Quando a gente pensa que já viu de tudo no futebol, eis que surge uma invasão de campo pelo presidente de um clube para evitar que um jogador do seu time bata o pênalti. Foi o que ocorreu, no sábado (20), na Bulgária.
Para perplexidade de todos, durante a partida do Tsarko Selo contra o Lokomotiv Sofia, pelo hexagonal do rebaixamento, o dono do Tsarko, Stoyne Manolov, impediu que o atacante gambiano Yusupha Yaffa cobrasse a penalidade, já nos acréscimos e com o jogo 1 a 1. E não sossegou enquanto ele não foi substituído.
Só que, para sua decepção e de toda a torcida, o batedor escolhido – Martin Kavdanski – cobrou fraco nas mãos do goleiro rival.
E mais: no fim da partida, Manolov disse que a agremiação encerrará as atividades.
Com a cabeça mais fria, o presidente concedeu entrevista à imprensa búlgara e comentou a decisão de fechar o clube e a inusitada invasão para impedir que Jaffa cobrasse a penalidade.
“Investir dinheiro no futebol búlgaro é a maneira mais fácil de perdê-lo. Não há base para o desenvolvimento. Nervos e recursos são desperdiçados. No entanto, devemos admitir que tivemos bons momentos na elite. Quero agradecer a todos os jogadores, treinadores e colaboradores. É claro que o futebol não é apenas dinheiro, mas também emoção. Tentamos de tudo para sobreviver nos últimos meses, mas infelizmente não deu certo”, disse.
Em tempo: o Tsarko Selo foi fundado em 2014, chegou à elite na temporada 2019/20 e sua melhor colocação foi o oitavo lugar em 2020/21, que valeu uma posição para o playoff búlgaro para a atual Conference League, que teve a Roma como campeã nesta quarta-feira. O time contou nesta temporada com um brasileiro no elenco: o lateral Lucas Willian (ex-Tigres-RJ e Rio Branco-SP).
A briga
Sobre o desentendimento com Yaffa, que correu o mundo, Manolov justificou que, como a sua decisão de encerrar as atividades do clube estava tomada desde a confirmação do rebaixamento na rodada passada, ele queria que um jogador relevante cobrasse a penalidade. E o jogador nascido na Gâmbia estava descumprindo uma ordem do treinador e dele, e um pedido do grupo.
“Sinto muito pelo que aconteceu. Não precisava chegar tão longe. Porém, quando um jogador não obedece ao treinador, seus outros companheiros e absolutamente ninguém, isso é insuportável. Não era ele quem deveria cobrar o pênalti. Mas Yaffa não levou em consideração a palavra do treinador e o pedido dos jogadores. Eu entrei em campo porque estava ciente de que aquele poderia ser o último pênalti da história de nosso clube e não queria deixar que uma pessoa que não mostra respeito por ninguém pusesse cobrá-lo. Queria me despedir com uma vitória e Kavdanski, que cobrou a penalidade, merecia fazer a cobrança. Perdeu? Acontece”.
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