada em cima de esquadrões de Benfica e de Milan, não vale nada. Mais grave: afirme que o Santos de Pelé, o maior time de futebol de todos os tempos, não foi campeão mundial.
Pois é. Faz mais de 40 anos, como ocorreu no começo da disputa, que o torneio é organizado. E rende, não só um título de prestígio, que estará registrado em todas as flâmulas trocadas antes dos jogos. Mas um prêmio em dinheiro que justifica qualquer esforço. Não fosse assim, e os europeus não teriam vencido todas as últimas oito decisões, desde 2012.
Numa ocasião, ouvi algo de um jornalista holandês que jamais esqueci. “Os brasileiros nunca reconhecem o valor do adversário que os eliminou em Copa do Mundo. Diz que o Brasil cometeu erros terríveis. Ou pior, foi roubado”.
Pois é. O que há de pior no futebol é não aceitar a vitória do próximo. O Real Madrid será campeão pela oitava vez porque tem um comprometimento imenso com a vitória: quase sempre fez um investimento extraordinário, montou um grande elenco, contratou um técnico competitivo e formou uma ótima equipe.
Então…
Sendo assim, resta aos que estão de fora da festa, duas opções. Não acompanhá-la, por desinteresse, ou torcer contra, o que faz parte do futebol. Mas alegar desculpas ridículas, como o “não liga”, para tirar o mérito da conquista, caso ocorra, não faria sentido.
Aliás, há ainda uma terceira via, que é o termo da moda: seguir o exemplo do Real Madrid e tentar uma vaga no Mundial de Clubes de 2023. O atual vale por 2022. Pois o que “não liga”, de fato, é o clube que não faz esforço, ou não tem competência para chegar à competição.
Siga o Jogada10 nas redes sociais: Twitter, Instagram e Facebook.
Comentários