rém,É absolutamente desnecessário escrever várias laudas aqui para explicar Édson Arantes do Nascimento. A sua extensa biografia já será devidamente contada em todos os meios de comunicação da Terra. Basta dizer, antes de tudo, que Pelé foi o maior jogador de todos os tempos. Sem espaço para discussão. Nunca precisou de legenda para identificá-lo. Eleito, com a bênção universal, o Rei do Futebol. E o Atleta do Século.
Pelé paralisou conflitos bélicos, quem o recebeu? Líderes e autoridades de nações riquíssimas e miseráveis, e de entidades distintas, civis, militares, políticas e religiosas. Único craque a conquistar três vezes a Copa do Mundo. Marcou quase 1.300 gols. Pelo menos uma centena deles fantásticos. E dezenas de outros decisivos.
Defendendo a Seleção, e o Santos, o clube de toda a vida, tornou o Brasil, que era um país sem representação até o fim da década de 1950, definitivamente conhecido em todos os cantos do planeta. De origem modesta, traçou o caminho de um brasileiro comum, e transformou, graças ao esforço e ao talento inigualável, o futebol em arte maior e esporte definitivamente popular, respeitado e aceito pelos lorpas e pascácios que lhe viravam o nariz.
Como figura pública de alta relevância, será sempre, mesmo agora, que fez a sua passagem, personagem para polêmicas, o que na prática é óbvio, levando-se em conta que qualquer ser humano estará sempre exposto ao questionamento de suas qualidades e defeitos.
Pelé no cravo e na ferradura
Pelé viveu o seu tempo. Ganhou milhares de prêmios, distinções e elogios. E títulos aos borbotões. E também foi excessivamente acusado, aqui e lá fora. Por mau relacionamento com parentes e oportunistas que desejavam ou não aproveitar-se de sua fama e fortuna. Ou de benevolência política, por lidar de forma amistosa com ditadores nacionais e estrangeiros. Mas também de omissão, ele que era negro, diante do racismo patente em seu próprio país.
É provável que tenha cometido equívocos ao não dar maior importância aos que lhe deveriam ser mais próximos, e também não foi um militante ativo de movimentos civilistas, não importa a origem. Mas só quem é Pelé deve saber até onde poderia caber a sua interferência entre assuntos que vão muito além de sua posição. A propósito, nem por tudo isso deixou de sofrer discriminação, antes e depois de atingir o status de celebridade, fosse pela cor da pele, ou por comportamento e declarações de quem vive em um país de pouquíssimos heróis, muitos miseráveis e notórios larápios do erário público.
Sim, Pelé sofreu por ser negro – o que narrou em algumas ocasiões – e principalmente por se destacar como jogador de futebol, por longo tempo uma atividade marginal na visão de ricos e intelectuais. E, pior, dos que pensam em sê-los. E recebeu críticas por declarações, impróprias ou não naqueles momentos, mas que infelizmente se tornaram verdade nos últimos tempos, pouco importa quais foram os políticos eleitos.
Primeiro, único e eterno
Mas é fato que Pelé foi objeto da veneração de crianças, adolescentes, adultos e idosos, de raças, classes sociais e credos distintos, do começo ao fim da carreira, e mesmo depois que pendurou as chuteiras, Infelizmente, o Brasil é um país que despreza os seus próprios ídolos, notadamente quando o protagonista, ou a sua atividade profissional, é de origem popular. Porém, fosse Pelé um tenista – e branco – provavelmente não seria tão questionado.
Mas foi. E sofreu como qualquer ser humano, ao ver o filho, que praticava com as mãos, o que o celebrizou com os pés, um dia condenado e preso como criminoso, o que lhe arrancou, com certeza, alguns anos de vida.
Logo, não seria um exagero afirmar que Pelé viveu e agiu invariavelmente como alguém de carne e osso, à exceção dos momentos em que pisava os gramados, nos quais foi Rei. Rei do Futebol. Primeiro, único e eterno.
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