Lucas Pedrosa

Por simplesmente ser Vasco da Gama

A coluna desta semana não é minha. É do Marcelo Resende, jornalista, 28 anos, vascaino e gay. Neste domingo (27), o meu espaço é para um amigo que ama o futebol e o Vasco da Gama. É para deixar claro que o posicionamento do Gigante da Colina neste dia 28 de junho, marcado como o Internacional do Orgulho LGBTQIA+, representa muito mais do que cores em uma camisa. E não há momento oportuno para fincar a bandeira do lado certo. É agora.

Marcelo Resende – Divulgação

Lucas Pedrosa: Como foi ver e sentir o posicionamento do Vasco?

Marcelo Resende: “Daí a importância do atual movimento do Club de Regatas Vasco da Gama, em um período crucial da sociedade brasileira, que ruma ao abismo em meio ao obscurantismo político, científico etc.

Se sabemos que A Resposta Histórica é um dos capítulos mais lindos da história do futebol brasileiro e da construção social do Brasil, o Vasco fincar a bandeira contra a homofobia e transfobia, hoje, representa tudo de melhor que existe no povo brasileiro. O Vasco é o povo, o povo é o Vasco. Ambos em transformações conjuntas desde que o Vasco surgiu.

Apesar de ser urgente uma melhora em campo e na gestão para voltarmos à elite nacional, como vascaíno, não há como não estar inteiramente orgulhoso desse passo dado pelo clube visando à inclusão de um grupo até então excluído das arquibancadas e dos campos.

Como há 100 anos pela luta antirracista, o Vasco novamente se torna vetor e pioneiro em busca da inclusão, do respeito, da dignidade e do amor. Por simplesmente ser Vasco da Gama”.

LP: Há quem diga que o Vasco não foi atingindo ‘diretamente’ pela causa LGBTQIA+ e, por isso, não deveria se posicionar desta forma. Mas se o Vasco é sua torcida, como se sente frequentando estádios no futebol brasileiro?

Resende: “O futebol mundial é um espaço estritamente masculino e, consequentemente, machista. Apesar dos esforços de torná-lo um espaço para todos e todas. No Brasil, as arquibancadas não são diferentes. Visto que torcedores LGBTQIA+ não são representados e, inversamente, são colocados à margem na torcida pelo próprio time do coração, pelas músicas homofóbicas entoadas em dia de jogos.

Senti-me muito mal especificamente contra o São Paulo (pelo Brasileiro de 2019), em São Januário, quando a torcida direcionou cantos homofóbicos contra os tricolores. Ou seja, aqui também ia contra mim, pois não se tratava de torcida, mas de vivência e comportamento. Logicamente, não endossei o coro e me senti mais aliviado quando o árbitro Anderson Daronco interrompeu o jogo, de forma inédita, por causa da homofobia explícita. Felizmente, a decisão do árbitro completou aquela noite histórica de Talles Magno e vitória vascaína por 2 a 0.

Não cabe mais. Se no século passado, os irmãos pretos e operários eram excluídos de estar no futebol, isso ainda acontece hoje com pessoas LGBTQIA+.”

Respeito e liberdade não é uma pauta de esquerda ou direita. É humanitária. O Vasco da Gama, para quem conhece, tem sua história falando por si só.

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Flávio Almeida

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Tags: colunas

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