Em uma live no sábado (22), Neymar prometeu comemorar seu primeiro gol na Copa do Mundo fazendo o símbolo 22, em alusão ao número de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição para a presidência da República. Contudo, o gesto é não é permitido pelas normas da Fifa para o torneio, visto que está vetada qualquer manifestação política, exceto em defesa de direitos humanos.

Live de Neymar com a participação de Jair Bolsonaro, no último sábado – Reprodução

O craque brasileiro, em apoio à campanha do candidato do PL, afirmou que seria maravilhoso se ele fosse reeleito e o Brasil hexacampeão no Qatar. Já na reta final de sua participação, Bolsonaro brincou com Neymar. Ele pediu para que o jogador fizesse um “Ihuuu” no Mundial, uma expressão utilizada pelo presidente.

O artigo 33 do regulamento da Copa do Mundo, em seu parágrafo 3º, discorre que “É proibida a exibição de mensagem política, religiosa ou pessoa ou slogans de qualquer natureza ou linguagem ou forma por jogadores e oficiais (árbitros e técnicos). A regra do futebol, no artigo 4º, também proíbe mensagens políticas religiosas ou pessoais.

“Entendo que caso um jogador realize em uma partida qualquer tipo de gesto que possa se associar a um governo ou partido político, ele estará sujeito a sofrer um processo disciplinar por parte da Fifa pela desobediência ao regulamento do Mundial que não permite este tipo de atitude”, afirmou Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito esportivo, ao Blog de Rodrigo Mattos, do ‘Uol’.

Neymar pode responder a processo disciplinar se cumprir promessa

Para o advogado Leonardo Andreotti, membro da Academia Nacional de Direito Desportivo, os regulamentos da Fifa, incluindo o estatuto, versam sobre neutralidade política. O mesmo se estende a filiadas, como é o caso da CBF.

“A Fifa adota como regra geral, em seu Estatuto Social e nos respectivos regulamentos, a neutralidade em termos políticos e religiosos. Desse modo, espera das Associações Nacionais filiadas o mesmo comportamento em termos regulatórios, proibindo expressamente a promoção de ações desta natureza dentro ou nos arredores do estádio. Assim, seja antes, durante ou mesmo após a partida, podendo ser mitigadas apenas aquelas situações em que os temas se relacionem com os Direitos Humanos. Estes cada vez mais adaptáveis e aplicáveis ao cenário da indústria do futebol”, explicou Andreotti, ao mesmo blog.

Cabe ressaltar que no tocante à defesa de Direitos Humanos a exceção cabe a manifestações contra a homofobia. Portanto, não é caso de incentivo ou rejeição a um político. Assim, uma manifestação contrária a Bolsonaro ou em apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também não seria permitido.

Em caso de Neymar cumprir a promessa e demonstrar apoio a Bolsonaro durante um jogo, o craque da Seleção poderá responder a processo disciplinar.

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