Por que o Flamengo está em má fase no Brasileirão?

A pressão sobre o técnico Rogério Ceni cresceu muito após a segunda derrota seguida do Flamengo no Campeonato Brasileiro. Depois de sofrer a virada de 2 a 1 para o Fluminense e perder por 2 a 0 para o Ceará, ambas no Maracanã, o time expôs fragilidades que não vinha apresentando há algum tempo.

O Jogada10 apontou fatores que podem estar pesando para a má fase do time que até pouco tempo era apontado como dos sonhos pela crítica e pelos torcedores.

Um deles, a falta de padrão tático. O treinador assumiu querendo promover a volta dos bons tempos do técnico português Jorge Jesus. Mas o que se vê em campo é uma equipe sem organização para construir jogadas de ataque em bloco, sem intensidade para pressionar o adversário, nem velocidade para os contra-ataques. Não há jogadas ensaiadas e as triangulações e as ultrapassagens desapareceram. Mudança tática durante as partidas nem pensar. E a demora em fazer a leitura de jogo e fazer as substituições têm sido evidentes. Contra o Ceará, precisando virar o resultado, o artilheiro Gabigol só entrou na metade da etapa final. No banco de reservas, o jogador parecia adivinhar porque no início da partida (e no decorrer do primeiro tempo) ele estava sem chuteiras e vestindo a camisa de aquecimento.

Se o time não ataca coordenadamente, na defesa a descompactação é ainda maior. Isso ficou claro na derrota para o time cearense: a equipe não tinha ajuda dos atacantes para marcar a saída de bola do adversário, atrasando os contra-ataques. E pior: a recomposição era lenta. No primeiro gol do Ceará, por exemplo, o meia Lima teve toda a liberdade para lançar o atacante Léo Chú, que, por sua vez, estava livre para cruzar rasteiro para o meio-campo Vina chutar na corrida, sem marcação, e abrir o placar.

A zaga, aliás, tem sido um problema não resolvido desde a era Domènec Torrent. O time tomou gols em quase todos os jogos. Em 12 partidas, o Flamengo só não foi vazado na vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo e no empate de 0 a 0 com o Fortaleza. Rogério Ceni já usou quatro duplas de zagueiros e ainda não se decidiu quem vai ser titular ao lado de Rodrigo Caio. O jovem Natan, até agora, foi o mais escolhido (quatro vezes). Mas ele foi barrado contra o Ceará para dar lugar a Gustavo Henrique, que mais uma vez não agradou e acabou saindo no intervalo.

Há também a má fase técnica de jogadores importantes. Ninguém duvida da qualidade técnica do meio Everton Ribeiro, nem da sua entrega em campo. Mas o jogador não vem conseguindo armar o time pelo lado direito, errando passes que costuma acertar. Outro que caiu de produção foi o lateral-esquerdo Filipe Luís. Se no Flamengo, ele mostrou uma qualidade impressionante de apoiar o ataque pouco vista antes, agora nem no setor defensivo, que é o seu forte, tem se destacado falhando como no gol do meia Yago, na virada do Fluminense por 2 a 1. O atacante Bruno Henrique não tem sido decisivo como em outras temporadas. O próprio jogador já admitiu isso e garante que tem lutado para recuperar a boa forma.

O problema pode ser físico. A falta de ritmo apontado por Domènec Torrent e pelo próprio Ceni poderia ainda ser um efeito do surto de Covid-19 que o elenco e a comissão técnica sofreram no ano passado, mesmo com os protocolos preparados pelo departamento médico rubro-negro. O zagueiro Rodrigo Caio, um dos infectados pelo novo coronavírus, chegou a declarar sofrer com os efeitos da doença. O fato é que ainda não se sabe os efeitos deste mal em atletas de alto rendimento e o vírus pode ter relação com os problemas musculares em jogadores mundo afora.

A nove rodadas do fim do Brasileirão, o Flamengo está em quarto lugar, com 49 pontos, a sete do líder São Paulo. O próximo compromisso do Rubro-Negro será contra o Goiás, na próxima segunda-feira, em Goiânia. Uma boa oportunidade para o time arrancar rumo ao título da competição. Afinal, o adversário está na zona de rebaixamento com 26 pontos. Melhorou nas últimas rodadas, é verdade. Mas, em condições normais, ninguém duvidaria da vitória do time carioca. No entanto, será que a equipe dos astros Gabigol e Bruno Henrique vai conseguir dar a resposta à altura do que o torcedor espera e pode? Veremos, na segunda-feira (18), a partir das 20h.

Números

7 dias terá para o técnico Rogério Ceni para preparar o time contra o Goiás;

5 partidas seguidas o Flamengo jogará fora de casa;

17 gols fez o ataque rubro-negro com Rogério Ceni;

17 gols levou a defesa rubro-negra com Rogério Ceni.