A grave crise financeira do Vasco chama atenção não é de hoje. Após passar pelo seu quarto rebaixamento para a Série B, o clube amarga uma dívida de mais de R$ 800 milhões e luta para superar seus problemas dentro e fora de campo. Em entrevista ao quadro “Dividida” do Uol Esporte, do jornalista Mauro Cezar Pereira, o presidente do Vasco Jorge Salgado admitiu que precisou colocar dinheiro do próprio bolso para quitar salários atrasados e outros encargos, destacando a enorme dificuldade de conseguir empréstimos bancários sem altas taxas de juros.

Salgado admite que emprestou dinheiro ao Cruz-Maltino para quitar pagamentos mais urgentes – Divulgação

“Num primeiro momento, devemos reduzir a dívida do ponto de vista fiscal. Temos um estudo em que conseguimos reduzir em 50% ou 60%. Aí teríamos um ganho tributário de R$ 150 milhões. Aí ela viria para R$ 700 milhões. A dívida trabalhista estamos trabalhando para tentar acordos. Mas para fazer acordos trabalhistas, você precisa ter dinheiro em caixa para oferecer de 40% a 60% para o credor. Estamos buscando o dinheiro, não está fácil. Tem dinheiro na mesa. Mas é um dinheiro a um custo muito elevado. Por se tratar de Vasco, todos querem emprestar dinheiro como se fosse agiota. Quer me cobrar juros de 11 a 15% ao ano. Eu não vou tomar esse dinheiro em hipótese alguma”, disse o mandatário para, logo em seguida, completar:

“Se conseguirmos êxito na redução das dívidas trabalhista e fiscal, a gente traz a dívida para os R$ 500 milhões. Se consegue aumentar nossa receita, a gente pode trazer essa dívida para uns R$ 400 milhões no final do mandato. Existem algumas possibilidades em andamento que talvez a gente consiga atingir esse objetivo contando com um pouco de sorte. Tem que trabalhar muito”.

Na tentativa de não recorrer a empréstimos a juros elevados, Jorge Salgado, que já era credor do clube antes mesmo de assumir a cadeira presidencial, tirou dinheiro do bolso para pagar os compromissos mais urgentes.

“De fato aconteceu. Não tenho como esconder isso. Inclusive isso foi mostrado em uma reunião de Conselho Deliberativo, fui aconselhado pela minha área de finanças, para que esses valores que coloquei fossem de domínio do Conselho. Havia muita conversa. Como falo em transparência, também tenho o dever de ter transparência. Para mim é desconfortável falar sobre isso. Mas coloquei recursos sim. Foi uma forma de regularizar uma série de débitos, salários, dívidas com fornecedores, para dar uma arrumada”.

Ele destacou, ainda, que seu mandato tem por objetivo arrumar a casa e que almeja entregar o clube no final de 2023 com uma estrutura sólida para que nas próximas temporadas o Cruz-Maltino volte a viver seus tempos áureos como os do final dos anos 90 e começo dos anos 2000.

“Estou pegando o Vasco em uma situação parecida com o nosso maior rival. Você acompanhou a ascensão do rival, viu como é que ela se deu, os primeiros anos foram muito difíceis, quase caiu para a segunda divisão, e a gente está em uma situação semelhante ao que era o que se passou naquele clube. Então a nossa direção, se a gente tiver seis, nove, os mandatos são de três anos, o primeiro mandato, o meu mandato vai ser um mandato de arrumação e de mostrar o caminho”, explicou.

Por fim, ao analisar do elenco cruz-maltino, Jorge Salgado o classificou como um dos mais qualificados da Série B apesar da oscilação nas oito primeiras rodadas e disse confiar no retorno à Série A no ano que vem.

“Olhando para o elenco do Vasco, eu acho o elenco, sem falsa modéstia, o melhor. Se não for o melhor, está entre os três melhores da Série B. Mas é um campeonato difícil, muito disputado, muitas viagens, altos e baixos, vamos oscilar, mas temos elenco para voltar à primeira divisão. Futebol também tem que ter um pouco de sorte. A bola tem que entrar na hora certa. Mas formamos um bom elenco. Temos mais ou menos 35 jogadores, promovemos muitos da base, mesclamos. O Cabo sabe trabalhar bem isso, e o Pássaro é um profissional excepcional. Estamos na direção certa, e acho que vamos conseguir nos classificar”.

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