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“Preciso trabalhar um pouco, tempo de trabalho. Tenho uma avaliação bem fidedigna do que precisamos e vou fazer as colocações. Preciso dessas soluções. Se não for viável, quando eu sinto que não posso, sou primeiro a falar. Trabalhei 30 anos para estar aqui e preciso de algumas coisas e situações. Isso que vou colocar para o Pássaro e o presidente. Espero que eles entendam. Se acharem que não, vamos pensar no que é melhor para o Vasco. Temos que pensar no Vasco. E é isso que vou fazer a partir de amanhã, me doar ainda mais. Não posso reclamar dos jogadores, da entrega, mas não estamos conseguindo praticar. A fase não é boa, a bola não está entrando. Tivemos bola na trave, defesa milagrosa, tantas situações. Mas isso não adianta, estatística não resolve”.

Acima você leu as palavras de Lisca após mais uma derrota do Vasco na Série B. Desta vez, no aniversário de 123 anos do clube, repetindo o placar da 1ª rodada contra o Operário. De lá para cá, a realidade é que pouca coisa mudou. Poderíamos avaliar taticamente, tecnicamente e na questão da postura que iríamos concluir a mesma coisa: o Gigante da Colina é um time sem alma.

Alma que Lisca chegou para tentar dar ao time e, pelo visto, enfrentou restrições e dificuldades para isso. Não só com o grupo que tem em mãos, mas também no contato com a diretoria. Firme, deixou claro que vai fazer mudanças e participar de uma extrema e necessária reformulação do elenco e da comissão. Entre momentos como a vazia e pouco convincente coletiva da diretoria administrativa na última sexta-feira, as palavras do técnico são duras e realistas. Mostra, ao menos, um incômodo claro com o pior momento da história esportiva do Club de Regatas Vasco da Gama.

“Temos de ter senso que está uma m…, uma bosta. Se não mudar, vamos continuar na Série B. A pressão é enorme. O Vasco é gigante. Temos de reverter. O lugar do Vasco é na Série A”, foi o que disse o volante Andrey, vestindo a camisa do clube desde os cinco anos de idade. Sincero e chocante, mais uma vez nada parecido com as fracas declarações de uma diretoria administrativa que pouco entregou ao clube em mais de oito meses. Pelo contrário.

O ponto é: o Vasco não se pode dar ao luxo de ficar na Série B. Seria o carimbo do fim. E quando digo “fim”, não é porque vai acabar de fato, mas sim porque dificilmente voltaríamos a ver o Vasco campeão de outras épocas. Viraria um ‘time gangorra’. Tradição nenhuma paga mais de 800 milhões de reais em dívidas. Para ser bem sincero, a única coisa que a falha diretoria do clube até o momento pode fazer é dar respaldo a quem parece ser o único capaz de conduzir essa equipe à primeira divisão novamente. Lisca fez uma campanha de campeão com o América-MG em 2020. 73 pontos. Conhece a competição. Um profissional, para desempenhar 100% seu trabalho, precisa das ferramentas necessárias.

Deem a ele o que é preciso. O que ele pede. Inventar ou inviabilizar isso é decretar a permanência na Série B. Mesmo que ele peça demissão e venha um novo treinador, o tempo é curto e a matemática é cruel. Respaldo ou nada.

Ou nada.

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