Ao ler as escalações você já pode começar a elaborar a crônica sobre o jogo. O Fluminense brigará com as limitações de sempre, mas sairá vitorioso – ganhou por 3 a 1 – e continuará buscando o objetivo, que é uma vaga na Libertadores de 2022, diante do fim de feira que é o Flamengo atual.
Entregar a possibilidade de três Brasileiros consecutivos no começo do segundo turno talvez seja algo inédito nos últimos tempos. No entanto, não há muito mais o que escrever sobre o Flamengo. A própria diretoria já sinalizou que não pretende substituir Renato Gaúcho. Logo, fica evidente que será o principal cúmplice do treinador nos fracassos que provavelmente ocorrerão na Copa do Brasil e na Libertadores. Seria necessário um apelo popular de grande porte para alertar sobre a tragédia que está próxima, mas a maioria esmagadora dos torcedores ainda acredita que esse é o time de 2019, e a gritaria para demitir o gênio só ocorrerá no fim de novembro, quando os títulos que restam estarão nas mãos dos adversários.
Na prática, os cartolas acreditam que nem as derrotas evitarão que sejam reeleitos. Mas é fato que passarão à história, ao lado de Renato Gaúcho, como os responsáveis pelo fim precoce de um dos três grandes esquadrões que o Flamengo montou em 110 anos de futebol, e que farão eterna companhia ao que foi tri em 1955 e ao campeão mundial de 1981. Quanto ao Fluminense, acabará obtendo o objetivo principal, pois o leque de vagas na maldição da Libertadores será generoso.
O roteiro da partida, na realidade, não teve nada de original. O Fluminense manteve algum respeito no começo, mas logo passou a explorar as deficiências comuns do adversário, e abriu o placar aos 16 minutos, com John Kennedy. Daí em diante, bastou aguardar para saber o tamanho do placar da vitória tricolor. Na realidade, o time das Laranjeiras só não deixou o primeiro tempo com um resultado maior porque ficou excessivamente empolgado, e desperdiçou meia dúzia de contra-ataques.
Começa o segundo tempo, e a esperança rubro-negra vai definitivamente para o espaço: Vitinho está em campo. Porém, na prática, não se sabe por que o Fluminense voltou tão recuado, pois bastava manter a regularidade, e conter a euforia, para ampliar e decidir. Mas é fato que a mediocridade do Flamengo é tão evidente que o time das Laranjeiras fez 2 a 0, com outro gol de John Kennedy, e pôs fim ao que já estava anunciado desde a leitura das escalações. Aos 25, Renê, sem medo de dividir, fez 2 a 1. Mas Abel Hernandez meteu 3 a 1 aos 80.
Se John Kennedy é o novo carrasco do Flamengo, o Andreas Pereira lembra muito o Zé Eduardo, lento, disperso e eventualmente atrapalhado com as próprias pernas. Só quem tem mais de 60 anos de idade lembrará. E o Kenedy – esse é o Bob, nada a ver com Dallas – tem o jeitão do Édson Trombada. Mas a torcida do Flamengo, que apóia esses troços, e não questiona Renato Gaúcho, vaia Renê, que ganhou todos os títulos no clube desde 2017, e Vitor Gabriel, que começa a brigar por um lugar ao sol.
Para finalizar, e como dito, nada de original. O Fluminense vem driblando as limitações, e ocupa lugar óbvio na tabela, e o Flamengo, de investimento vultuoso, com craques de primeira linha, com um punhado formidável de títulos recentes, faz questão de entregar o que pode. Mas o pior está por vir. O aviso foi dado por alguém que acompanha isso faz meio século. Só não vê quem não conhece ou é fanático.
*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10.
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