A passagem do técnico Ricardo Sá Pinto foi frustrante para o torcedor vascaíno. Com 15 pontos conquistados em 45 possíveis (33,3% de aproveitamento), os números do português à frente do Gigante da Colina culminaram em sua demissão. Seis meses depois da sua saída do clube, em entrevista ao site “Globo Esporte”, o treinador abriu a boca, soltou os cachorros e citou alguns problemas que teriam atrapalhado o seu projeto em São Januário.

Ricardo Sá Pinto comandando o Vasco – Rafael Ribeiro/Vasco

Ele começou o bombardeio pela situação financeira do clube: Sá Pinto esclareceu que já sabia, antes de assinar com o Vasco, as condições adversas que enfrentaria. No entanto, disse que chegou ao ponto de não receber salários e ajudar jogadores que estavam sem dinheiro.

“Eu sabia que a situação financeira era difícil. Estive aí por três meses nos quais eu e minha comissão técnica não recebemos salário. Os jogadores não receberam  salário, ninguém recebeu. Tive que ajudar financeiramente os jogadores, pois eles não tinham o que comer. Diretores do Vasco tiveram que comprar pão e outras coisas para fazermos um pequeno almoço (café da manhã). Enfim, coisas inacreditáveis! Eu ajudei um jogador que não tinha dinheiro. Outros diretores ajudaram porque não havia dinheiro para comprar pão, um fiambre ou um suco.”

Em campo, os resultados foram muito abaixo do esperado, com o Vasco brigando sempre na parte de baixo da tabela. O treinador chegou a chamar o plantel de “imaturo”.

“Tínhamos um plantel desequilibrado em termos de opções, bastante jovem e imaturo. Com jovens de grande talento, mas que ainda não estavam preparados para viver a grande pressão quando as coisas não corriam bem.”

Para Sá Pinto, a maior decepção tem nome: Leandro Castan, que afirmou numa entrevista que o técnico não conhecia os jogadores do time.

“Recentemente, ele deu algumas declarações. Eu liguei e disse a ele que não tinha entendido. Ele me disse que não queria falar.  A grande decepção, para mim, foi o nosso capitão.”

Em uma entrevista, o capitão do Vasco falou que Sá Pinto não conhecia os jogadores do Vasco – Rafael Ribeiro/Vasco

Confira outras respostas de Sá Pinto:

Erros da arbitragem prejudicaram o seu trabalho?

“No primeiro jogo, contra o Corinthians, fizemos uma boa partida, um grande segundo tempo. Quando estávamos à espera do nosso gol da vitória, aconteceu o gol deles, no minuto 95 ou 96 (foi nos acréscimos). Em um cruzamento, a bola bateu no pé e traiu o nosso goleiro.”

O quanto a pandemia foi prejudicial ao Vasco durante o período em que você comandou o time?

“A Covid-19 deixou muitas marcas, e muitos jogadores jamais se recuperaram. Ainda tivemos de sofrer com a espera dos nossos melhores jogadores. Aqueles que tinham maior influência sobre o time não recuperaram a forma ideal.”

Você guarda algum carinho pelo Vasco?

“Recebi muito carinho quando saí. Os torcedores compreenderam perfeitamente que as condições de trabalho eram muito difíceis, sou muito grato a eles por isso. Claro que não tive unanimidade, o que é normal pela emoção, mas o que eu tinha dei à equipe. E, sinceramente, o Vasco está no meu coração. Mas era preciso dizer o que aconteceu: que isso não se faz, não foi justo. Não merecia passar por essa situação. Adorei o Vasco, sempre estarei disponível para ter uma história diferente.”

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